Com trajetória regada a excessos e hits, cantora inglesa deixa fãs, parceiros e parentes inconsoláveis com seu trágico fim
Triste notícia abalou o mundo da música no sábado, dia 23. Dona de voz única que lhe valeu cinco Grammy e muitos sucessos em sua breve e meteórica carreira, a cantora Amy Winehouse (27) foi encontrada morta, sozinha, na cama, em seu apartamento, em Londres, Inglaterra, por volta das 16h, horário local — 13h de Brasília. Segundo a polícia britânica, a circunstância da morte ainda é “inexplicável.” Devido ao comportamento autodestrutivo da intérprete, notória consumidora de drogas e álcool, a imprensa inglesa passou a especular uma possível overdose como sendo a causa. A autópsia foi inconclusiva e o exame toxicológico, que determinará o que matou a cantora, ficará pronto em até duas semanas. A conclusão do inquérito policial não deve sair antes do dia 26 de outubro.
Amy lançou seu primeiro CD, Frank, em 2003, mas alcançou o estrelato internacional com o segundo trabalho, Back to Black, de 2006. Nele, a novata, então com 23 anos, maquiagem e penteado exagerados, apresentava o vozeirão digno das divas soul dos anos 1950 e 1960, impulsionando o chamado “neo soul.” Seu primeiro single, Rehab, invadiu as paradas mundiais, sendo eleito pela revista Time como a Melhor Música de 2007 e caiu no gosto popular, ironicamente, pelo refrão “eles tentaram me mandar para a reabilitação, mas eu disse não, não, não.”
Graças ao álbum, Amy sagrouse a grande vencedora da 50ª edição do Grammy, conquistando o troféu das categorias de Melhor Performance de Pop Vocal, Álbum Pop, Música, Gravação do Ano e Artista Revelação. Seu visto de entrada nos EUA foi negado e só saiu em cima da hora, por isso ela participou da festa interpretando os hits Rehab e You Know I’m No Good em um estúdio de Londres.
Se a fama decolava, a vida pessoal parecia girar em parafuso. Em agosto de 2007, a cantora foi hospitalizada por suposta overdose de drogas. Em 2008, deu entrada em clínica de reabilitação pela primeira vez e depois foi diagnosticada com enfisema pulmonar e impetigo, infecção contagiosa na pele. No ano seguinte, foi internada com reação alérgica a medicamentos e dores relacionadas à cirurgia de implante de próteses de silicone nos seios. Regado a consumo de drogas, violência física e infidelidade, o romance com o produtor Blake Fielder-Civil (29), com quem foi casada entre 2007 e 2009, também ia de mal a pior. Blake cumpre pena de 32 meses por roubo e posse de imitação de arma de fogo e, da prisão, disse: “Estou inconsolável. Minhas lágrimas não secarão.”
Em janeiro deste ano, a estrela veio ao Brasil para cinco shows que marcaram sua volta aos palcos após quase três anos, mas em junho a turnê na Europa foi cancelada após show em Belgrado, Sérvia. Embriagada, cambaleou e foi vaiada. “Sua morte era uma questão de tempo. Ela estava fora de controle”, disse sua mãe, Janis Winehouse, antes de contar que, em almoço familiar, um dia antes de sua morte, Amy lhe teria dito “eu te amo, mãe”. Janis também esteve com o marido, Mitch, o namorado de Amy, o cineasta Reg Traviss, e o filho Alex na casa da herdeira, no bairro de Camden Town. Os pais choraram ao ver as homenagens dos fãs, que deixaram flores, velas e até garrafas de vodka no local. Amy é mais um nome a figurar em bizarra lista de músicos que morreram aos 27 anos e que inclui Robert Johnson (1911-1938) , Brian Jones (1942-1969), Jimi Hendrix (1942-1970), Janis Joplin (1943-1970), Jim Morrison (1943-1971) e Kurt Cobain (1967-1994).