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Gracindo Jr. e seu legado de afeto e arte

Dentro de casa e no teatro, o ator Gracindo Jr. mostra parceria afinada com os filhos Gabriel e Pedro

Redação Publicado em 09/04/2013, às 15h59 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Na sala, o pai, no bongô, e Gabriel e Pedro, ao violão, tocam É o Amor. - Cadu Pilotto
Na sala, o pai, no bongô, e Gabriel e Pedro, ao violão, tocam É o Amor. - Cadu Pilotto

Em cartaz com o espetáculo Canastrões, no Rio, até o próximo domingo, 14, o ator Gracindo Jr. (69) vive no palco a extensão da sua casa. Orgulhoso do legado profissional que seu pai, o memorável Paulo Gracindo (1911-1995), lhe deixou, ele hoje transfere, em cena, sua herança mais valiosa aos filhos Gabriel (35) e Pedro (27). “Nós contamos a história de três atores, pai e filhos, que percorrem os palcos arrastando um canastro, uma espécie de baú, carregado de adereços, figurinos, mas também de memórias e muitos sonhos. Hoje em dia, as heranças se resumem a imóveis, apartamentos e investimentos. Não há mais a concepção da importância de repassar o ofício, o aprendizado, uma poesia. Justamente o que meu pai passou para mim, e o que hoje eu deixo para eles”, explica Gracindo, em sua cobertura, no bairro carioca da Barra da Tijuca.

Para os três, estar em família no teatro representa muito mais do que uma relevante experiência profissional. É o momento mais propício para estreitar os laços. “No palco, a gente sempre constrói uma família. Então, estar ao lado da minha, de verdade, potencializa o sentimento. Quando a cortina se abre, soa o terceiro sinal do teatro e as luzes se apagam, a gente sempre se olha e pensa: ‘caramba, estamos os três aqui. Que coisa mágica! Conquistamos uma relação em cena que, fora dela, não teríamos”, avalia Pedro. “Contracenar traz uma intimidade enorme. Com isso, nos aproximamos e passamos a nos conhecer mais, de verdade”, acrescenta Gabriel.

Mas, apesar da relação de intensa cumplicidade esculpida pela rotina de ensaios e apresentações, Gracindo está distante da figura do pai coruja. Sem qualquer constrangimento, ele reconhece que a paternidade foi o seu papel mais difícil. “De verdade, não sabia ser pai. Penso até que devo ter sido bem ruim nessa função. Para mim, pai mandava em filho até os 18 anos e depois cada um seguia a sua vida. Conforme fui envelhecendo, e eles também, descobri como me relacionar. Atualmente, adoro ser o pai que sou para eles. Transformamos nossa relação em uma bonita amizade”, comemora Gracindo Jr., que reconhece suas características mais marcantes em seus herdeiros. “Tenho a agressividade positiva do Pedro e também a doçura do Gabriel. É muito interessante se ver no outro”, afirma ele.

O trio, que por três meses apresentou uma bem-sucedida temporada do espetáculo em Portugal, também ressalta a importância do hábito de partilhar emoções. “Lá, dividimos a mesma casa, o carro, a mesa... Foi tudo intenso. Convivemos, divergimos, discutimos, tudo aquilo que as famílias fazem. E isso só ajuda a aumentar o amor, a admiração e o entendimento em uma relação. Coisas que não têm preço”, analisa Gabriel, no elenco de Dona Xepa, na Record.