Exposição da RIO+20 inspira ator Marcos Caruso a revelar suas fragilidades
Aconversa com Marcos Caruso (60) é olho no olho. Sincero ao extremo, fala de seus sucessos e de suas fragilidades com a mesma intensidade e tom de voz. “Para que mentir?”, indaga o ator, que caiu no gosto do público com o suburbano Leleco de Avenida Brasil. “Posso me tornar especial quando faço um personagem. Mas como ser humano, não sou especial”, avalia, ansioso para reestrear a peça Em Nome do Jogo, em 7 de julho, no Rio. Ícone do teatro, TV e cinema, Caruso não se deslumbra com a fama e faz questão de manter hábitos simples, andar de ônibus ou ir à feira. Nas folgas, adora prestigiar eventos ligados à arte e à cultura, como fez ao visitar a exposição Humanidade 2012, que integra a programação da conferência da ONU Rio+20. Também adora ouvir conselhos do pai, Alberto (91). “Quando ele não faz isso, cobro”, ressalta o ator, que perdeu a mãe logo após o parto. “Achava que não tinha problemas. Com a terapia, percebi que criei um jeito para não sentir falta dela. Quero ser pai e mãe de todos”, analisa Caruso, solteiro após quatro casamentos e pai de Caetano (33) e Mari (40), da união com a atriz Jussara Freire (61). “Mas não me caso nunca mais”, garante ele.
– Por que algo tão taxativo?
– Já vivi todas as experiências casado. Dá preguiça passar por tudo de novo (risos). Agora é cada um na sua casa. Claro que, se aparecer o amor da minha vida, as coisas podem mudar. Mas estou me divertindo muito com a vida de solteiro. Não posso reclamar.
– É conhecido como workaholic. Já se arrependeu disso?
– Jamais, mesmo. Trabalhar é o ar que respiro. A família tem que entender minha função social . Estou com eles ao lado, mas a profissão está na frente. O ator não é um médium, mas está muito próximo. Somos um instrumento através do qual o público se torna conhecedor de diversas personalidades. Tenho que sentir o Leleco sensorialmente. Para isso, é preciso estar com sentidos aguçados 24 horas.
– E nunca cansa?
– Claro, né! Mas existe a tranquilidade da minha casa, faço uma boa leitura, Monteiro Lobato ou Machado de Assis, aprecio uma paisagem. Mas, de verdade, mesmo assim a cabeça não para (risos).
– O fato de ser tão exigente consigo mesmo traz sofrimento?
– Sou alucinado por aprender. Não sabia ser pai, aprendi criando filho. Não sabia ser marido e casando vi como era. Ainda não sei muita coisa, como ficar velho, por exemplo. Mas estou aprendendo com a idade que vem vindo. I s so também aconteceu quando me escalaram para viver o Leleco. Adoro trabalhar com a possibilidade do erro. Fazer uma caricatura poderia ser uma pá de cal em minha carreira.
– Você não gostava de sinuca, futebol nem de malhar. Mas pelo Leleco, abraçou as atividades. Absorverá alguma delas na sua vida após o fim da novela?
– Com certeza, a malhação. Estou me admirando, me sentindo um verdadeiro gatão (risos).