Alótropo: dos compostos Gregos alo, outro, e tropo, lugar. Diz-se de coisas divergentes, que tomaram outros caminhos, de que são exemplos na Botânica o pólen e o néctar descobertos, ao alcance de qualquer inseto que resolva visitar uma flor, ou de um elemento físico ou químico, que, partindo de uma essência, chegou a outra, bem diversa. E ainda de vocábulos de formas e significados divergentes, mas de étimo comum, como mácula (mancha), mágoa (dor) e malha (tecido), cuja origem comum é o Latim macula.
Calçadão: de calçada, do Latim vulgar calciata, provavelmente feminino substantivado de calceatus, relativo a calçado, lugar onde se anda com os pés calçados, tal como os soldados romanos faziam na via strata (caminho pavimentado). Os calçadões são paisagens recentes em nossas cidades, constituindo-se em ruas proibidas aos automóveis, motos e outros veículos motorizados, por onde só se pode circular a pé. Praticamente todas as grandes e médias cidades têm calçadões. O mais longo deles é a Avenida Bayshore, em Tampa, na Flórida, Estados Unidos, que vai do Parque Columbus, na costa do litoral, até a Avenida Gandy, sem interrupção.
Elemento: do Latim elementum, parte constitutiva de algo, como o eram os quatro elementos que constituíam o universo, segundo os antigos gregos: água, ar, terra e fogo. Nós ouvimos e lemos mais sobre os elementos que se evadem da cena do crime, na linguagem policial. Mas os 10 elementos mais comuns no universo são outros: hidrogênio, hélio, oxigênio, carbono, néon, ferro, nitrogênio, silício, magnésio e enxofre. Provavelmente você está se servindo de vários deles, sem que atente para isso: ferro no carro; chip de silício no computador; néon em placas luminosas; carbono no lápis e, se tiver sorte, no dedo, pois o diamante é alótropo do carbono; nitrogênio na geladeira, para congelar alimentos; e enxofre na bateria do carro etc.
Lobisomem: do Latim lupus, lobo, e homine, declinação de homo, homem, que, castigado por algum malefício muito grande, é transformado em lobo nas sextas-feiras de Lua cheia, vagando pela noite até o amanhecer ou até encontrar alguém que o fira: o sangue derramado acaba com o feitiço. A maldição já existia na Antiga Grécia. É por isso que licantropo, um sinônimo de lobisomem, procede do Grego: de Likaón, nome de pessoa, e antropos, homem, em Grego. O poeta romano Virgílio (70-19 a.C.) nos informa nas Metamorfoses (I, 237) que Likaón foi transformado em lobo por Zeus, por ter servido ao maior deus a carne de Árcade.
Mausoléu: do Grego mausóleion, pelo Latim mausoleu, túmulo do rei Mausolo, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, mandado construir em Halicarnasso por sua esposa, a rainha Artemísia, que reinaram no século IV a.C., em Cária, na Ásia Menor. Mas o carteiro francês Joseph-Ferdinand Cheval (1836-1924) também fez o seu e o fez sozinho, entre 1879 e 19012, utilizando 3.500 sacos de argamassa de cal, pedras locais, seixos, conchas. Conhecido como Palais Idéal (Palácio Ideal), mede 26 metros de comprimento, 12 de altura e 11 de largura. Fica em Hauterives, na França. A primeira pedra que ele juntou foi aquela em que tropeçou. Depois disso, passou a catar muitas outras, levando-as para casa nos bolsos ou num carrinho de mão.
Peeira: do Latim pedaria, designando originalmente ulceração da pele, entre as unhas, no gado bovino, vindo depois a designar a fada ou guardadora da alcateia de lobos e depois a versão feminina do lobisomem. O escritor português Camilo Castelo Branco (1825-1890), em Mistérios de Lisboa, trata do assunto neste trecho: “Há cinco anos que cumpria fado, espécie de Loba-mulher, ou Lobishomem fêmea, se os há, como nós sinceramente acreditamos”. O dramaturgo e novelista brasileiro Alfredo Freitas Dias Gomes (1922-1999), na telenovela Roque Santeiro, tornou célebre o professor Astromar, que se transformava em lobisomem. Por caracterizar o bicho-pessoa no cinema, o doutor em Letras e maquiador Rick Baker (62), que já tinha trabalho como assistente em O Exorcista, venceu o Oscar de maquiagem por Um Lobisomem Americano em Londres, em 1981, e O Lobisomem, em 2010.