Maria, nome comum em todo o mundo ocidental, veio do hebraico Miriam, na verdade Mrym, uma vez que é língua sem vogal. A Maria mais famosa é a mãe de Jesus, representada muitas vezes de véu, do latim velum, tecido para esconder ou cobrir alguma coisa.
Aparecida: de aparecido, particípio de aparecer, do latim apparescere, ser visto. É um dos nomes femininos mais comuns entre nós, por influência de Nossa Senhora Aparecida, declarada Padroeira do Brasil em 1930 pelo papa Pio XI (1857-1939). Representada como rainha, veste um manto azul e traz na cabeça uma coroa de ouro cravejada de diamantes, presente da princesa Isabel (1846-1921).
Conceição: do latim conceptione, declinação de conceptio — em ambas, o “t” tem som de “s” —, do mesmo étimo de concipere, conceber. A Virgem Maria é geralmente representada de véu, mas Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Portugal desde os tempos de dom João IV (1604-1656), aparece na iconografia cristã às vezes sem véu, substituído por uma coroa de rainha ou por um manto.
Inquisição: do latim inquisitione, declinação de inquisitio. Em latim, este “t” tem som de “s”. É do mesmo étimo de inquirir, do latim inquirire, perguntar, interrogar, investigar. Designa tribunal eclesiástico, instituído para investigar e punir crimes contra a fé católica. É conhecido também pelo nome de Santo Ofício. No Brasil do século XVIII, a Inquisição condenou 1074 pessoas e executou o dramaturgo brasileiro Antônio José da Silva (1705-1739), garroteado e queimado em Lisboa. A Galileu Galilei (1564- 1642), punido com prisão domiciliar, e a Giordano Bruno (1548-1600), condenado à morte na fogueira, juntou-se em 1985 o teólogo catarinense Leonardo Boff (73), castigado com o “silêncio obsequioso”. Ele sentou-se e foi interrogado no mesmo banquinho do Palácio do Santo Ofício onde se sentaram e foram igualmente interrogados os outros dois. Os três fizeram declarações que se tornaram célebres. Galilei disse em italiano: “Eppur si muove” (“Ela ainda se move”), reiterando que é a Terra que gira ao redor do Sol. Giordano disse em latim: “Maiori forsan cum timore sententiam in me fertis quam ego accipiam (“Talvez sintam maior temor ao pronunciar esta sentença do que eu ao ouvi-la”). Boff disse em português: “A Inquisição não esquece nada, não perdoa nada, cobra tudo.”
Maria: do hebraico Miriam, na verdade Mrym, uma vez que é língua sem vogal, pelo latim Maria. Nos dicionários, Maria designa bolacha, biscoito originalmente redondo e fino, cuja marca passou a substantivo comum. Está presente em palavras compostas como maria-chiquinha (penteado), maria-condé (brinquedo infantil), maria-fumaça (trem), mariaisabel (prato de arroz e carne-seca) e maria-judia (tico-tico). O étimo original de Maria é egípcio e tem o significado de “amada de Amón”, pela formação mri, amado, e Amón, oculto, único deus deles.
Totó: do francês toutou, forma onomatopaica de as crianças chamarem o cachorro. Designa ainda vulva, pênis de menino e chute fraco e curto dado com o lado do pé. Totó la Momposina é o nome pelo qual é mais conhecida a cantora do folclore colombiano Sonia Bazanta Vides (63), famosa em todo o mundo após cantar na cerimônia de entrega do Nobel de Literatura a Gabriel García Márquez (83), em 1982.
Véu: do latim velum, tecido para esconder ou cobrir alguma coisa. O significado mais comum é veste leve e fina usada pelas mulheres sobre os cabelos, às vezes longa, descendo pelos lados do corpo e pelas costas. Mas há aí também sutis diferenciações. O véu da noiva não é o mesmo da freira e muito menos o da muçulmana. Revelar tem o mesmo étimo de véu, e o latim vela — que em português é vela e designa peça de pano das embarcações — resulta do plural de velum, mas sua origem etimológica é controversa. Pode ter vindo de “*wegh”, étimo do indo-europeu com o sentido de transportar: por terra, a cavalo, de carro, por mar. E vela, designando meio de iluminação, veio de velar, do latim vigilare, ficar acordado, aceso.