Cercado pela família, Leo Jaime fala com irreverência de amor e beleza e destaca carreira multimídia
A competência com que Leo Jaime (52) realiza trabalhos diversos como ator, apresentador, cantor, compositor e cronista o torna um dos mais versáteis artistas do País. Mas o que poucos sabem é que ele descobriu somente há cinco anos sua maior aptidão. “Acho que tenho uma só vocação: a de ser pai. A chegada de Davi mudou tudo”, assegura ele, na Ilha de CARAS, referindo-se ao loirinho de 5 anos, da união com a psicóloga Daniela Lux (33). “Ele se parece comigo. Eu desenhei e a mãe ‘coloriu’. Davi é sucesso de público e crítica”, diverte-se.
Mesmo tendo de lidar com espectadores, Leo é tímido, mas camufla essa característica no palco com o seu marcante bom humor. Memoráveis comentários como ‘Se beleza fosse tudo, ninguém ia comer feijoada’, o fizeram conquistar cada vez mais admiradores, principalmente no programa Amor & Sexo, que chega à sétima temporada no segundo semestre. “Sempre gostei de dar opinião. Acho que fui parar no jornalismo, em 1988, em O Globo, muito por conta disso. Curto bate-papo, sou um frasista”, diz. Ao completar 30 anos de carreira, no ar em Malhação e em turnê com o show Festa, ele analisa, orgulhoso, sua trajetória, mas faz ressalvas. “As conquistas são muitas, mas bastante difíceis. Nunca tive moleza e continuo não tendo”, reitera ele, sucesso nos anos 1980 com canções como As Sete Vampiras, A Fórmula do Amor, Conquistador Barato e Bete Balanço.
– São oito anos de amor. Lembra do primeiro encontro com Dani?
– Conheci primeiro a gêmea dela, de quem fiquei amigo. Até então, não sabia que tinha irmã. Certo dia, Daniela apareceu no meu show. Olhei pensando ser minha amiga e disse: ‘Tem algo errado com você’. Então, curiosamente, o que não tinha batido com a irmã dela aconteceu com Dani. Senti algo diferente. É para as pessoas verem que minhas suspeitas a respeito de beleza, questão física, estão certas. Como você explica se sentir atraído por uma irmã gêmea e não pela outra? É pessoal e intransferível. Não é por causa do cabelo, do olho... É pela pessoa.
– Na rotina com Daniela, há espaço para discutir a relação?
– Acho que discussão é um termo forte, conversa vem antes. Mas, quando acontece, é chato, até porque homem nunca ganhou discussão nenhuma, é perda de tempo. Fica mais difícil ainda por minha mulher ser psicóloga. (risos) Mas nós temos muito diálogo, é uma relação bacana.
– Por que demorou a ser pai?
– Sempre quis um filho, mas não encontrava a ‘moça’. (risos) A chegada de Davi mudou a forma de eu ver a vida. Sou muito bom pai, acho que tenho jeito para este negócio. Mas não gosto de brigar, até porque não é preciso, melhor dar exemplo. Tenho respeito pelo meu filho e sei que ele por mim.
– Desejam outro herdeiro?
– Estamos pensando, já está na hora. Mas educar não é fácil. Tive a sorte de encontrar uma mãe maravilhosa para Davi. Nunca tivemos babá. Dani dedicou um tempo de sua vida a ele. Também sou presente. Nos primeiros 45 dias depois de seu nascimento, só eu dei banho. Ele é um menino feliz, educado, meigo. Dificilmente tenho de repreendê-lo. Vejo que a gente está conseguindo proporcionar uma educação bacana, porque temos intimidade e uma relação muito afetuosa com ele.
– Mudou algo em sua vida com a chegada aos 50 anos?
– A dos 30 foi mais traumática. É uma época em que você tem expectativas, cobranças. A gente se perde um pouco com o ímpeto da juventude, achando que tem o domínio de tudo. Não é assim. Depois, aos 40, foi mais gostoso. Você já vai navegando conforme o vento bate, com menos ilusões. Daí para a frente, não tem feito a menor diferença. A gente diz: ‘Já nasci adulto, com vocação para a maturidade’.
– Considera-se vaidoso?
– Me cuido. Sempre que posso, procuro malhar. Também jogo futebol, vôlei, mantenho alimentação saudável. Mas tenho panhipopituitarismo, minha hipófise não funciona. Com isso, preciso fazer reposição hormonal e sinto as consequências na gordura mal distribuída. Não tenho índice alto de percentual de gordura, nem de glicose, colesterol. Clinicamente, estou bem. Mas a barriga incomoda, claro (ele está com 120kg em 1,77m). Mas é a tal história: ‘Será que aos 52 gostaria de ser um triatleta?’ Não tenho mais todo esse tempo. Então, aceito a realidade. Temos de conviver com as limitações e esperar que não vire um preconceito, como aconteceu em minha vida profissional. Já perdi oportunidades de trabalho por causa da barriga. Mas não dá para fazer transplante de hipófise.
– Como avalia sua trajetória?
– Só faço coisas de que gosto e das quais tenho orgulho. Erro como todo o mundo, porque nenhum time ganha sempre. Mas nunca tive moleza. Outro dia, um grande produtor disse que não entendia como um artista da música brasileira como eu, que estou sempre na TV, não era contratado. Tenho tido uma história com a indústria da música muito tumultuada. No Twitter perguntam por que parei de gravar, eu digo: ‘Não sei’. Mas, por outro lado, tenho ótima relação com o público, com a mídia.
– É difícil falar de sexo na TV?
– Meio que inauguramos isso no Amor & Sexo. A Fernanda Lima tem uma elegância fora do comum para falar do assunto. Acho que a minha contribuição também foi importante, porque com o humor se tornou mais simples debater coisas que poderiam soar pesadas.
– É mesmo muito tímido?
– Sou. Mas uma coisa é ser tímido. Outra, render-se a isso. A timidez está presente o tempo todo na minha vida, mas não cedo a ela. Curiosamente, no palco, me sinto bem à vontade, não sei o motivo. Se for a um jantar, entrar em uma sala, vou olhar o tempo todo para o chão, sem saber o que fazer, até me ambientar. Mas, quando estou diante da plateia, me sinto no chuveiro de casa.