Em entrevista exclusiva, o arquiteto Jean Nouvel, vencedor do Pritzker Prize, critica escritórios atuais e fala de seu intrigante projeto que une casa e trabalho. Confira as ideias de Nouvel direto da Feira de Milão, na Itália
Jean Nouvel, arquiteto vencedor do Pritzker Prize 2008, foi o escolhido para criar um dos ambientes mais intrigantes da 52ª edição do Salone Internazionale del Mobile, em Milão, na Itália. A proposta de Nouvel foi montar uma grande obra que unisse casa e trabalho e que criasse uma nova proposta para os escritórios, reinventando o espaço de trabalho. O resultado foi “Project: office for living” (Projeto: escritório para viver), cinco ambientes que remetem a uma residência tradicional, com living, quarto, cozinha e banheiro, mas que também funcionam como escritório. Nouvel colocou computadores, arquivos, quadros de recados e peças de escritório dividindo espaço com objetos típicos de uma casa, como escorredores de louça, banheira e afins. Ao encontrar com o arquiteto francês na Feira de Milão, conversamos brevemente sobre o projeto. Confira:
Essa iniciativa não é apenas mais uma forma de fazer as pessoas trabalharem mais?
Talvez realmente não seja uma boa ideia juntar o trabalho e a vida privada. Mas às vezes é necessário. O ideal seria amarmos os dois. Mas entendo que nem sempre isso é possível. O fato é que muitas pessoas não amam o que fazem. Na verdade, nem gostam do que fazem. Entretanto, se é necessário para uma pessoa unir o trabalho e a vida doméstica, proponho que ao menos se sinta bem.
E por que precisamos reinventar os escritórios?
Essa é uma questão da humanidade e teremos de abordá-la mais cedo ou mais tarde, as pessoas deveriam poder amar a casa e o trabalho e uni-los quando fosse necessário. Em 30 ou 40 anos, nós ficaremos assombrados ao ver como era a maior parte dos escritórios.
Por quê?
Escritórios são clones grotescos, padronizados, nunca há um mero indício de prazer em se estar nele. E podemos trabalhar em casa, e cada vez mais vamos trabalhar em nossas próprias casas. Então, melhor que sejam espaços impregnados de generosidade, receptivos e personalizados.