ESTRELAS EXIBEM SENSUALIDADE E CORES NA SOLENIDADE DA 49ª EDIÇÃO DO GRAMMY
Redação Publicado em 26/02/2007, às 17h17
por Ana Ligia Sampaio
Arriscar, pra quê? Parece que as estrelas do rock, rap, pop e country se fizeram a mesma pergunta na hora de escolher seus looks para a festa de entrega do Grammy, realizada no domingo, 11, em Los Angeles, Estados Unidos. Tida como premiação cujo tapete vermelho é sempre mais aberto a ousadias e irreverências - leia-se também deslizes -, a 49ª edição do mais importante prêmio da indústria fonográfica, o "Oscar" da música, contou com mais surpresas no palco do Wilshire Ebell Theater do que nos figurinos das celebridades.
Entre as beldades, longos de cores vibrantes e vestidinhos metalizados na altura dos joelhos foram maioria. Para eles, peças oversize e acessórios exagerados deram lugar a clássicos ternos. Neste ano, o mundo da música repetiu em afinado coro "menos é mais".
Conduzida pela primeira vez pelo cantor Justin Timberlake (26) - que circulou sozinho, apesar da presença da atriz Scarlett Johansson (22), tida como seu novo affaire - a cerimônia foi aberta com show especialíssimo. "Senhoras e senhores, nós somos o Police e estamos de volta", anunciou Sting (55), em boa forma. Ele, o baterista Stewart Copeland (55) e o guitarrista Andy Summers (64) executaram Roxanne, hit de 1978, e confirmaram para 2007 a primeira turnê internacional juntos depois de 20 anos.
Sentados nas primeiras filas, famosos tiveram seu momento de tietagem explícita, aplaudindo entusiasmados o grupo britânico. A fila do gargarejo, aliás, era ocupada por alguns dos artistas que seriam os grandes laureados da noite, como Mary J. Blige (36) - indicada para oito categorias e vencedora em três - e as meninas do The Dixie Chicks, Emily Robison (34), Natalie Maines (32) e Martie Maguire (37), que levaram para casa cinco gramofones dourados.
Dourado também era o corselet usado por Shakira (30), que cantou seu Hips don't Lie acompanhada por bailarinos. Sempre carismática e sensual, a colombiana encantou a audiência, mas não os fashionistas, que a apelidaram na noite de "Shock Ira", por conta da cabeleira um tanto selvagem demais para o clássico longo Carolina Herrera que ela usava. "Sinto que tenho muitas coisas para compartilhar com este país. De alguma forma, vivo o meu próprio sonho americano", disse a colombiana, alheia às críticas.
Veteranas de Grammy, Fergie (32), do The Black Eyed Peas, Beyoncé Knowles (25) e Christina Aguilera (26) apostaram em vestidos curtos com bordados ou em tecidos metalizados para subir ao palco e receberam aplausos extras. Coube a Christina fazer uma das homenagens da noite ao pai do soul, James Brown, morto aos 73 anos, em dezembro, em razão de pneumonia. "Confesso que estava emocionada e nervosa. Brown foi um dos cantores que sempre me inspirou, por isso, fiz questão de rever seus DVDs e ouvir os CDs antes desta apresentação. Foi incrível", confessou Christina. A loira, bronzeadíssima, circulou no red carpet com longo claro que marcava a silhueta e levou para casa também o prêmio de Melhor Performance Pop Feminina com Ain't No Other Man.
Vestidos longos também foram eleitos pela atriz Christina Ricci (27), que apresentou um dos prêmios ao lado de Samuel L. Jackson (58), e pelas cantoras Natalie Cole (57) e LeAnn Rimes (24). "Natalie é uma verdadeira força da natureza! Uma mulher na casa dos 50, mas que não deixa nada a dever a meninas de 20. Esse vestido Zac Posen ficou perfeito nela", afirmou Mary Alice Stephenson, editora da revista Harper's Bazaar, uma das bíblias da moda. "Adoro a cor turquesa. Escolhi este modelo porque achei sexy e confortável, aliás, fator mais importante para mim. Me sinto realmente linda com ele", confessou LeAnn sobre seu look byMonique Lhuillier, com detalhes de pedraria turquesa logo abaixo do busto.
Toda prosa com seu figurino - outro longo com decote em V profundo -, Mary J. Blige (37) contou como o escolheu ao lado do marido, Kendu Isaacs. "Há cerca de três meses, fui a loja de Michael Kors, justo em um dia que a mãe dele, Joan Kors, promovia um trunk show. Vi o vestido e logo pedi para que uma das modelos, que tinha a mesma estrutura física que eu, experimentasse. Na hora, falei: 'esse vai ser o meu vestido para o Grammy!'", disse a rapper, que, ao receber um de seus prêmios, citou mais de 50 nomes em agradecimento.
Conhecida pelas tatuagens, piercings e cabelo sempre inusitado - ela já tingiu as madeixas de preto, azul e rosa - a cantora Pink (27) causou frisson com um pretinho feminino e ousado. "Adoro moda, gosto de acompanhar tendências e saber sobre novos estilistas. Uso de tudo, menos pele", afirmou a roqueira, que contou ainda ter planos para visitar o Brasil em breve. "Um dos meus guitarristas é brasileiro, o cara é muito bom! Definitivamente é um dos destinos que quero conhecer, para fazer shows ou descansar", emendou Pink que nos intervalos da premiação engatou animado bate-papo com Portia De Rossi (34) e Ellen DeGeneres (49), escalada para apresentar o Oscar, e Lisa Marie Presley (39).
Já a canadense Nelly Furtado (28), que voltou às paradas com hits dançantes e visual sexy, deixou a desejar com vestinho de gosto duvidoso. Com modelitos também acima dos joelhos, porém sem exageros, a cantora Corinne Bailey Rae (28) e a atriz Alyson Hannigan (32) se deram melhor. Também na turma das novatas que preferiram não arriscar no visual, a cantora Carrie Underwood (23), revelada no programa American Idol, usou dois vestidos da grife Badgley Mischka - prateado para o tapete vermelho e preto para sua apresentação no palco - e poderosas jóias Johnathon Arndt, que incluíam um anel estimado em 2,8 milhões de dólares na mão direita. "Tudo é incrível; me sinto uma verdadeira princesa. Várias pessoas trabalham para deixar você pronta e linda", contou ela, entusiasmada. "É tudo maluco, todos em Los Angeles estão gritando! Só em uma premiação como o Grammy é possível ver os caras do Red Hot espirrando espuma por todos os lados", emendou ela, que acompanhou a folia dos roqueiros ainda na chegada ao Wilshire Ebell Theater.
Os californianos John Frusciante (36), Flea (44), Anthony Kiedis (44) e Chad Smith (45), do Red Hot Chili Peppers, tinham mesmo muito a comemorar: terminaram a noite com quatro prêmios com o disco duplo Stadium Arcadium, dentre eles, Melhor Canção de Rock por Dani California.
O 49º Grammy ainda contou com uma série de homenagens a Maria Callas (1923-1977), The Doors, The Grateful Dead e a cantora Joan Baez (65) pelo conjunto da obra. Símbolo do movimento antiguerra dos anos 1960, Joan Baez afirmou que sua volta aos palcos é por causa do presidente americano George W. Bush (60). "Ele é o melhor agente de publicidade que eu poderia ter. As pessoas me pedem para comparar os anos passados com os dias de hoje. É praticamente uma reprise", ironizou ela.
A política também influenciou na grande revanche da noite: a premiação do grupo country Dixie Chicks, laureado com cinco estatuetas. "Acho que hoje o povo usou sua liberdade de expressão", disse, emocionada, a vocalista Natalie Maines (34). A cantora foi centro da controvérsia que envolveu o presidente americano em 2003 quando, em um show em Londres, ela disse à platéia que o grupo se sentia envergonhado pelo fato de Bush também ser texano. Na época, o comentário ofendeu fãs do country, que boicotaram o trio em shows e nas emissoras de rádio. Curiosamente, a ressurreição do grupo coincide com o pior momento político do presidente.
FOTOS:REUTERS
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