A Sanofi Pasteur, divisão de vacinas do grupo francês Sanofi, acaba de lançar no Brasil uma vacina contra coqueluche para adolescentes e adultos. A coqueluche, causada pela bactéria Bordetella pertussis, acomete pessoas de todas as idades. A vacina disponível na rede pública só é indicada a crianças menores de 7 anos, em esquema de três doses (aos 2, 4 e 6 meses) mais dois reforços (entre 15 e 18 meses e entre 4 e 6 anos de idade). A vacina usada na rede pública foi criada nos anos 1940 e é feita com a bactéria morta inteira (vacina celular). Apesar de eficaz, provoca reações indesejáveis, como febre alta e convulsões, o que levou à suspensão de seu uso no Japão nos anos 1970. Isso teve como consequência epidemias de coqueluche, com muitas mortes. Nos anos 1980, foram criadas as vacinas “acelulares”, contendo um a cinco componentes da bactéria, que causam menos reações indesejáveis. Foram licenciadas de início para crianças e depois se desenvolveu vacinas acelulares para adolescentes e adultos.
As novas vacinas são amplamente usadas nos EUA, Canadá, Europa e Austrália, onde se viu que, em média, 20% dos casos de tosse em adolescentes e adultos devem-se à coqueluche. São eles os principais transmissores da doença a bebês cuja imunização ainda não se completou.
Tanto a doença coqueluche como as vacinas conferem proteção por 5 a 10 anos apenas. Por isso, é importante vacinar adolescentes e adultos, evitando que tenham a doença e a transmitam às crianças.
A Sanofi Pasteur produz vários tipos de vacina contra a doença para crianças, adolescentes e adultos. A lançada no Brasil foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e já é usada em mais de 28 países. É quádrupla, protegendo também contra a difteria, o tétano e a poliomielite, e deve substituir a dupla adulto (dT). Hoje se sabe que, com a redução na circulação dos agentes infecciosos na população, são necessários reforços contra várias doenças, entre elas a coqueluche.
Essa doença atinge 18 milhões de pessoas no planeta todo ano, matando 250000. A incidência no Brasil aumenta a cada período de 2 a 5 anos. A bactéria é transmitida de uma pessoa para outra por gotículas respiratórias eliminadas quando o doente tosse, espirra ou fala. No caso de bebês com menos de 6 meses, em mais de 75% dos casos é transmitida por alguém da família ou por quem cuida deles. A vacinação dessas pessoas reduz o risco de transmissão.
Os sintomas iniciais da coqueluche são inespecíficos: mal-estar, coriza e tosse seca ou com catarro. Eles duram uma a duas semanas. A tosse agrava-se e passa a ocorrer em surtos com 5 a 10 tossidas, seguidas de vômitos e, frequentemente, de ruído inspiratório conhecido como “guincho”. Bebês com menos de 6 meses têm um quadro mais intenso e podem apresentar complicações como pneumonia, hemorragia conjuntival, crises de apneia e até convulsões e parada respiratória. Essa fase crítica dura duas a quatro semanas. Mesmo após a melhora, o doente pode tossir por meses.
É importante suspeitar de coqueluche em quem tem tosse por mais de duas semanas, sobretudo se acompanhada de vômitos ou estridor inspiratório. Casos suspeitos devem ser notificados à vigilância epidemiológica, para que sejam investigados e se adotem as medidas de prevenção. Manter a vacinação da população em dia é a melhor e mais econômica forma de prevenir a coqueluche.