Assombrado: de assombrar, de sombra, do Latim umbra, com o significado de sem sol, mas também triste, assustado. E ainda admirado, como nestes versos do Hino da Maçonaria, cujo autor foi o imperador dom Pedro I (1798-1834): “Da luz que se difunde, sagrada filosofia/ surgiu no mundo assombrado a pura maçonaria.”
Bestializado: de besta, do Latim besta, animal feroz, palavra depois aplicada também a animais domésticos ou domesticados. Ficar bestializado é adotar comportamento animal, em geral reduzido a um tipo de besta, o burro. Aristides Lobo (1905-1968) utilizou a palavra para relatar a indiferença do povo diante da República recém-nascida: “Por ora, a cor do governo é puramente militar e deverá ser assim. O fato foi deles, deles só porque a colaboração do elemento civil foi quase nula. O povo assistiu àquilo tudo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditaram seriamente estar vendo uma parada!”.
Cristovense: de Cristóvão, do Grego Christophorus, transportador de Cristo (século I). A lenda cristã informa que, sendo de alta estatura e forte, um homem chamado Réprobo tinha por ofício ajudar viajantes a atravessar um rio. Tornou-se santo com o nome de Cristóvão e é representado com o Menino Jesus às costas e este tem o globo terrestre numa das mãos. Cristóvão, nome de cidade em Sergipe e de bairro do Rio, é nome comum na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil, desde o século VI, a começar por Cristóvão Colombo (1451-1506) e pelo senador Cristovam Buarque (68), entre outros. Nos cultos afro-brasileiros, São Cristóvão (século III) é associado a Xangô, à semelhança de São Jorge (século III) e Santa Bárbara (século III), santos católicos que têm entidades equivalentes. O primeiro é Oxóssi, nuns cultos, e Ogum em outros. E Santa Bárbara é Iemanjá.
Evangelista: do Grego evangelistés pelo Latim eclesiástico evangelista, do mesmo étimo do Grego ággelos pelo Latim angelus, mensageiro, anjo. Evangelistas foram aqueles que escreveram os Evangelhos. Evangelho quer dizer em grego boa nova. Quando, no ano 325, o imperador romano Constantino (272-337) reuniu os bispos em Niceia, atual Iznik, naTurquia, houve um consenso de que dos mais de 300 evangelhos seriam aceitos apenas quatro: Mateus, Marcos, Lucas e João. O terceiro evangelista era médico, foi contemporâneo dos primeiros apóstolos e morreu aos 84 anos. É padroeiro dos pintores, dos curandeiros e dos médicos. Sua festa é em 18 de outubro. Os outros evangelhos receberam a designação de apócrifos, com o significado de oculto, secreto. De vez em quando corre notícia informando o que os arqueólogos descobriram. Há poucos anos, surgiram o Evangelho de Judas e o Evangelho de Maria Madalena. E recentemente pesquisadores apresentaram um documento informando que Jesus tinha sido casado com ela.
Labéu: de origem desconhecida, provavelmente do Latim labes, queda, falha. Aparece na primeira estrofe da canção que obteve o primeiro lugar no concurso público instituído pelo marechal Manuel Deodoro da Fonseca (1827-1892) para escolha do Hino Nacional Brasileiro: “Seja um pálio de luz desdobrado,/ Sob a larga amplidão destes céus./ Este canto rebel, que o passado/ Vem remir dos mais torpes labéus!”. O povo não gostou do novo hino nem da nova música e continuou cantando como hino nacional o da Independência. A letra vencedora era de Medeiros e Albuquerque (1867-1934). E a música, de Leopoldo Américo Miguez (1850-1902).
Réprobo: do Latim reprobus, do mesmo étimo de reprobare, reprovar. Como se vê, na passagem do Latim para o Português, o verbo perdeu o “e” final e houve troca de “b” por “v”, como em prova e em provar, originalmente com “b” no Latim. Réprobo significa mau, perverso, condenado. Era o nome original de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas. Mudou de nome após atravessar um rio com um menino às costas. A lenda cristã informa que, sendo alto e forte, seu ofício era ajudar viajantes a atravessar um rio. No dia em que lhe coube carregar a criança nos ombros, sentiu um peso enorme e estranhou porque nenhum adulto pesava tanto.