Em bate-papo com fãs e jornalistas no Rio de Janeiro, Sandy conta como o desafio de fazer um tributo a Michael Jackson estimulou sua carreira e revela que o público não acreditava neste projeto até vê-la brilhar no palco
Após anos de parceria com o irmão, Junior (28), Sandy (29) mudou completamente o foco para a carreira solo e aceitou novos desafios. Na noite desta quarta-feira, 1º, a cantora participou de um bate-papo em um teatro do centro do Rio de Janeiro para falar de seu recente projeto que vem chamando a atenção de todos: o tributo a Michael Jackson (1958 - 2009), que será apresentado na capital fluminense na quinta-feira, 2.
Na ocasião, a imprensa e os primeiros 120 fãs que chegaram ao local tiveram a oportunidade de fazer perguntas para Sandy sobre o trabalho, que tem ainda Lulu Santos (59) cantando Roberto (71) e Erasmo Carlos (71) e Maria Bethânia (66) cantando Chico Buarque (68), carreira solo e disputa pelo seu espaço no concorrido mercado musical.
“Pensei em interpretar Tom Jobim, mas o Michael Jackson teve grande influência na minha carreira, até mesmo influência emocional. No começo tive tempo de errar, mas estudei muito as letras e ensaiei muito”, disse a artista, que assim como Lulu e Bethânia, foi a única responsável pela escolha do seu homenageado.
O show é composto de 18 músicas, todas escolhidas por Sandy, e tem duração de 1h30, com direito às luvinhas e ao chapéu iguais aos do Rei do Pop e uma pequena performance. “No início foi meio tenso, fiquei até perdida com quais músicas escolher, mas agora estou na fase de aproveitar o show. Todo mundo ficou meio assustado quando ouviu falar, mas o espetáculo surpreendeu todo mundo que está assistindo. A repercussão foi muito boa, eu não esperava tudo isso. As pessoas antes não estavam me levando muito a sério, mas depois do show senti que o respeito por mim aumentou, porque dei conta do recado”.
Encontro com Michael Jackson
Sandy teve a oportunidade de dividir o palco com seu ídolo apenas uma vez, quando Michael se apresentou no Brasil em 1993. Na ocasião, ainda ao lado de Junior, sua participação especial consistia em interpretar a letra da canção do astro na linguagem dos sinais.
Devido ao nervosismo, ela acabou errando os gestos, mas contou com Michael para retomar a confiança e fazer uma apresentação emocionante. “Ensaiei muito para fazer a música na linguagem de sinais, mas estava nervosa demais e errei muito. Ele viu como eu estava nervosa, colocou a mão no meu ombro, me acalmou e eu consegui fazer tudo. Parecia que tinha uma luz em volta dele, algo especial. Ele também tinha uma mão grande, que me assustou na hora. Lembro de tudo como se fosse hoje”.
E acrescentou, falando do lado humano do astro: “Eu me identifico muito com a história dele, com esse lado solidário e humanizado. Eu o enxergo mais como ser humano do que como um mito”.
Carreira solo
Sandy demorou dois anos para lançar seu primeiro trabalho solo e já está há dois anos na estrada sem a companhia do irmão. “Agora, diferente de ‘Pés Cansados’, hoje meus pés estão mais firmes no chão, estou muito mais segura. Ainda estava nesse momento de encontrar um caminho, a minha sonoridade, mas hoje acho que encontrei quem sou como artista”.
Apesar de ter um público bem inferior do que a época em que se apresentava com o irmão, a cantora se sente realizada por fazer o que ama sem compromissos contratuais. “É muito diferente fazer show para 70 mil pessoas, como era antes, e hoje para 2 mil pessoas. Antes eu cumpria obrigações da gravadora, mas agora faço o que gosto e quem vai aos meus shows acompanha a minha trajetória e gosta da carreira”.
Após bastante tempo divulgando o primeiro CD solo, Sandy passa por um momento de criatividade e aproveita para preparar o novo disco. “Estou começando a olhar para dentro, porque gosto que a inspiração flua naturalmente, não gosto de ficar horas e horas em cima de uma música. Gosto quando é espontâneo, quando flui naturalmente, não gosto de suar o papel”.
Ao contrário do CD Manuscrito, o próximo trabalho contará com composições e participações de amigos, os quais ela já começou a acionar. “O próximo CD não será todo autoral e já estou montando o e-mail que vou mandar para colegas em busca de letras e parcerias, inclusive internacionais”.
Novas cantoras
Mesmo com uma longa carreira artística, Sandy se considera um pouco nova no mercado musical, pois faz pouco tempo que segue carreira solo. Aberta para essa nova experiência, ela relata suas semelhanças com artistas que estão surgindo agora. “Tenho uma carreira solo nova, mas sou velha. Fico nesse meio termo, porque canto com pessoas consagradas e também me identifico com essas novas compositoras. Tenho algum prestígio, mas também luto para emplacar uma carreira solo”.
Voltando ao passado, ela ainda falou do seu crescimento acompanhado pelo público e do assédio da imprensa. “Cresci diante do público e isso dá uma liberdade para as pessoas verem e enaltecerem as minhas fraquezas. Acho que sou uma pessoa super comum e normal, que odeia a expressão ‘pessoa pública’. Não somos de todo mundo, apenas a nossa vida é que é mais aberta. Acredito que o que me ajuda é o fato de morar em Campinas, até por isso acho que tenho essa fama de santinha e recatada, porque saio do foco da mídia”, finalizou.
Sandy começou o projeto em novembro de 2011 e já apresentou o espetáculo em tributo a Michael Jackson em Curitiba, São Paulo, Ribeirão Preto, Goiânia e Recife. Após o show no Rio de Janeiro, ela segue para Brasília, Porto Alegre e Salvador.