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Etimologia

Redação Publicado em 13/02/2012, às 15h09 - Atualizado às 15h11

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Aquecimento: de aquecer, do latim vulgar adcalescere, variante de calescere, esquentar. O tema do aquecimento global frequenta todas as mídias, sendo o carbono o grande vilão do meio ambiente. Contra ele são travadas lutas homéricas. E por causa delas surgiu o Protocolo de Kyoto. Elaborado em 1995, mas adotado apenas em 2005, para fixar medidas de controle do aquecimento global, determinava que, a contar de 1990, até 2012, as nações industrializadas deveriam reduzir em 5% a emissão de carbono. Estados Unidos, Canadá, Rússia e Japão, os maiores poluidores do mundo, não ratificaram esse protocolo. Em 2010, o volume de carbono lançado no ar atingiu 33 bilhões de toneladas, agravando o aquecimento global.

Blindar: do alemão blenden, cegar, ofuscar, pelo francês blinder, revestir com aço, metal ou outro material resistente o que se quer proteger. O significado original era esconder. O alemão Blinde, cego, designou originalmente instalação militar que ocultava seus ocupantes. As primeiras blindagens foram de capim, ramos e folhas de árvores, para que o inimigo não visse os soldados e armas ali escondidos. Depois passaram a ser de pedra, de ferro, de aço, mudando de significado: o inimigo agora via, e o propósito não era esconder-se dele, mas defender-se. O primeiro veículo blindado foi um navio. Isso foi feito com couro e recebeu  o nome de encouraçado, mesmo que depois os encouraçados fossem de puro aço e hoje sejam encouraçados por mísseis. Atualmente até carros de passeio são blindados pelo mesmo motivo: resistir aos inimigos, a suas poderosas armas. A blindagem não se deu apenas nos carros. Antes, um cavaleiro medieval também estava blindado, embora a palavra ainda não existisse. Entre os merovíngios, usava-se outra palavra: aveugler. O étimo está presente também no inglês blind, cego. Blindar aparece ainda em textos jurídicos com o sentido de proteger o cliente com recursos ou artifícios legais.

Carbono: do latim carbone, declinação de carbo, carvão, tição, brasa. Passou a designar o elemento atômico 6, capaz de formar extensas cadeias de átomos, com inúmeros compostos. Antigamente o primeiro contato das crianças com palavras em que esse étimo estava presente dava-se ao redor dos fogões onde a lenha virava brasa e depois carvão. Na escola conheciam o papel-carbono, primeiro modo de fazer cópias, antes da invenção das impressoras domésticas acopladas a um computador pessoal. Mais adiante, já adolescentes, eram apresentadas ao carbono 14, recurso utilizado em testes para datar a idade de um achado arqueológico.

Filigrana: do italiano filigrana, técnica de ourivesaria com fios de ouro, prata ou outros materiais preciosos, tão sutilmente colocados, que para vê-los é preciso pô-los contra a luz. Os étimos remotos são o latim filus, fio, e granus, grão. Mas filigrana ganhou também o sentido de ninharia. Num debate, invocar detalhes sem importância, desviando-se do foco central, é trazer filigranas para a discussão.

Piso: de pisar, do latim pinsare, bater, moer. Designou originalmente o terreno em que se anda. Quando as construções eram apenas térreas, o piso era unicamente o chão, mas depois foi aplicado também à base dos pavimentos seguintes, como primeiro piso, segundo piso etc. Ainda na Idade Média ganhou outros significados, como o dote que as freiras pagavam ao entrar para o convento. Hoje é muito utilizado o piso salarial, o menor salário de uma categoria, que serve de base aos reajustes.

Saudação: do latim salutatione, declinação de salutatio, ato de saudar, cumprimentar. Ao lado das formas clássicas bom dia, boa tarde, boa noite, perguntamos também “Como vai?”. O professor e escritor italiano Umberto Eco (80) imaginou como responderiam ao cumprimento “Como vai?” personalidades referenciais de nossa cultura. Goethe (1749-1832): “Tem pouca luz”. Freud (1856-1939): “Diga você”. Dante (1265-1321): “Estou no sétimo céu”. Sacher-Masoch (1836-1895): “Graças a Deus, mal”. Hegel (1770-1831): “Em síntese, bem”. Kant (1724-1804): “A situação está crítica”. Pirandello (1867-1936): “Segundo quem?”. Torricelli (1608-1647): “Entre altos e baixos”. Lúcifer: “Como Deus manda”.