Exclusivo: Príncipe Albert II, soberano de Mônaco, diz que é fã de Gilberto Gil e Pelé e que seu país será neutro em carbono até 2050
O Príncipe Albert II (54), no Brasil até quinta-feira 21 para a Rio + 20, dedicou parte de sua agenda na quarta-feira 20, em meio a seus compromissos com a conferência da ONU, para atender com exclusividade a equipe de CARAS Online. O soberano de Mônaco, filho de Rainier III (1923-2005) e da atriz hollywoodiana Grace Kelly (1929-1982), contou que é fã de Pelé e Gilberto Gil (70). Também falou sobre os compromissos do principado com o desenvolvimento sustentável, como ser neutro em carbono até 2050, além de dar sua opinião em relação à importância do nosso país como liderança nas discussões sobre preservação ambiental no cenário mundial.
"Já estive no Brasil várias vezes, sete para ser preciso, e tive a oportunidade de conhecer quase todas as regiões. É um país maravilhoso", disse Albert, sempre simpático. Prova disso é que, na noite anterior, mostrou desapego à rigidez de protocolos, se servindo de miniwraps com a mão e tomando um vinho qualquer em taça de vidro, enquanto cumprimentava pessoas com beijo no rosto no segundo andar do cinema Odeon, no centro da cidade. Ele esteve no endereço para prestigiar a estreia mundial do documentário Planet Ocean, do francês Yann Arthus-Bertrand, e, sem frescuras, bebeu e comeu do mesmo buffet que estava sendo servido para as centenas de convidados fora de seu cercadinho vip, estrutura que não inibiu o contato do nobre com o povo - até presentinhos ele ganhou, como um DVD sobre corais.
"Gilberto Gil, Sérgio Mendes e Pelé são personalidades que admiro, e poderia citar vários outros brasileiros", revelou o príncipe, dando continuidade à entrevista. "Infelizmente, por causa da conferência, desta vez não terei a chance de fazer nada além de participar das reuniões ligadas à Rio + 20 e seus eventos paralelos", confessou, deixando claro seu carinho pelo país.
Albert afirma que uma de suas grandes preocupações é transmitir a seu povo a necessidade de ser exemplo de ponta na esfera da sustentabilidade."Um dos maiores desafios para o meu país é continuar a ser considerado como um modelo em relação à sua participação na proteção do meio ambiente. Mônaco pode ser um dos menores países do mundo, mas eu quero que o povo esteja ciente de que nos esforçamos para estar entre os mais inovadores em relação a abordagens sobre a preservação ambiental".
O príncipe conta que essa é uma prioridade da Casa de Grimaldi desde a década de 1960. "Apesar de meu país ter apenas dois quilômetros quadrados, com 36.000 habitantes, estou profundamente focado em garantir que o desenvolvimento futuro de Mônaco seja sempre sustentável". E continuou: "Pedi ao meu governo para fazer avançar as medidas necessárias para cumprir os objetivos dos compromissos assumidos, inclusive ser neutro em carbono até 2050. Desde a década de 1960, o meu país se voltou para a sustentabilidade, muito antes de essa palavra chegar à mente de todos".
Ele dá exemplos objetivos do que tem sido feito no principado. "Até agora, temos sido capazes de demonstrar que os degraus avançados nas questões ambientais têm consequências positivas sobre aspectos sociais e econômicos. Temos dado incentivos para a substituição de veículos comuns por carros elétricos, para a difusão de energias renováveis, para que novos edifícios sejam construídos de maneira ecologicamente correta e para que a população use mais os transportes públicos".
O Príncipe falou de como lidar com a necessidade de abrir mão do imediatismo de certos aspectos do desenvolvimento industrial em prol do meio ambiente em épocas de crise europeia."Obviamente, não podemos ignorar a situação difícil gerada pela crise. Mas seria errado ignorar também a urgência que todos temos em preservar nosso planeta", observou.
"Estou certo de que uma estreita colaboração com os agentes econômicos, baseada em uma convicção comum, gera novas oportunidades, bem como soluções para uma nova forma de crescimento. Na verdade, temos que estar convencidos de que o trabalho para o desenvolvimento sustentável introduz um novo ciclo virtuoso baseado em inovação e lucratividade por meio de parcerias público-privadas", defendeu o príncipe.
Albert falou ainda sobre o que considera ser o papel do Brasil nesse cenário. "Como membro do G20 e quinto maior país do mundo, além de uma das economias que crescem mais rapidamente, o Brasil tem um papel fundamental a desempenhar. Seu país é de suma importância em termos de liderança".