O MAIOR ATLETA DE TODOS OS TEMPOS É RECEBIDO POR PATRÍCIA DE SABRIT EM FESTA COM GOSTO DE VITÓRIA
por Julia Melchior
Às vésperas da Copa do Mundo, o mais popular dos soberanos inaugurou a Embaixada de CARAS na Alemanha e se mostrou a mais singela das majestades. Sempre com um sorriso atencioso para todos os que se aproximavam em busca de uma foto ou de um autógrafo, o rei Pelé (65) tratou seus súditos com cordialidade e igual distinção. Tocou violão, bateu bola, falou de música, família, filhos e, claro, de futebol. Além de seus feitos já históricos, está lançando um CD na Europa e é motivo de uma exposição esse mês em Berlim.
Foi recepcionado pela atriz e apresentadora Patrícia de Sabrit (30) na fortaleza medieval que hospeda os convidados de CARAS durante a Copa, na charmosa Attendorn. Ela também se encantou com Pelé e não esquecerá jamais o momento em que dividiu o gramado com ele. "Pelé é um lord! Tem sempre uma palavra carinhosa para todos. Em nenhum momento tive a sensação de estar com alguém que se sente superior... Conversamos sobre as diferentes culturas no mundo... É mesmo um rei, de uma simpatia absoluta. E quando fomos jogar bola? Ele foi extremamente generoso comigo, me explicando tudo o que eu devia fazer. Foi muito gostoso e lisonjeiro chutar no 'gol do Pelé'! E eu chutei mesmo!", conta ela, eufórica. "Demos boas risadas", completa.
Como se seguisse um protocolo que decretou para si mesmo, há ocasiões nas quais se refere a Pelé na terceira pessoa. Faz questão de diferenciar o mito, apontado como o maior atleta de todos os tempos, de Edson Arantes do Nascimento, cidadão como tantos outros no mundo. Mas como essas duas figuras são a face de um mesmo ser, o Edson, por exemplo, precisa dormir poucas horas para descansar e cumprir, pontualmente, os compromissos de Pelé. Tem 7 filhos: os gêmeos Joshua e Celeste (9) de seu casamento com Assíria (45), uma união que já dura doze anos; Kely (39), Jennifer (36) e Edinho (35), do casamento com Rose Cholbi (61); Sandra Machado (41) e Flávia Kurtz (58), reconhecidas como filhas em 1997 e 2002; além de Gemima (15), sua enteada, a quem trata sempre com muito carinho. Gemima foi a primeira criança a aparecer na capa de CARAS, no dia 3 de dezembro de 1993.
Sempre cercado por fiéis escudeiros - como o empresário José Fornos Rodrigues (63), o Pepito, e Marco Antônio Parizotto (41), CEO da Prime, proprietária da marca Pelé -, o rei nunca perde o bom humor. Entre um suco de maçã e outro, vai dando seus palpites sobre a final da Copa. Elogia a Seleção Brasileira, mas não gosta de afirmar que seja a favorita. Segundo ele, quem faz isso perde. Melhor dizer que temos um time forte.
- O que considera expecional nesta Copa?
- Estive em quatro Copas dentro de campo e em muitas fora de campo. Nesta, as equipes estão muito bem preparadas. Há algumas especialmente fortes. Minha final preferida seria Brasil e Alemanha, claro. Uma revanche da Copa do Japão. Mas é muito difícil falar dessa final sem pensar na Itália, na Inglaterra, na Argentina...
- Das quatro Copas nas quais jogou, em 1958, 1962, 1966 e 1970, qual foi a melhor?
- Na minha primeira Copa tudo era uma grande surpresa. A de 1970 foi mais difícil, de muito mais responsabilidade. Eu já era um jogador experiente e tinha anunciado que iria parar de jogar. Essa Copa era decisiva para mim. O Brasil tinha que sair campeão. E, graças a Deus, venceu.
- Pode definir a Seleção Brasileira em poucas palavras?
- Temos os melhores jogadores do mundo. Os melhores jogadores da Europa são brasileiros e estão na Seleção. O time é o mais respeitado. Mas não basta ter um time com grandes jogadores se não atuam bem em grupo. Se tivermos um bom conjunto, teremos a seleção mais forte dessa Copa.
- Você está inaugurando a Embaixada de CARAS na Alemanha. Qual a sua impressão deste lugar?
- É a primeira vez que uma revista tem uma casa em uma Copa, pelo menos eu nunca vi outra. E não é apenas uma casa, é um castelo! Estou tendo a felicidade de conhecê-lo e achei realmente maravilhoso. É mesmo um privilégio poder passar a Copa em um lugar tão gostoso como este.
- É verdade que expressou o desejo de levar esse castelo, pedra por pedra, para o Brasil?
- O Brasil é um país novo, não tem algo assim, tão antigo. Levar esse castelo para lá seria muito bom. Para nós, brasileiros, é uma surpresa estar diante de um castelo real.
- Estamos muito felizes por ter nos dado a honra dessa visita numa época em que está com a agenda lotada. O que significa CARAS para você?
- Antes de vir para cá viajamos pelo mundo todo. Fomos à Inglaterra, à Austrália, à China, ao México, aos Estados Unidos e ao Brasil. Além do prazer de inaugurar a Embaixada de CARAS, estou tendo a oportunidade de relaxar, dormir tranqüilo. É muito bom. Sempre procuro me relacionar bem com as revistas onde apareço. E CARAS se porta muito bem com os artistas. É cuidadosa com o que publica. Com CARAS tenho uma relação muito boa. E essa revista também tem muita importância em minha vida porque quando meus gêmeos nasceram foi a primeira que publicou a foto deles.
- Você é um ídolo não apenas no futebol, mas também como pessoa. Como definiria o seu estilo?
- Nunca analisei isso. Me preocupo apenas em ser normal. Existe o Edson, que é uma pessoa da qual nada se sabe, e a figura do Pelé, muito conhecido. Pelé e Edson formam um conjunto. Procuro respeitar e ser amável com todo mundo e agradeço pela admiração. Sei que foi em parte por causa deles que estou aqui. Há muita gente que quando se torna famosa às vezes começa a se esconder, não dá autógrafos. Eu não. Minha personalidade não é assim, nasci como sou.
- Você teve que enfrentar um problema com um de seus filhos, o Edinho. Qual o caminho que está seguindo para ajudá-lo?
- O problema da libertação de Edinho agora está com os advogados. Todos sabem, no Brasil e no mundo inteiro, que ele não é um criminoso, era um jogador do Santos, uma pessoa normal que se envolveu com drogas... Então, espero que a Justiça seja rápida.
- Você já está casado há 12anos. O que Assíria tem que outras mulheres não têm?
- É uma pergunta difícil de responder porque isso é uma coisa de pessoas para pessoas, de encontros e desencontros. Quando encontrei Assíria, estava separado há 15 anos, divorciado. Estava em Nova York. Ficamos amigos e senti que ela era uma pessoa que podia ser minha companheira. Mas, da mesma forma que ela tem qualidades das outras mulheres, também tem os defeitos delas. A gente diz que as mulheres são mais ou menos criadas na mesma universidade... Ela é igual às outras mulheres.
- Então, o que há de especial no seu casamento?
- É uma relação muito franca. Talvez seja porque ela é muito religiosa, sua família é batista. Minha família também é religiosa, porém católica. Isso é uma coisa em comum. Ela gosta de música, canta música evangélica. Eu também gosto muito de música, mas prefiro samba. Há afinidades entre nós e uma coordenação, adaptamos nossos gostos. Não tem muito o que explicar. É uma relação sólida.
- O que o levou a fazer música?
- Meu passatempo sempre foi pegar um violão, escrever poesias e letras. Aí, comecei a pôr música e gostei. Tive muitas gravadas por outros, mas não deixava colocar o meu nome porque não queria uma comparação do Pelé compositor com o jogador. Agora, Ruriá Duprat, um amigo maestro, me disse que eu tinha de mostrar as músicas. Fui ao estúdio e gravei 12. Mandei mais de cem para ele. Fizemos o Peléginga, e vamos fazer mais dois CDs.
- E há uma exposição sobre você em Berlim...
- Em uma estação de trens. Lá estão os gols e algumas entrevistas de Pelé. É algo muito bonito, principalmente para os jovens que nunca viram o Pelé jogando. É a primeira vez que há uma exposição sobre um atleta em uma Copa do Mundo e eu estou muito feliz por isto. Se chama Peléstation.
- Um canal de TV alemão fez uma votação para eleger o melhor jogador da Alemanha. Beckenbauer ganhou. O que acha disso?
- Eu também votaria nele.