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Em apresentação especial, Maria Bethânia reencontra obra de Chico Buarque

A intérprete Maria Bethânia realizou um show especial com o repertório de Chico Buarque, um dos compositores que mais gravou em sua carreira, e foi reverenciada por artistas em São Paulo

Ana Carolina Addario Publicado em 23/11/2011, às 03h31 - Atualizado em 08/08/2019, às 15h43

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Maria Bethânia canta Chico Buarque - Fabio Miranda
Maria Bethânia canta Chico Buarque - Fabio Miranda

Na cabalística 22h22 desta terça-feira, 22, o público que lotava todas as mesas da casa de shows Via Funchal, localizada na zona sul de São Paulo, conferiu com entusiasmo o reencontro da grande diva da música brasileira Maria Bethânia (65) com a obra de um de seus maiores compositores: Chico Buarque (67). Com os ingressos esgotados semanas antes da data marcada para o show, a plateia que enchia o local parecia mais ansiosa por sua abertura que a própria artista. De pés descalços, como sempre, Bethânia entrou no palco com a maturidade de uma veterana mas sorriu alegre como a menina imigrante que, ainda muito jovem, estreou muitas das canções de Chico nos então pequenos palcos do início de sua carreira. 

Toda de preto e com cenário modesto, Bethânia deu início ao tour pelas diversas histórias de Chico com a canção Rosa dos Ventos, executada com a seriedade de uma estreia. Um pouco mais tímida que o usual, a cantora engatou a abertura com a sincrética Baioque, canção que mistura triângulo e guitarras, e (por nervosismo?) acabou errando a letra – motivo para receber ainda mais palmas e incentivos do público, que contou com a presença de artistas como Vanessa da Mata (35), Beatriz Segall (85), DJ Zé Pedro (42), e o CQC Rafael Cortez (35).

Na primeira fase da apresentação claramente dividida em dois atos, Bethânia interpretou tanto as clássicas canções da fase de protesto de Chico como Roda Viva, Cálice e Apesar de você; quanto a terna Maninha (eternizada pela parceria de Maria Bethânia e seu irmão, Caetano Veloso – 69); Gota D’água, composta para a peça de mesmo nome; e a emblemática Cala a boca, Bárbara.

Separada por uma versão instrumental da canção Beatriz, executada enquanto Bethânia se recompunha no backstage, a segunda etapa do show foi marcada por uma sucessão de grandes sucessos do compositor, e a partir dali o público se entregou de vez ao timbre determinado de Maria Bethânia. Terezinha, Cotidiano, João e Maria, Olhos nos olhos, Sem Fantasia (que foi apresentada em um vídeo da artista cantando em parceria com Chico) e muitas outras embalaram os espectadores, que aproveitaram as últimas canções para se aproximar do palco e para tietar a cantora de perto.

Por fim e para presentear o público com o entusiasmo do início da carreira de seu compositor, Bethânia apresentou no bis a marchinha A Banda, canção que lançou Chico Buarque no cenário musical ao vencer o Festival de Música Popular Brasileira em 1966, com apenas 22 anos. E a escolha foi uma homenagem não só ao Chico e ao público, segundo a explicação de Maria Bethânia. “Pensei muito sobre o que escolheria para tocar no bis, e então cheguei a esta canção, que é uma das mais famosas de Chico e que também é uma homenagem a sua primeira e grande intérprete, Nara Leão (42-89)”, revelou. A canção A Banda levantou a plateia e foi seguida por Chico Buarque da Mangueira, samba-enredo de homenagem ao artista composto pela escola de samba Mangueira em 1998, que encerrou o show.

Mesmo com a pouca interação com o público e uma apresentação um tanto sóbria, Maria Bethânia mostrou por que é uma das maiores intérpretes de Chico Buarque e esbanjou toda a sua intimidade com os milhares de personagens da obra de seu compositor. Emocionada e envolvida, ela provou mais uma vez porque consegue ser Bárbara, Beatriz, Rita, Geni e tantas outras e outros figuras das letras de Chico.  Maria Bethânia canta Chico Buarque é a representação mais clara de um encontro bem sucedido e a compreensão das nuances destes dois mundos.

Reverência e referência

A cantora e compositora Vanessa da Mata, que já viveu 8 vezes a experiência de ter canções suas interpretadas por Maria Bethânia, falou sobre a admiração que tem pela intérprete e qual é a sensação de ver suas letras cantadas por ela. “Ela foi a primeira intérprete a cantar uma música minha, e sou muito feliz por isso. Sempre fico um pouco extasiada quando percebo uma nova possibilidade que ela me mostra das minhas próprias canções, porque ela transforma, melhora e abrange aquilo tudo. Ela é o tipo de artista que sempre vai fazer crescer aquela coisa que você criou, ela é a nobreza da música brasileira”, contou Vanessa momentos antes de entrar no show.

O CQC Rafael Cortez, que é um grande admirador do trabalho de Maria Bethânia, também marcou presença no show e contou sobre como saiu de uma saia justa em sua primeira entrevista com a artista. “Eu fiquei tão nervoso quando fui entrevistá-la que na hora de fazer uma brincadeira eu acabei trocando as coisas e a piada acabou saindo com outro sentido. Ela ouviu, olhou pra mim e disse ‘me respeite’, e saiu andando. Eu fiquei com a cara no chão, lógico. Então toda vez que posso eu reitero: Bethânia, mil desculpas, eu te adoro!”, revelou o CQC.

O show Maria Bethânia canta Chico Buarque integra a série de apresentações do projeto COVERS, realizado pelo Circuito Cultural Banco do Brasil, que conta ainda com a interpretação de Sandy (28) à obra de Michael Jackson (1958-2009), e as versões de Lulu Santos (58) para o vasto repertório da dupla Roberto Carlos (70) e Erasmo Carlos (70).

Repertório

Rosa dos Ventos / Baioque / Maninha / Roda Viva / Cala a boca, Bárbara / Tira as mãos de mim / Cálice / Brejo da Cruz / Gente Humilde / Apesar de Você / Gota D'água / Sonho impossível / Minha história / Beatriz (instrumental) / Terezinha / Cotidiano / Sem açúcar / Valsinha / João e Maria / Quem te viu, quem te vê / Noite dos mascarados / A Rita / Olhos nos olhos / Samba e amor (trecho declamado) / Tatuagem / Vida / Olê, Olá / Sem Fantasia / Todo o sentimento / Não existe pecado ao sul do Equador / A Banda / Chico Buarque de Mangueira