Em entrevista à CARAS Brasil, a psicóloga Leticia de Oliveira analisa como o padrão de beleza dos anos 2000 impactou atrizes como Juliana Knust e mulheres da sociedade
Publicado em 12/04/2025, às 12h19
A atriz Juliana Knust (43) surpreendeu ao revelar, em entrevista à Revista CARAS, que sofreu forte pressão estética no início da carreira e chegou a tomar remédios para emagrecer. Segundo ela, a cobrança para manter um corpo extremamente magro vinha de todos os lados — da TV, das capas de revista e do próprio público.
“Eu fazia de tudo. Tomei remédios, fazia dietas malucas, passava fome. Era uma cobrança insana”, desabafou a atriz, que brilhou em novelas nos anos 2000, época em que o padrão de beleza imposto era quase inatingível.
Em entrevista à CARAS, a psicóloga Leticia de Oliveira ressalta que esse tipo de relato é reflexo de uma geração marcada por uma busca intensa — e muitas vezes doentia — por um corpo considerado “ideal”. “A gente passou por uma geração em que havia zero aceitação de curvas e de formas. Era uma fase com um padrão muito claro, muito estabelecido: mulheres extremamente magras dominavam as capas de revista, e o diferente não era aceito. A questão não era saúde — era puramente estética”, explica.
Leticia destaca que muitas atrizes daquela geração, que protagonizavam novelas e séries, acabaram sendo expostas a regimes severos e medicamentos perigosos para atender a esse biotipo tão esperado pela mídia e pela audiência. “Essas mesmas atrizes estampavam capas de revistas de biquíni, ensinando ‘dicas milagrosas’ para emagrecer rapidamente. Isso criou uma cadeia de consequências. A ala feminina da sociedade que consumia esse tipo de conteúdo também se cobrava, se comparava e sentia que não era suficiente”, aponta a especialista.
Apesar de reconhecer que ainda há muito a evoluir em relação à aceitação do corpo fora dos padrões, a psicóloga observa mudanças positivas na sociedade atual. “Hoje, tenho a impressão de que as pessoas olham mais para a saúde do que apenas para a estética. As diferentes formas e formatos estão sendo melhor aceitos. Já vemos capas de revistas com mulheres reais, corpos diversos, talentos diversos”, comenta.
A psicóloga também aponta que, atualmente, o talento tem se sobressaído à aparência física na escolha de atrizes e protagonistas. “Atualmente há espaço para todos os tipos de corpos na novela, e o mais importante passou a ser o que a pessoa entrega, e não apenas como ela se encaixa num molde estético. A forma física não é mais a qualquer custo”, reflete.
Para muitas artistas que viveram intensamente essa era dos padrões inatingíveis, como a atriz Juliana Knust, os reflexos ainda existem, mas também vieram acompanhados de aprendizado. “Eu imagino que tenha sido traumático para essas atrizes. Mas acredito que também trouxe um autoconhecimento gigantesco — elas entenderam até que ponto vale a pena se anular, se violentar, para caber em um papel ou em uma capa de revista”, finaliza a psicóloga.
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