Alabastro: do grego alábastros, pelo latim alabaster, espécie de pedra calcária branca e translúcida, e também o vaso para perfume feito desse material. Os seios de Inês de Castro (1320 ou 1325-1355), “aquela que depois de morta foi rainha” e que está na origem da expressão desoladora “agora Inês é morta”, são descritos pelo poeta português Luís Vaz de Camões (1520/1524-1580) como se fossem de alabastro: “Tais contra Inês os brutos matadores,/ No colo de alabastro, que sustinha/ As obras com que Amor matou de amores/ Aquele que depois a fez Rainha,/ As espadas banhando e as brancas flores,/ Que ela dos olhos seus regadas tinha,/ Se encarniçavam, fervidos e irosos,/ No futuro castigo não cuidosos.” Ela era mãe de quatro filhos bastardos de dom Pedro I (1320-1367), de Portugal, filho do rei dom Afonso IV (1291-1357).
Bulir: do latim bullire, mexer, agitar. Aparece conjugado nestes versos do poema Fado Português, de José Regio (1901-1969) : “O Fado nasceu um dia,/ Quando o vento mal bulia/ E o céu o mar prolongava,/ Na amurada dum veleiro,/ No peito dum marinheiro/ Que, estando triste, cantava,/ Que, estando triste, cantava.”
Catalão: do espanhol catalán, habitante ou o que se qualifica como da Catalunha, uma das províncias espanholas onde se fala o catalão. Barcelona, o time que se tornou campeão do mundo ao vencer o Santos em Tóquio, em 18 de dezembro de 2011, tem o mesmo nome da capital da Catalunha e até 2011, em vez de receber publicidade nas camisas, pagava para ostentar as letras Unicef, iniciais inglesas do Fundo das Nações Unidas para a Infância. Todavia, a partir de 2011 passou a ostentar também a Qatar Foundation, uma organização não governamental, entretanto mantida com verbas do governo do Qatar.
Dom: do latim donum, dom, dádiva. Utilizado para designar qualidade natural inata, em geral é tido como presente de Deus, como faz a fadista portuguesa Amália Rodrigues (1920-1999): “Foi Deus,/ quem me pôs no peito,/ um rosário de penas,/ que vou desfiando,/ e choro a cantar,/ e pôs estrelas no céu,/ fez o espaço sem fim,/ deu luto às andorinhas,/ Ai, deu-me esta voz a mim.”
Estampa: do italiano stampa, figura impressa ou gravada, de onde veio estampilha, sinônimo de selo. A origem remota talvez seja a raiz indo-europeia *steb, stebh ou step, presente no frâncico Stampôn, pilar, sua última escala antes de chegar ao italiano stampa, já designando impressão. A ideia de que é necessária a força para estampar está no francês stamper, moer, esmagar, com o fim de obter marca sobre objeto metálico. Estampa pode designar também aparência, como na expressão “moça de fina estampa”, equivalente a “de fino trato”. Fina Estampa dá título a telenovela de Aguinaldo Silva (67) em que se destaca, entre outras personagens referenciais, uma vilã vivida pela atriz Christiane Torloni (54), ao lado do casal protagonista Lilia Cabral (54) e Dalton Vigh (47).
Fado: do latim fatum, destino, predição, profecia, do mesmo étimo de falar, do latim fabulare, que traz implícito o ato de inventar. Ao consultar os oráculos, a pessoa perguntava o que seria de seu futuro. A resposta era dada por complexos sinais, como a primeira coisa que ouvisse de alguém ao sair do templo. Mas fado é mais conhecido por designar canção típica de Portugal, em geral triste por lamentar infortúnios. A referência solar do fado é a cantora Amália Rodrigues.
Vingativo: de vingar, do latim vindicare, do mesmo étimo de reivindicar. O vindex, defensor, na antiga Roma, atuava junto ao judex, juiz, e a designação não foi sempre pejorativa. Ao contrário, na Bíblia, o próprio Deus diz “minha é a vingança”, mas com o tempo vingativo e vingador ganharam significados menos nobres, ainda que vingativo, ao lado de justiceiro e de cru ou cruel, tenha sido o apelido de dom Pedro I, que mais tarde os historiadores descobriram ter sido bissexual, tendo ordenado a castração de um dos namorados porque esse amava uma mulher casada. Ao subir ao trono, depois de combater o pai, ele deu cabo a brutal vingança, mandando matar dois dos três conselheiros do rei que identificou como responsáveis pela morte da concubina.