A galeria Passado Composto Século XX exibe trabalhos de Genaro de Carvalho, Jacques Douchez e Jean Gillon, de 19 de setembro a 17 de novembro, com entrada gratuita
Enquanto Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé, Maria Bethânia, Jorge Ben e Os Mutantes agitavam o cenário musical dos anos 1960 e 1970, outra arte brasileira se desenvolvia e mostrava seu potencial por meio de mãos habilidosas e mentes criativas. A tapeçaria é uma daquelas expressões artísticas injustamente “ignoradas” pelo grande público brasileiro, que certamente não tem ideia da importância da nossa produção nacional. Ao completar dez anos de existência, a galeria Passado Composto Século XX quer reverter esse quadro - e resgatar os valores modernos brasileiros - por meio da exposição “Artistas da Tapeçaria Moderna”. Sem dúvida, uma ótima chance de conhecer e apreciar a beleza e a história de trabalhos fascinantes assinados por três grandes artistas: Genaro de Carvalho, Jacques Douchez e Jean Gillon.
Genaro é o único brasileiro da trinca - nasceu na Bahia - mas o francês Douchez morou no país desde 1947 e o romeno Gillon se naturalizou brasileiro. Todos são pioneiros na arte têxtil nacional e têm produção expressiva. Genaro, por exemplo, é citado na Enciclopédia Delta Larousse como fundador da tapeçaria-mural no Brasil. Douchez, por sua vez, é considerado um dos impulsores da arte têxtil no país, e foi um dos idealizadores da I Mostra de Tapeçaria Brasileira, realizada em 1974. Além da tapeçaria, Gillon se destacou também no design de móveis, principalmente na criação da poltrona Jangada, pela qual ganhou menção no Prêmio Movesp de 1991. Do extenso trabalho dos três, o foco da exposição são as tapeçarias planas produzidas entre 1950 e 1970, acompanhadas de vídeos, cartões-modelo e estudos organizados em grandes temas que revelam uma linha estética muito próxima e referências comuns. Em termos históricos e estéticos, o acervo do trio coincide com o Movimento Tropicalista, e foi fundamental para a afirmação de uma brasilidade moderna, pouco conhecida pelo grande público. As obras de Genaro, Douchez e Gillon, além de belas, refletem uma brasilidade sutil, e passam longe dos clichês e folclorismos. E hoje, em um momento de retomada e revisão dos valores modernos brasileiros, o resgate da produção de tapeçaria é fundamental para revelar a complexidade da arte nacional.
A mostra tem curadoria de Alejandra Muñoz, arquiteta e professora de História da Arte da Escola de Belas Artes da Bahia (EBA/UFBA), e fica em cartaz até o dia 17 de novembro na Galeria Passado Composto Século XX, em São Paulo.
SERVIÇO
Exposição “Artistas da Tapeçaria Moderna: Genaro de Carvalho, Jacques Douchez e Jean Gillon”
Local: Passado Composto Século XX - Al. Lorena, 1996, Jardins – São Paulo
Entrada gratuita
Período: 19 de setembro a 17 de novembro de 2012
Horário: segunda a sexta-feira, das 10h às 19hs; sábado, das 10hs às 15h (domingo – fechado)
Coordenação: Graça Bueno
Curadoria: Alejandra Muñoz
Expografia: Alejandra Muñoz e Daniel Sabóia
Para visitas guiadas, agendar por e-mail: [email protected]
Mais informações: www.passadocomposto.com.br
Por Ana Paula de Andrade