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Música / Novidade

Chitãozinho e Xororó se reinventam e resgatam os nomes de batismo em novo álbum

José e Durval? Isso mesmo! A dupla Chitãozinho e Xororó inova em novo álbum com arranjos de rock, country e folk em novas músicas

por Priscilla Comoti
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Publicado em 13/09/2024, às 07h40 - Atualizado às 11h54

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Chitãozinho e Xororó - Foto: Andy Santana / Brazil News
Chitãozinho e Xororó - Foto: Andy Santana / Brazil News

Chitãozinho e Xororó têm 54 anos de carreira e formam uma das duplas sertanejas mais tradicionais e conhecidas no Brasil. Depois de tanto tempo de estrada, os artistas se reinventam mais uma vez em um álbum chamado José e Durval, que chega às plataformas digitais no dia 20 de setembro. O novo projeto traz os nomes de batismo dos irmãos para representar uma nova identidade sonora nas canções, que formam uma coletânea do que foi criado ao longo dos anos e não entrou nos projetos anteriores. E a inovação é a marca do novo álbum, que mostra a versatilidade dos cantores para saírem do sertanejo raiz e buscarem inspiração no rock, pop, folk e country, mas sem perder a essência do sucesso.

Na tarde de quinta-feira, 12, a dupla reuniu um pequeno grupo de jornalistas em um estúdio na cidade de São Paulo para uma audição do álbum José e Durval. De forma descontraída e com muitas histórias, eles apresentaram em primeira mão as novas faixas e a CARAS estava presente para acompanhar as novidades.

Para começar é legal contar sobre a escolha do nome do novo álbum: José e Durval. José é o nome de batismo de Chitãozinho, e Durval é o nome verdadeiro de Xororó. Ao longo de toda a carreira, eles se tornaram ícones com os nomes artísticos, mas resgataram as origens para mostrar um projeto que traz uma brincadeira de uma nova dupla que está sendo lançada e vem uma sonoridade diferente do que os fãs já conhecem, mais inspirada em todas as referências pessoais dos artistas.

A ideia de usar os nomes de registro dos dois partiu de Xororó a partir da série As Aventuras de José e Durval, do Globoplay, que irá para TV aberta em outubro. Com isso, ele se inspirou no projeto que conta a história deles para criar o título do novo álbum. "[Falei para o Chitãozinho] 'O que você acha da gente lançar o José e Durval?' 'Tá maluco?' Acho que com José e Durval a gente pode ousar um pouco mais. E ele falou: ‘Ah, é interessante a ideia’. E foi crescendo a ideia, o repertório foi aumentando", afirmou ele, e completou: "A gente pode começar o José e Durval com essa pegada mais country, folk, rock, e terminar em japonês com a banda Begin, já que 'véio' pode tudo e José e Durval também! E o Chitão falou: é boa, vamos encarar". 

Xororó ainda refletiu sobre a inspiração no início da carreira deles, que sempre gostaram de tocar rock. "A gente tem vídeo e fotos de quando era muito jovem e fazendo música sertaneja com guitarra e violão elétrico, mas a gente viu a necessidade de se podar. A gente não queria cantar música caipira, a gente queria cantar a música que todo mundo pudesse ouvir. A gente era criticado no futebol, quando era moleque, porque a gente cantava música caipira, mas a gente amava a nossa música. Dizíamos: Nós vamos fazer uma música para esse moleques curtirem também. Era uma música para todo mundo ouvir, não só para quem mora no sítio ou na fazenda. Nos primeiros 10 anos, a gente sofreu muito", afirmou.

E completou: "E a sonoridade está bem José e Durval porque foi assim que a gente começou, ouvindo muito rock na infância também. Apesar do sertanejo que vinha da nossa raiz, a gente ouvia de tudo e a gente quis trazer uma sonoridade mais ousada, com o som mais rock'n'roll, diferente do que a música sertaneja mais tradicional está mais acostumada. A gente está super feliz com o que a gente conseguiu, e esperamos que vocês também recebam muito bem José e Durval". 

Criação das faixas

As músicas foram criadas ou recebidas de outros compositores ao longo de vários momentos da carreira. Muitas das faixas são inéditas e estavam guardadas para um melhor momento de serem lançadas, e essa hora chegou! Durante a pandemia de Covid-19, Xororó ficou isolado com a família em sua casa e decidiu revirar seus antigos arquivos para passar o tempo. Lá, ele encontrou preciosidades. "Esse álbum começou com uma brincadeira minha da pandemia. A gente, quando não tem muito o que fazer, a primeira coisa que faz é mexer com música, é trabalhar nas ideias antigas. Fora a marcenaria, que vocês sabem que é o meu hobby, abri o meu baú e comecei a olhar as minhas coisas e comecei a achar interessante umas coisas antigas, umas coisas de 10 anos, talvez até um pouco mais", afirmou ele. 

E a brincadeira ficou séria e virou um projeto. "Começou com a ideia de oito músicas e é um álbum com 15 músicas, e acho que 13 são inéditas. A gente está muito feliz com o resultado. É um projeto que a gente começou sem muitas pretensões, mas a gente gostou do resultado que a gente conseguiu", contou Xororó. 

E Chitãozinho completou: "A gente já tinha algumas coisas guardadas - sempre fomos de guardar material. Às vezes, a música vem pra gente, a gente gosta e grava, mas fica guardada, não é o momento de lançar. Nessa coisa da pandemia, de ficar mais em casa, ele foi pesquisando e descobrimos muita música que estava guardada com a voz guia e a gente resolveu unir tudo isso em um álbum".

Chitãozinho ainda falou sobre o desejo de inovação frequente na carreira. "A cada 15 anos, no mínimo, a gente procura fazer alguma coisa diferente. Não é para tentar ser diferente de ninguém, é para a gente se motivar mesmo, é um desejo pessoal. Tudo o que a gente colocou na nossa carreira vem do nosso coração, é exatamente o que a gente está gostando de cantar no momento. Os arranjos vão pesando mais, mas a nossa identidade não muda nunca. A gente sempre tem a voz que consagrou a dupla. Esse disco tem muito do nosso show ao vivo. A vida toda a gente fez show assim, logicamente tem as dinâmicas, mas o pop da música mais popular está muito presente. Este disco é bem fiel ao que a gente faz", disse. 

Chitãozinho e Xororó - Foto: Andy Santana / Brazil News
Chitãozinho e Xororó - Foto: Andy Santana / Brazil News

A sonoridade

A liberdade de criar um projeto com sonoridade diferente brilhou aos olhos da dupla. Tanto que eles investiram em um estilo inspirado no rock - inclusive, os clipes foram gravados no topo de um prédio em São Paulo e com estética rock'n'roll. "A gente fez questão de dar essa característica mesmo. É bem nítido da gente ter carregado mais em um arranjo mais pesado nessas canções", afirmou Chitãozinho, que ainda confirma que o lado sertanejo não está longe da dupla. "A primeira música é A Tal da Paz, que eu trouxe, eu me envolvi mais em trazer o nosso lado mais sertanejo. Temos um bolero antigo, que faz parte da série. A gente procurou, mesmo nas músicas mais tradicionais sertanejas, ter uma guitarra para dar um movimento e ficar com uma cara original do começo ao fim do álbum", explicou.

O novo som é inspirado no rock, folk, pop e country. "Esse flerte com o country sempre existiu. E no sertanejo, há muitos anos, a gente vem colocando junto com o country, com o rock... Essa mistura de música é bem legal de fazer e está propício para isso", declarou.  

E será que existe uma pressão sobre o que os fãs vão esperar do novo som? Não! Os dois estão muito seguros e com um material da melhor qualidade para encantar até os fãs mais tradicionais. "A gente não tem a preocupação de 'vai pegar e acontecer'. A gente faz porque a gente gosta de fazer e está curtindo o momento. A gente vem percebendo, com esses anos todos de carreira, que o nosso gosto musical tem um público grande que gosta de ouvir o que a gente propõe fazer. A esperança é que aconteça o que acontecer. Não tem essa preocupação", afirmou Xororó. 

Xororó até cantou em japonês

Para o novo álbum, a dupla resgatou uma antiga gravação com a banda Begin nipônico, que fizeram em 2014, quando eles estiveram no Brasil. A faixa traz um trecho de Xororó cantando em japonês e surpreende. "Esse comecinho não tinha [quando ele canta em japonês], a gente gravou só a parte em português e ele começava. Como é o nosso álbum, precisa que eu comece cantando. Eu ouvi ele cantando, escrevemos em português, e fizemos a voz do começo em japonês", afirmou ele. 

E as parcerias não param por aí. Eles também trazem uma música com trechos em inglês em parceria com Joshua Bovill, e os brasileiros também estão no projeto! Simone Mendes e a banda Fresno fazem participações mais do que especiais. 

Xororó - Foto: Andy Santana / Brazil News
Xororó - Foto: Andy Santana / Brazil News

Curiosidades da dupla

Durante a conversa descontraída na audição, Chitãozinho e Xororó entregaram curiosidades da carreira de sucesso e parceria dos irmãos. Uma das curiosidades é a forma de composição de Xororó, que tem um método só dele. "Quando começo a compor, primeiramente você se coloca no lugar da pessoa. Começa escrevendo a sua história, e, muitas, eu começo com a minha história e vai mexendo para servir para todo mundo que vai ouvir a música. A minha maneira de compor é assim", contou ele. 

O diretor artístico da dupla, Cláudio Paladini, também estava no evento e contou outro momento dos bastidores da dupla. "Vou contar uma coisa: ‘Eles fecham o olho para cantar’. Por quê? Se eles não sentirem a energia de cada verso, de cada estrofe, de cada nota… A preocupação deles com o arranjo… Eles não passam adiante [até ter o sentimento correto]. O que vocês estão ouvindo aqui é o que eles desejam doar para o público", contou. 

Este assunto deu margem para outro fato dos bastidores. Xororó disse que costuma gravar as músicas apenas uma vez. "Todas as músicas que estão ouvindo são a voz guia. Eu nunca refaço a voz. Eu não sei fazer qualquer coisa. É isso o que eu sinto da música e fica. Quando falam: vamos refazer? Refazer para quê? Acho que está legal assim. Se for refazer, eu vou querer caprichar muito e não sai o que eu senti ali", revelou. E Chitãozinho concordou e disse que faz o mesmo. "A gente prefere resgatar a emoção que sente e encontra em cada música que a gente vai cantar", afirmou. 

Além disso, você sabia que os dois não se reúnem no estúdio para gravar as músicas? Cada um grava separado e os produtores juntam as faixas. E eles têm um motivo para isso acontecer. "Há muitos anos a gente não se junta mais no estúdio para cantar uma música. É um pouco até estranho. Mas quando a gente se junta o formato é o mesmo, cada um vai lá e grava a sua parte", disse Chitãozinho, que ainda brincou: "Se a gente se divertisse junto, já tinha terminado a dupla há muitos anos [risos]". 

E Xororó completou: "A gente aprendeu com o tempo que é assim que funciona mais. A gente chegou a cometer a besteira de comprar um apartamento em Miami no mesmo condomínio. Quando eu chegava em Miami com a minha família, ele já tinha marcado reunião com o presidente da gravadora. Eu falei: peraí, a gente está de férias. Quando a gente está junto é só trabalho, música. Com o tempo, a gente aprendeu também que não precisa estar junto para fazer". 

Porém, o verdadeiro motivo para isso foi entregue por Paladini: a sintonia dos irmãos. "A razão deles fazerem muita coisa à distância é o tamanho da sinergia que eles tem, o entrosamento que eles tem". E esse entrosamento está presente no álbum José e Durval, que reúne o talento e profissionalismo de Chitãozinho e Xororó em uma nova sonoridade. 

Chitãozinho - Foto: Andy Santana / Brazil News
Chitãozinho - Foto: Andy Santana / Brazil News

Saiba os títulos das novas faixas:

1 - A Tal da Paz

2 - Cachoeira

3 - Iceberg

4 - Romance de Filme

5 - A gente grita

6 - Kamikazes

7 - Gotas de saudade

8 - Solidão a dois

9 - Teoria

10 - Seu olhar

11 - Nossas divergências

12 - Não é tarde para sorrir

13 - Gamado nela

14 - Nada sou

15 - Camadas