Na Ilha de Caras, após a luta contra o câncer, atriz fala da nova vida e dos desafios futuros
O brilho nos expressivos olhos não deixa dúvidas. A atriz, apresentadora e ex-modelo internacionalBetty Lago (57) está pronta para uma grande volta — e com força total. Depois de enfrentar
um câncer na vesícula, diagnosticado no início de 2012, ela já se dedica à novela Pecado Mortal, que entra depois de Dona Xepa na Record, escrita pelo dramaturgo e seu amigo pessoal Carlos Lombardi (54) e dirigida por Alexandre Avancini (48). De olho na saúde, Betty não descuida dos exercícios e da alimentação, e se mostra focada quando o assunto é priorizar a si mesma. “Sinceramente não tenho pensado em namorar. Meu médico falou: ‘Agora você terá de ser egoísta’. Mas é um egoísmo bom, sabe?”, pontua. Culta e multifacetada, ela se entusiasma ao contar o quanto aprendeu nessa parada que a doença impôs a seu ritmo de vida. “O que perdi mesmo foi a sensação de imortalidade que a gente tem. O que mata é a negligência, a desinformação, o medo, a procrastinação. Câncer não mata”, refletea estrela na Ilha de CARAS.
– Você parece ter aprendido tanto nesses últimos meses...
– Não tem como fugir do clichê. Ao receber um diagnóstico de câncer, suas prioridades mudam e você vê que tudo aquilo poderia ter sido evitado. Faço questão de sempre falar isso. Se os 60 anos são os novos 50, a gente também agride muito mais o organismo, então a prevenção tem de começar mais cedo também. Abandonei muitos hábitos ruins. Meu problema foi na vesícula, era para eu ter operado há 8 anos, mas fiz como a maioria das pessoas faz. Houve uma certa displicência, dizia: ‘Agora vou viajar’... ‘Agora acabei novela e vou descansar’... E o meu médico pedindo para eu operar.
– Alguém a inspirou na luta?
– O Reynaldo Gianecchini realmente mostrou para pessoas públicas como se deve lidar com um diagnóstico de câncer. Ele abriu o caminho para que outras pessoas conhecidas pudessem lidar com isso de uma forma menos pesada, sem mentira, medo, preconceito.
– Sem falar do apoio constante de seu filho Bernardo.
– Ele perdeu o pai aos 27 anos, então eu acho que resolveu brigar por mim. Tiro por mim. Quando perdi pai e mãe, me senti muito sozinha no mundo, mesmo tendo filho, senti uma profunda sensação de abandono, tipo: ‘Pô, a galera que me trouxe aqui está indo embora e eu fiquei!’. Eu não me associava a nada. Muda seu eixo no mundo. Eu me vi nele, eu o vi em uma guerra com a vida. Tipo: ‘Não vou entregar minha mãe’.
– Já tem vontade de namorar?
– Sinceramente, não tenho pensado nisso. Meu médico falou: ‘Agora você terá de ser egoísta’. Mas é um egoísta bom, não tenho culpa. Depois dessa varredura, em todos os sentidos, ter alguém ficou desimportante.
– Mas não se sente só?
– Tenho um grupo de amigos tão legal, nos divertimos tanto! Não tem preço essa liberdade de pegar o carro e sair sem dar satisfação para ninguém. Já dormi muito de conchinha... Já casei, descasei... Hoje, realmente não me vejo dividindo a vida com alguém. Nem em casas separadas. Liberdade é conquistada. Só vem com a idade.
– Pronta para outra novela?
– Estou sempre preparada para trabalhar com o Lombardi e o Avancini. Nos conhecemos desde Anos Rebeldes, meu início de carreira na TV, em 1992. Minha personagem será sofisticada. As pessoas estavam cansadas de me ver como pobre. (risos) Só tomei um susto porque é um drama. Isso fica na gente, você grava, às vezes, dez cenas chorando, pesa, não posso me desvencilhar quando vou para casa. Vamos tratar de assuntos pesados como tráfico, mas daquele jeito frenético, bem Lombardi. Mas vou encarar o desafio. Vai ser meu grande comeback.