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Carlos Lombardi relembra primeiro encontro com Betty Lago: ‘Vi Bibi na minha frente’

Em entrevista à CARAS Brasil, Carlos Lombardi relembra com carinho da amiga Betty Lago, que morreu há nove anos. Foi com o autor que ela mais trabalhou como atriz

Thaíse Ramos
por Thaíse Ramos
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Publicado em 13/09/2024, às 07h00 - Atualizado em 14/09/2024, às 10h33

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Betty Lago e Carlos Lombardi foram amigos por mais de duas décadas - Luiza Dantas /Carta Z Notícias
Betty Lago e Carlos Lombardi foram amigos por mais de duas décadas - Luiza Dantas /Carta Z Notícias

Considerada uma das musas de novelas da TV Globo, Betty Lago nos deixava em 13 de outubro de 2015, aos 60 anos, vítima de um câncer. Ela lutava contra a doença desde março de 2012. Em entrevista à CARAS Brasil, Carlos Lombardi (66), autor com quem a artista mais trabalhou em sua carreira como atriz, relembra com carinho da amiga e detalha como foi o primeiro encontro dos dois, cuja parceria contribuiu para o grande sucesso que foi a novela Quatro Por Quatro (1994), em que ela estreou na televisão como protagonista. "Vi Bibi na minha frente", confessa.

Faltando apenas um mês para o fim de A Viagem, o enorme sucesso de Ivani Ribeiro (1922-1995), que conta uma história de vida após a morte, de um espírito em busca de vingança, Lombardi foi desafiado a colocar no ar a trama que teve como destaque as aventuras românticas do icônico casal Babalu (Letícia Spiller) e Raí (Marcello Novaes). Das mãos do autor, que era conhecido à época como o rei das 19h, Betty deu vida a dondoca Abigail e ganhou o coração dos telespectadores.

“A correria era tanta que conforme eu ia procurando personagens para o elenco, ia escrevendo capítulo por capítulo e gravando. No início, tinham quatro mulheres no elenco, que eu acreditei que seriam as certas para fazer, mas nenhuma das quatro quis fazer a novela (risos). Então, liguei para o Vinicius Viana, meu colaborador, amigo de Betty – pois ela fazia a minissérie em que ele estava trabalhando na época, Sex Appeal – e falei dela. No mesmo instante, ele falou que estava para falar comigo dela também, porque acreditava que tínhamos o mesmo senso de humor. ‘Coloca ela sem medo’, disse ele", relembra Lombardi.

Em seguida, o escritor revela como foi o primeiro encontro dos dois, muito divertido, por sinal. “Então, indiquei a Betty e marquei um encontro com ela, pra gente se conhecer. Foi no Jardim Botânico (Rio de Janeiro). Ela veio com o nariz lá em cima, veio de personagem já, a própria Bibi (a Abigail de Quatro por Quatro): esnobe, exigente e trapalhona. Eu estava parado, esperando liberarem o local que reservei. Ela chegou e me perguntou: ‘Você conhece o Lombardi? Não sei se é magro, gordo, alto’. Eu disse: Bem, toda vez que me olho no espelho, o vejo’. Ela: ‘Nossa, comecei mal’. Rimos muito. Eu já estava vendo a Bibi na minha frente”, diz.

Lombardi destaca um talento de Betty que sempre o surpreendeu: “Ela tinha a facilidade de falar o meu texto sem ajuda, ela captava muito bem o que eu queria. Quando o elenco é bom, quero repeti-lo sempre, por isso a Betty fez tantas novelas minhas. Ela era muito boa representando, sabia o que estava dizendo, não era um papagaio. Três pessoas liam bem o meu texto: Betty, Nair Belo e Marcos Pasquim. Falavam com aparente facilidade. Tanto que Betty e o Pasquim repetiram novelas, como Uga Uga”, fala.

O autor Carlos Lombardi era conhecido como o rei das 19h - Foto: Divulgação

VÁRIOS PERSONAGENS

Desde então, Betty foi a única atriz a participar rigorosamente de todas as novelas que Lombardi levou ao ar em duas emissoras diferentes. Ela atuou em Vira Lata (1996), Uga Uga (2000), Kubanakan (2003) e Pé na Jaca (2006), na Globo. Ainda teve O Quinto dos Infernos (2002), minissérie que Lombardi recontava a história do Brasil com um tom bem humorado.

“Eu tinha certeza que sempre ia funcionar (trabalhar com a Betty). Todos os personagens, tentava fazer bem diferentes, para serem desafiadores. Em Uga Uga, a personagem era palhaça, era enrolada pelo amante, escondia a idade, era uma personagem não naturalista, despachada, maluca, completamente diferente da personagem de O Quinto dos Infernos, onde ela fazia a Carlota (Joaquina). E eu ouvia das pessoas: ‘Mas a Carlota era baixinha!”. E daí, não tem problema. O importante era interpretar bem a personagem e isso ela fez!”, fala o novelista.

Assim que assumiu Bang Bang (2006), após o afastamento do autor titular, Lombardi escreveu um capítulo especial para contar com a participação da atriz que interpretou a célebre personagem do faroeste, Jane Calamidade.

No último trabalho do escritor na emissora carioca, ela também esteve presente. Em Guerra e Paz (2008), série que marcou a despedida de Lombardi das telas da Globo, Betty viveu a delegada Marta Rocha. 

Em 2012, a Record anunciou a contratação do novelista para seu casting e na única obra de Lombardi na emissora paulista, Pecado Mortal (2013), lá estava a atriz e modelo outra vez.

“Ficamos muito amigos. Betty era uma pessoa simples e extravagante. Era inteligente, curiosa, adorava viajar, pessoa facílima de tratar; era só ser justo com ela, que tudo funcionava. No nascimento do meu primeiro filho, quando cheguei em casa, ela foi pra lá. A babá, que estava de plantão, disse: ‘Nossa, como ela é bonita e muito simples!’. Betty chegou perguntando: ‘Tem uma Havaiana pra mim?’ (risos)”, entrega Lombardi. “Betty era amiga e excelente atriz, que me entendia com facilidade nos textos. Sinto saudades”, finaliza o autor. 

A atriz Betty Lago morreu há nove anos, vítima de um câncer - Foto: Revista CARAS