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Revista / ENTREVISTA

Joanna completa 45 anos de carreira guiada pelo amor: 'Sentimento revolucionário'

Em entrevista à Revista CARAS, a cantora Joanna recorda momentos da carreira e aproveita para falar sobre fé, sexualidade e novos projetos

por Tamara Gaspar
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Publicado em 20/07/2024, às 11h00

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A cantora Joanna - Foto: Selmy Yassuda
A cantora Joanna - Foto: Selmy Yassuda

Cantar o amor em todas as suas formas tem sido a maior missão de Joanna (67). Guiada por esse sentimento, a cantora não só consolidou seu nome na cena musical, mas também superou obstáculos dentro e fora dos palcos. "Esse sentimento, para mim, é revolucionário!", afirma ela, celebrando
45 anos de carreira.

"Foram anos de muitas batalhas, mas também de muitas vitórias. Sempre tentei me reinventar a cada trabalho consumado, porque minha natureza inquieta é o que me move", analisa a artista, que abriu as portas de sua cobertura, no Rio de Janeiro, com exclusividade para CARAS.

Leia também: Joanna conta que viúva de Gal Costa afastou a cantora dos amigos: 'Blindada'

Com coração sincero e alma transparente, ela refletiu sobre sua trajetória artística, vida pessoal, fé e sexualidade —ela é casada com a cantora católica Karen Keldani (45). Tudo isso, é claro, balizado por sua maior referência de vida: o amor.


São 45 anos de carreira! Que balanço faz dessa jornada?
Eu concretizei muitos sonhos enquanto artista, como gravar ao lado dos maiores talentos da música brasileira; fiz trajetos grandiosos fora do País e acredito que a palavra cantada pode mover mundos, pode modificar mentes. Somos formadores de opinião e isso me faz ter cada vez mais responsabilidade sobre o que digo e canto. E, para além de todos esses anos, ainda tenho muito fôlego para continuar em frente.

Você mudou nesse tempo?
Eu sou mutante, mas sempre tive um olhar muito objetivo, que é oferecer o melhor que tenho de mim e do meu canto para as pessoas. A mudança é necessária e, como boa aquariana, tenho o temperamento em ebulição, sempre jogando minha flecha longe, pois meu ascendente é Sagitário! A minha meta é sempre seguir em frente e incluir no meu trabalho novas pessoas, tendências, compositores. A criação está à frente de tudo.

Essa constante busca foi o que te motivou a deixar a faculdade de Administração e seguir no caminho da música?
O estudo é necessário, mas a gente nasce com alguns dons e eu era apaixonada por música desde pequena. A música sempre esteve presente na minha casa, por meio dos meus pais, tios, irmãos. Chega um momento em que isso explode, fica maior que você. De lá para cá, a música virou uma necessidade, é o que eu mais gosto de fazer na vida.

Quando iniciou sua carreira, o mercado era predominantemente masculino. Enfrentou preconceitos ou dificuldades?
Eu fui uma pessoa bem recebida em todos os lugares e, no meu caso, eu não tive esse tipo de animosidade, essas coisas não atravessaram meu caminho. Mas existia a dificuldade de conseguir os contatos certos e de se impor no mercado, que era muito voltado para a voz masculina. Em 1979, começaram a surgir diferentes cantoras, de diversos estilos, e tivemos mais oportunidades de mostrar o nosso trabalho. Furei esse bloqueio após muita batalha e muitos 'nãos'. Foi preciso ter muita resiliência nesse processo.

Você sempre cantou o amor. Qual o papel dele na sua vida?
O amor é uma celebração, é olhar para a vida com o meu coração, é olhar o que se passa ao meu redor e dar vida a essas observações no sentido poético. Compor é uma ato de amor extremo pela palavra.

Por falar em amor, suas relações são marcadas pela discrição. No entanto, você nunca escondeu sua homossexualidade, mesmo quando pouco se falava sobre identidade de gênero...
Eu sou muito corajosa, até porque, saí de casa muito cedo, acreditando que eu iria vencer. Embora tivesse dificuldades, elas sempre foram motivacionais para eu seguir em frente. Sempre me joguei muito na vida particular e como artista, mas sou reservada e nunca tive nenhum tipo de dificuldade para assumir aquela que sou perante a vida, os amigos, a minha sexualidade. Sou uma pessoa muito transparente e essa coragem veio dos meus pais, que me deram apoio moral e diziam que para eu conseguir meus sonhos eu precisava persegui-los.

Em recente entrevista, você disse que demorou para encontrar a pessoa certa. O que é essencial para a relação dar certo?
O companheirismo. São muitos os predicados que a gente pode usar, mas acredito que existem almas parecidas, que se encontram. A forma mais completa de um relacionamento é o companheirismo diário, é abraçar todos os momentos legais e de dificuldades, estar junto para o que der e vier. É ter companheirismo em todos os sentidos, em todas as adversidades e felicidades, sempre respeitando o espaço do outro. Amor é troca.

Você é católica e, assim como o amor, a fé também permeia sua trajetória na música e na vida...
Minha fé foi construída por meio do amor e da sinceridade que meus pais sempre tiveram dentro de casa, das rezas e da religiosidade deles. Minha prece é meu mantra e meu terço está sempre comigo, além de me acalmar, me traz possibilidades de abrir minha cabeça. As pessoas costumam perguntar o que é fé. Fé é você acreditar naquilo que você não vê. Eu não vejo Deus, mas tenho uma relação profunda com Ele.

Você disse ter concretizado muitos sonhos nesses 45 anos. Quais outros sonhos almeja?
Meu sonho é que minha música, minha voz, meu canto e minha força sejam um bálsamo na vida das pessoas. É bom sermos homenageados em vida, mas quando você deixa um trabalho ele também pode ser perpetuado pelo tempo. Que meu trabalho seja um manto consolador e que possa modificar a vida das pessoas para o bem. Que seja um companheiro eterno para as pessoas.

E como estão as celebrações pelos 45 anos de carreira?
Vamos fazer um espetáculo autobiográfico, que será escrito de forma muito delicada, mas ainda está embrionário. Além disso, temos o projeto MPB na Praça, que irá para cidades próximas do Rio e com participação de artistas locais, para dar oportunidades aos novos talentos. E, para o ano que vem, ainda temos a ideia de um documentário. Projetos não faltam!

Foto: Selmy Yassuda
Foto: Selmy Yassuda
Foto: Selmy Yassuda
Foto: Selmy Yassuda
Foto: Selmy Yassuda
Foto: Selmy Yassuda
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Foto: Selmy Yassuda
Foto: Selmy Yassuda
Foto: Selmy Yassuda

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