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Bem-estar e Saúde / LUTO / CARNAVAL 2025

Médico explica como a folia de Carnaval pode ter causado morte de musa

A musa da Independente de Boa Vista, Aline Bianca morreu aos 38 anos vítima de um infarto horas após desfilar no último domingo, 23

Lívia Carvalho
por Lívia Carvalho
lcarvalho_colab@perfilbr.com.br

Publicado em 26/02/2025, às 11h29 - Atualizado às 16h16

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Aline Bianca morreu horas depois de desfilar em escola de samba no Carnaval de Vitória, no Espírito Santo - Foto: Reprodução/Redes Sociais
Aline Bianca morreu horas depois de desfilar em escola de samba no Carnaval de Vitória, no Espírito Santo - Foto: Reprodução/Redes Sociais

No último domingo, 23, a musa da Independente de Boa Vista, Aline Bianca, de 38 anos, sofreu um infarto e morreu horas depois de desfilar no Carnaval de Vitória, no Espírito Santo. O viúvo da empresária, Rafael Aquino relatou que a mulher sentiu dores no peito uma semana antes do desfile. Nos últimos dias, inclusive, Aline estava focada nas obras realizadas em seu salão, que será inaugurado em abril.

Em entrevista à CARAS Brasil, o Dr. José Airton Arruda, diretor da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI), explica como períodos de alta agitação emocional, como o carnaval, podem afetar a saúde cardiovascular. Segundo o especialista, atividades intensas que trazem dor no peito, cansaço desproporcional e falta de ar são motivos de preocupação.

“A folia do carnaval pode trazer sintomas naqueles que já tem substrato (obstruções arteriais, doenças do músculo cardíaco) e ligar o alerta de que é necessário investigar. Uma das causas da dor no peito está relacionada ao “entupimento” das artérias coronárias, provocada pela redução de fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco. Chamada de angina do peito, a dor é habitualmente relacionada aos esforços e melhora com repouso. “, explica.

E adverte: “Situações de estresse, privação do sono e atividade física intensa em pessoas que tenham obstruções nas coronárias podem provocar angina. O entupimento total da artéria é o que provoca infarto. Nesse caso, a dor não passa mesmo em repouso. O paciente precisa ir ao hospital para ser tratado. “, diz.

Sintomas

Dr. José ainda esclarece que cerca de 50% dos casos de infarto não são precedidos por sintomas. Na outra metade, a dor no peito irradiada para membros superiores e pescoço, às vezes associada a sudorese, pode dar indícios de obstrução das coronárias. Situações como ansiedade elevam a pressão arterial e a frequência cardíaca, o que aumenta o consumo de oxigênio pelo músculo cardíaco.

“Nas mulheres, é comum apresentar sintomas atípicos. Não é incomum ter dor no epigástrio (região do abdômen superior, abaixo do tórax), associado a náuseas, o que muitas vezes é confundido com gastrite.”

Em entrevista ao portal LeoDias, Rafael Aquino contou que a esposa praticava atividades físicas, fazia exames de sangue regularmente e era acompanhada por uma nutróloga. “Nunca foi ao cardiologista, eu também nunca”, relembrou.

Vale lembrar que a hipertensão arterial, diabetes, aumento do colesterol, tabagismo, sedentarismo, estresse e história familiar podem levar ao infarto. Estes fatores podem ser agravados pelo consumo excessivo de álcool, energéticos e combinação desses.

“Desfiles de carnaval podem elevar a frequência cardíaca e a pressão arterial. Mas é preciso que a pessoa tenha substrato: obstrução coronária, doenças do músculo cardíaco e arritmias para que haja consequências sérias.”, pontua.

Tratamento

Dr. José ainda sinaliza que o tratamento do infarto deve ser feito na ambulância (pré hospitalar) e no hospital para que o diagnóstico seja feito e o tratamento inicie o mais rápido possível.

“É uma emergência médica. A artéria ocluída deve ser aberta o mais rápido possível, para restaurar o fluxo sanguíneo coronário e salvar o músculo. O infarto, se tratado rapidamente, tem altas chances de sobrevida e poucas sequelas. Após a alta hospitalar começa um processo de reabilitação e acompanhamento de longo prazo. Controlar fatores de risco, fazer atividades físicas regulares são pilares do tratamento. Isso deve ser orientado pelo cardiologista.”, diz.

Embora o infarto tenha origem em múltiplos fatores, reduzir as suas chances de ocorrência dependem de várias medidas associadas. É recomendada a prática de exercícios físicos, mas é necessária a supervisão e verificação constante de que existem outros fatores para correção.

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