A patela, ou rótula, é um ossinho que se localiza no joelho. Essa articulação, vale relembrar, compõe-se do fêmur (osso da coxa), da tíbia (osso da perna) e da patela. Os três não se chocam porque são protegidos por cartilagem e pelo líquido sinovial. A patela é recoberta por um tecido (retinácula) que se liga ao músculo quadríceps (na coxa) e ao tendão patelar (na perna). Ela é importante porque, ao mover-se sobre a porção central côncava do fêmur, ajuda no ato de esticar a perna, no de dobrar o joelho e na frenagem ao descer, por exemplo, rampas. Infelizmente, pode apresentar doenças como a condromalácia patelar.
Carateriza-se essa doença quando a cartilagem da patela começa a amolecer e aos poucos se “racha” a ponto de ficar destruída. A condromalácia pode manifestar-se em qualquer pessoa, mas é oito vezes mais comum nas mulheres. A maioria delas tem joelhos valgos (voltados para dentro), o que causa o deslocamento da patela para fora. Ela sai de sua posição normal, passa a ter contato com a lateral externa do fêmur e recebe um excesso de sobrecarga. É isso que, com o tempo, às vezes leva ao amolecimento e à rachadura de toda a cartilagem no interior da patela.
A condromalácia patelar pode resultar também de microtraumas de repetição, sobretudo em atletas e em quem exagera nas atividades físicas, ou surgir como sequela de fraturas. Mas existem portadores que não têm joelhos valgos e não sofreram microtraumas nem fraturas. Acredita-se que desenvolvem a doença por herança genética.
Ela pode ocorrer ao mesmo tempo nos dois joelhos. Em geral os sintomas são mais intensos em um do que no outro. O sintoma básico é dor nos joelhos sobretudo ao subir e descer escadas; ao agachar e levantar-se; ao se levantar após ficar muito tempo sentado; e ao andar em superfícies íngremes. A dor às vezes aparece também após a portadora usar sapatos de salto alto.
Se a pessoa não faz nada, as rachaduras na cartilagem aumentam até chegar ao osso. Também as dores se intensificam, os joelhos incham e o volume de líquido sinovial aumenta. Ela passa a mancar e a ter dificuldade para atividades como descer e subir escada. Pode até ser obrigada a se afastar do trabalho.
Pessoas com sintomas devem consultar logo um ortopedista. O diagnóstico inicial é clínico. Pode-se comprovar a doença com exames de imagem como a ressonância magnética.
O tratamento consiste em aliviar a dor e combater a inflamação com gelo, analgésicos e antiinflamatórios. Nos casos mais graves, às vezes se imobiliza o joelho por alguns dias, até que o quadro regrida. O paciente faz tratamento fisioterápico com estes objetivos: a) fortalecer o músculo vasto medial da coxa, para que ele “puxe” a patela de volta à posição correta; e b) alongar os músculos posteriores, para diminuir a pressão na patela. Também é importante perder peso e evitar o uso de sapatos de salto alto e atividades físicas em locais íngremes.
Se em seis meses esse tratamento clínico não dá resultado, parte-se para o cirúrgico. Pode ser desde uma raspagem, para estimular a criação de um tecido de fibrocartilagem local, até a correção de todo o alinhamento da patela. Mas dificilmente um portador de condromalácia patelar operado se cura. Melhora bastante, mas ele terá de conviver com algum grau de limitação nos joelhos.