Na capital francesa, o clássico e o moderno caminham juntos para revelar, dentro e fora, um cenário apaixonante
Arquitetura e design de interiores: Wetzels e Brown
Fotografia: Nicolas Claris
Sem dúvida, tudo o que está do lado de dentro é incrível e de muito bom gosto. Mas a paisagem que desponta nos inúmeros janelões chega a ser quase indescritível. Emoldurada pelos batentes brancos, a típica arquitetura parisiense, com seus prédios baixos e ornamentados ao longo de avenidas arborizadas, é mais uma obra de arte nas paredes desse apartamento em Paris. Até a Torre Eiffel, símbolo da cidade, pode ser vista de um dos seus típicos balcões.
“Cidadãos do mundo”, na definição dos arquitetos Rob Wetzels e Gillian Brown, do escritório holandês Wetzels Brown Partners, os proprietários desse imóvel visitam Paris para reencontrar amigos e aproveitar a cultura local. Colecionadores de arte ecléticos, eles apreciam tanto a arquitetura parisiense clássica quanto o design moderno. O resultado é um projeto de design de interiores conectado às estruturas arquitetônicas do edifício. “Todo o apartamento foi trazido de volta ao seu esqueleto, removendo reformas feitas nos últimos 40 anos”, diz Wetzels. “Trabalhamos com artesãos locais para resgatar detalhes originais e, ao mesmo tempo, esconder acréscimos modernos, como o arcondicionado”, acrescenta.
Os clientes “queriam um lugar em Paris onde pudessem ficar com a família”, conta Brown. “Sabíamos que gostavam da cidade, colecionavam arte e apreciavam lugares com confortos modernos, como equipamentos de áudio, vídeo e bons banheiros”. A preocupação em integrar as modernidades sem perder a história e o estilo é evidente. Todo o piso é de madeira, como o antigo. Mas como o original estava em péssimas condições, ele foi refeito, imitando o anterior.
As paredes e portas também foram substituídas, mas seguindo o modelo das anteriores e feitas por artesãos que usaram os mesmos métodos do tempo da construção. “Esse foi o maior prazer desse projeto – apesar de novo, o interior ainda é ‘original’”, diz Wetzels. “Não usamos atalhos contemporâneos para alcançar esses moldes”, completa o arquiteto, se referindo ao delicado trabalho que chama a atenção na alvenaria.
A maioria dos cômodos do apartamento está ligada ao exterior através de “french doors”, ou portas-janela, que vão do chão ao teto. “Para nós, um espaço claro é importante para criar um interior relaxante e bem iluminado”, acrescenta o arquiteto. Com 370 m², o imóvel se divide em suíte principal, dois quartos de hóspedes, salas de jantar e estar, cozinhas e dependências de empregados.
Outro destaque do projeto é o lavabo. Wetzels e Brown transformaram um espaço funcional em ponto positivo ao criar uma estrutura independente que servisse de toalete às visitas. Hoje, os três elementos esculturais em cores vibrantes – vermelho, dourado e azul klein – são pontos de referência. “Acima de tudo, eles chamam a atenção dos visitantes para algo inesperado”, diz Brown. Itens nessas mesmas cores também aparecem nos banheiros da suíte principal e dos quartos de hóspedes. “Isso ajuda a criar identidade”, conclui.
As diversas peças de arte espalhadas por todos os ambientes têm a mesma função. “As principais obras foram escolhidas para dar continuidade ou complementar o espírito ousado das cores vermelho, azul e dourado”, acrescenta. Para não competir com esse trio, muito branco. “Branco não significa frio – isso depende da forma como é usado. Durante o dia ou à noite, os ambientes são acolhedores e com um brilho confortável”. Nesse caso, o branco dá uma sensação de calma que cria um equilíbrio elegante com os ornamentos da Paris que se avista pelas janelas.