Estiagem: de estiar, mais o sufixo agem, comum na formação de palavras, como lavagem e contagem, vindas de lavar e contar. Note-se que a terminação ar, própria dos verbos da primeira conjugação, cai fora para a entrada do sufixo. Estiagem é palavra ligada a estio, do latim aestivus, tempo de muito calor, sem chuvas, como ocorre a Natal (RN), a chamada “esquina do Ocidente”, “noiva do Sol” e “cidade do Sol”, com cerca de 300 dias de sol por ano. Visitada anualmente por 2 milhões de turistas, Natal, por sua privilegiada localização geográfica, é considerada pelos Estados Unidos um dos quatro pontos estratégicos do planeta, ao lado de Suez, Bósforo e Gibraltrar, o que pode ser comprovado pelas bases norte-americanas ali instaladas durante a II Guerra Mundial, período que marca o salto desenvolvimentista que teve.
Noz-moscada: do latim nuce, declinação de nux, noz ou qualquer fruto de amêndoa ou casca dura, e do baixo latim muscata, de muscus, almíscar, que em grego é móskhos, designando uma das mais procuradas especiarias cujo comércio o ciclo das navegações do século XVI buscou intensamente. A origem remota é o persa musk, testículo, a cuja forma a noz-moscada foi comparada. Junto com o gengibre e o cravo, foi uma das razões para os navegadores procurarem as Ilhas das Especiarias, hoje Ilhas Molucas, arquipélago que pertence atualmente à Indonésia.
Presidencial: de presidente, do latim praesidente, declinação de praesidens, função de quem preside, está à frente, como indica o prefixo prae, pre ou pré, em português, e sedeo, estou sentado, isto é, eu estou sentado à frente, sou o primeiro. Por uma dessas sutis complexidades de todos os poderes, incluindo o presidencial, a ideia é trabalhar sentado, de que é exemplo emblemático o trono, caso dos reis e do papa, e da cadeira de presidente da República. Esta última tem sido quase uma cadeira elétrica para alguns dos que a ocuparam. O gaúcho Getúlio Vargas (1883-1954) foi o 14º e o 17º presidentes do Brasil, ocupando a Presidência de 1930 a 1945, e de 1951 a 1954, quando se suicidou.
Suceder: do latim succedere, isto é, sub cedere, acontecer. “Naquele ano sucedeu (aconteceu) que X sucedeu (veio depois, substituiu) a Y.” No antigo latim, tinha também o sentido de entrar num porto. Faz alguns anos que nada sucede de estranho na sucessão brasileira.Mas Tancredo Neves (1910-1985) não chegou a sentar-se na cadeira presidencial e, como não tomou posse, não entra na contagem de presidentes. Seu vice, José Sarney (81), entra, pois tomou posse e governou o Brasil em seu lugar, de 1985 a 1990. Fernando Collor (62) governava Alagoas quando se tornou o 32º presidente do Brasil, o primeiro a ser eleito em votação direta depois do período pós-1964. Foi sucedido por seu próprio vice, Itamar Franco (1930-2011. Na verdade, essa contagem omite também o período em que o Brasil foi governado por uma junta militar que depôs o vice-presidente Pedro Aleixo (1901-1975), que deveria assumir após a doença e morte do presidente Arthur da Costa e Silva (1899-1969).
Três-marias: de três, do latim tres, e de Maria, nome de mulher, de origem egípcia, mrym, com o significado de amada de Amon, o principal deus do Egito na Antiguidade, pelo hebraico Miriam, que chegou ao português Maria pelo latim Maria. Designa grupo de três mulheres que estão sempre juntas, em alusão às Marias dos Evangelhos: Maria, mãe de Jesus; Maria Madalena, primeira a vê-lo ressuscitado; e Maria, irmã de Marta, que andavam bastante juntas. Mas três- marias é verbete mais conhecido por designar três estrelas muito brilhantes da constelação de Órion.
Zodíaco: do grego zodiakós kýklos, círculo de animais, pelo latim zodiacum, designando, como no português, espaço celeste dividido em doze partes, batizadas quase todas com nomes de animais, constituindo os signos do horóscopo. A crença de que a Lua, os planetas e as estrelas influenciam a vida na Terra é tanta que a mídia apresenta diariamente previsões de felicidade ou infelicidade. O poeta mineiro Djalma Andrade (1891-1975), em Cantigas do Mal Dizer, tratou desta preocupação assim: “Só de dois modos a gente/ É, neste mundo, infeliz:/ Quando não tem tudo o que quer/ Quando possui o que quis.”