A lótus (Nelumbo nucifera), planta aquática nativa da Ásia Tropical e Austrália, é cultivada como alimento e também pelas qualidades curativas (acredita-se que alivie inflamações, entre outros males) e ornamentais. No Brasil, a produção ainda é pequena e muito associada aos imigrantes japoneses, que trouxeram as primeiras sementes. As flores de tons rosa e amarelo lembram as ninfeias e desabrocham de dezembro a janeiro, mas duram pouco. Em 48 horas as pétalas caem, restando o cálice seco, também usado em decoração. Além de belas, as flores são comestíveis, assim como as folhas mais novas, as sementes e o rizoma, vulgarmente chamado de raiz de lótus, ou renkon. As folhas maiores são usadas ainda para embalar alimentos, como se faz com as folhas da bananeira. A cultura da lótus dispensa defensivos e adubos químicos. A trabalhosa colheita de seus rizomas, que devem ser arrancados de dentro dos charcos, acontece entre março e novembro. Quando fatiados, eles revelam orifícios que formam delicado desenho. É nesses túneis que fica armazenado o ar necessário para manter a planta em suspensão na água. Quando crua, a raiz de lótus tem textura crocante, lembrando um pedaço de cana sem as fibras. O sabor é neutro, adocicado, levemente floral. Na culinária japonesa ela é preparada frita, refogada, em saladas, bolinhos e, aproveitando suas lacunas, também recheada. Aparece em receitas mais elaboradas ou muito simples, como o kimpira renkon: as fatias são fritas em óleo de gergelim e pimenta, junta-se um molho feito com partes iguais de shoyu, saquê mirim e saquê e depois também um pouco de dashi (tempero feito de peixe e alga). Ou ainda como o karashi-renkon, em que os furinhos são recheados com missô e mostarda e depois as fatias são empanadas e fritas.
Saúde
É bom para
Pessoas de todas as idades, pois é rica em vitaminas B2 e B6 e minerais como potássio e fósforo, além de ser pobre em gorduras; e consumir crua, porque é boa fonte de vitamina C.
É ruim para
Quem precisa de uma dieta com alto teor de proteína, pois é pobre nesse nutriente; e hipertensos — devem evitar consumir a conserva industrial, que pode conter alto teor de sódio.
Ficha técnica
100 g de raiz de lótus contêm:
Calorias - 56
Proteínas - 2,6 g
Carboid. - 17,3 g
Gordura - 0,1 g
Fibras - 0,802 g
Vit. B1 - 0,16 mg
Vit. B2 - 0,22 mg
Niacina - 0,4 mg
Vit. B6 - 0,258 mg
Vit. C - 44 mg
Cálcio - 45,1 mg
Cobre - 0,257 mg
Ferro - 1,16 mg
Magnésio - 23 mg
Fósforo - 100 mg
Potássio - 556 mg
Sódio - 40 mg
Zinco - 0,39 mg
Como se escolhe
É possível encontrar raiz de lótus fresca durante quase todo o ano em mercearias especializadas em produtos orientais, como as do bairro da Liberdade, em São Paulo. Os rizomas têm o formato e o tamanho de uma banana grande e devem estar bem firmes, com coloração creme uniforme. Rejeite se as pontas estiverem escuras e murchas. Se não encontrá-los frescos, compre-os em conserva — as fatias em vinagre de arroz temperado. Neste caso, observe as condições gerais da embalagem e as informações obrigatórias, como ingredientes, prazo de validade e os dados do produtor ou importador, caso o produto não seja nacional.
Como se prepara
Lave bem os rizomas e retire a película externa com um descascador de legumes ou uma faca pequena afiada. Coloque imediatamente dentro de uma bacia com água fria para que não oxidem e escureçam. Se quiser, junte algumas gotas de vinagre à água. Isso ajuda a manter a cor. Para fritar, seque bem os rizomas e corte-os em fatias finas, de preferência usando um fatiador de vegetais (mandolina). Frite como se fossem batatas, em bastante óleo quente. Retire enquanto ainda estão claras ou poderão ficar amargas. Para cozinhar, faça-o em água temperada com sal por poucos minutos, para que permaneçam crocantes.
Minha receita
Renkon no Nikuzumi (raiz de lótus com carne moída)
Ingredientes (para 4 porções): 2 raízes de lótus, 2 col. (sopa) de vinagre de vinho branco, 2 ovos, 150 g de carne moída, 1 maço de cebolinha, 1 xíc. de amido de milho, 1 col. (sopa) de shoyu, 1 col. (chá) de sal, 1 col. (chá) de pimenta-do-reino moída, 2 xíc. de farinha de trigo, 1 xíc. de farinha rosca, 2 e 1/2 xíc. de óleo.
Modo de preparo: Deixe a raiz de molho por 10 min em 2 litros de água e o vinagre. Escorra. Cozinhe em 2 litros de água por 15 min. Escorra, descasque e corte 32 rodelas. Reserve. À parte, bata 1 ovo. Junte carne, cebolinha, amido, shoyu, sal e pimenta e misture. Reserve. Noutra tigela, misture 1 ovo com metade da farinha de trigo e 1 xíc. de água. Reserve. Passe as rodelas pela farinha restante. Sobre 16 delas ponha um pouco do recheio. Cubra com as demais. Passe os “sanduíches” pela massa preparada e pela farinha de rosca. Frite no óleo quente. Escorra em toalha de papel. Sirva com arroz e salada de folhas e broto de feijão.
Receitas, produção e estilismo culinário: Maria Luiza de Brito Ctenas. Pesquisa de texto e informações nutricionais: Neide Rigo, nutricionista.