O design de linhas retas e as cores neutras com detalhes que dão vida definem o apartamento de uma família paulista em Buenos Aires
Arquitetura e design de interiores: Triplex Arquitetura / Fotografia: Gustavo Pinilla
Foi em Buenos Aires, na Argentina, no charmoso bairro Recoleta, que um casal de paulistas apaixonados pela Argentina encontrou sua casa de “veraneio”. Com duas filhas crescidas, uma delas casada e com uma filhinha, eles queriam um lugar com cores neutras e mobiliário de linhas retas, mas que tivesse “vida” nos detalhes. A casa é na verdade um apartamento térreo de 600 m² com quatro suítes, escritório, salas de jantar e televisão, cozinha e piscina.
Mas decorar um imóvel em outro país não foi simples. Entre a concepção e a entrega se passaram dois meses. O projeto foi elaborado em São Paulo pelas arquitetas Adriana Helú, Carolina Oliveira e Marina Torre, da Triplex Arquitetura. No Brasil, por meio de fotos de referência e amostras de tecido, foi definido – e aprovado – o conceito. A pesquisa das lojas também foi feita a distância. Depois, em cinco dias em Buenos Aires, houve muito bate perna. “Mas às vezes chegávamos num lugar e não era o que imaginávamos”, conta Carolina.
Apesar do início relativamente complicado, depois que as lojas preferidas foram definidas e os fornecedores encontrados, não faltou qualidade, variedade e estilo para atender aos pedidos dos clientes. Entre os desejos estava uma área que permitisse total privacidade e, ao mesmo tempo, fosse um lugar confortável para se trabalhar. Diante dessa solicitação, as arquitetas projetaram um escritório em um dos cômodos do apartamento. “Aproveitando o pé-direito alto, fizemos um mezanino com uma grande estante para abrigar livros e objetos da família”, diz Carolina.
Como a estrutura do apartamento é bem moderna, a ideia da decoração foi seguir a mesma linguagem tomando cuidado para não deixar o ambiente frio demais devido ao pé-direito alto. “Para isso, utilizamos muitos móveis estofados e abusamos do uso de cores em alguns detalhes e móveis para criar uma casa com mais personalidade”, afirma a arquiteta. Outra grande característica do projeto é o uso da luz natural. Apesar de terem apostado na iluminação pontual para valorizar as obras de arte espalhadas por todos os cantos, rasgos de luz criam um efeito cênico.
A relação entre a arquitetura original e a decoração usada é evidente. Seja por uma questão conceitual ou física, ambas estão em constante diálogo. No alto das portas, por exemplo, já havia um vidro fixo para deixar entrar mais luz natural no interior do apartamento. Com isso em mente, as arquitetas apostaram na valorização das claraboias no teto para deixar entrar ainda mais luz nos ambientes.
No hall de entrada, o piso de madeira é original e o trabalho nas paredes, chamado boiserie, foi feito para remeter ao estilo mais clássico e antigo do próprio prédio e servir como contraponto para o restante do apartamento bem moderno. “Mas, para que esse efeito não ficasse tão sério, pintamos as paredes e os boiseries com um tom de cinzaescuro e em algumas áreas colocamos espelho para modernizar”, diz Carolina. Para se ter uma ideia do contraste, no resto do imóvel, o piso é de cimento queimado.
Tirando as cadeiras da sala de jantar, que foram compradas no Brasil e entregues lá, todos os móveis são de Buenos Aires. Inclusive o sofá em formato de L e a mesa de madeira que ficam na área externa do apartamento. Ali, a grande transformação foi colocar um amplo toldo retrátil na parte descoberta. “Ele permite que o ambiente seja aproveitado na maior parte do ano”, explica Carolina.
Assim, a residência cumpre a sua função de ser um lugar gostoso e relaxante para curtir os dias de folga entre pessoas queridas numa cidade amada, mas sem perder seu charme moderno e de formas arrojadas.