Alcunha: do Árabe al-kúnya, sobrenome. O dentista e principal líder da Inconfidência Mineira Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792) é mais conhecido por sua alcunha, Tiradentes. Às vezes, a alcunha se confunde com o apelido. A semelhança entre tônico e Tonico, apelido de Antônio Carlos Gomes (1836-1896), ensejou uma brincadeira com uma propaganda de um tônico para os cabelos no Brasil do século XIX. Como o compositor brasileiro e maestro usasse cabelos compridos, que eram moda na época, jovens alteraram o cartaz, mudando a propaganda: de “tônico para os cabelos” para “Tonico, apara os cabelos”.
Distante: do Latim distante, declinação de distans, do mesmo étimo de distare, pela construção dis e stare, não estar. A distância machuca as pessoas amadas e em nosso cancioneiro são célebres os versos de Quem Sabe, compostos pelo advogado, espírita e político brasileiro Francisco Leite de Bittencourt Sampaio (1834-1895) e musicados por Carlos Gomes, quando, morando no Rio, sentia saudade da namorada que deixara em Campinas (SP), sua terra natal: “Tão longe de mim distante?/ Onde irá, onde irá teu pensamento/ Tão longe de mim distante?/ Onde irá, onde irá teu pensamento/ Quisera, saber agora/ Quisera, saber agora/ Se esqueceste, se esqueceste, se esqueceste o juramento. Quem sabe se és constante/ Se ainda é meu teu pensamento/ Minh’alma toda devora/ Dá a saudade, dá a saudade agro tormento./ Tão longe de mim distante?/ Onde irá, onde irá teu pensamento/ Quisera, saber agora/ Quisera, saber agora/ Se esqueceste, se esqueceste, se esqueceste o juramento”.
Múmia: do Latim mumia, cera, palavra vinda do Persa mum pelo Árabe mumya, que designa no Português o cadáver embalsamado. A múmia mais célebre do antigo Egito é a do faraó Tutancâmon (1354-1346 a.C.). Por muito tempo se acreditou que ele tinha sido morto por um de seus conselheiros, que se casou com a viúva, mas em 2010 pesquisadores egípcios, alemães e italianos descobriram que sofria da doença de (Alban) Kohler (1874-1947), radiologista alemão que descobriu uma desordem rara nos ossos do pé da criança, que impede a irrigação sanguínea. O faraó sofria desta doença e pegou malária. Quer dizer, o conselheiro era inocente, o assassino tinha sido um mosquito.
Noite: do Latim nocte, declinação de nox, tempo entre 18h00 e 6h00. Aparece no título da primeira ópera de Carlos Gomes, A Noite do Castelo. Nascido a 11 de Julho de 1836, mas já estudando na Itália, ao ouvir, aos 20 anos, que um menino apregoava a venda do romance do escritor brasileiro José de Alencar (1829-1877) O Guarani, gritando pelas ruas “Il Guarany, Il Guarany, storia interessante del selvaggi del Brasile” (“O Guarani, O Guarani, história interessante dos selvagens do Brasil”), comprou o folheto e compôs a mais famosa de suas óperas. A estreia em Milão levou o compositor italiano Giuseppe Verdi (1813-1901) a dizer: “Questo giovane comincia dove finisco io” (“Este jovem começa onde eu termino)”.
Piolho: do Latim pediculus, peduculus no Latim vulgar, designando inseto malófago, isto é, que come cabelos. Mallós, em Grego, é mecha de cabelo, e phagos o étimo de comer, presente em antropófago, aquele que come carne humana, pois o Grego ánthropos designa homem, como em antropologia, estudo do homem. Os piolhos atacaram personalidades como Cleópatra VII (69-30 a.C.), a mais famosa das rainhas egípcias com este nome, a quem fizeram perder os cabelos, antes que ela perdesse a cabeça por seus amantes.
Tônico: do Grego tonikós, que aumenta a energia, revigora. É do mesmo étimo de tónos, tensão, força. A própria palavra serve de exemplo, pois a primeira sílaba é tônica, isto é, forte. E o nome de um dos mais famosos almanaques brasileiros, o Biotônico Fontoura, resultou de junção de um xarope ainda hoje vendido nas farmácias, que vinha acompanhado da história de Jeca Tatu, personagem imortal do escritor brasileiro José Bento Renato Monteiro Lobato (1882-1948), para quem o personagem preguiçoso era o símbolo do caboclo brasileiro, pobre e atrasado porque o meio não era hostil.