Arrabalde: do árabe ar-rabad, bairro, equivalente ao latimsuburbium, subúrbio. Era “ár-rabad”, mas ao chegar a Portugal a pronúncia mudou para “ar-rabád”, sem substituir suburbium, herdado da civilização romana. Tornou-se arrabalde por influência de “balde”, que, com o sentido de embalde, debalde, veio do árabe batil, vazio, inútil. Outras línguas preferem o étimo grego periphéreia, periferia, que a língua portuguesa também usa, de que são exemplos as alusões a regiões muito pobres nas cercanias das cidades e aos países ainda insuficientemente desenvolvidos em relação aos líderes das economias referenciais do mundo contemporâneo.
Baldeação: de baldear, verbo presente na língua portuguesa desde o século XVI, ainda que baldeação só tenha sido registrada no século XVIII. O étimo comum é balde, do latim battilum, balde, vasilha, que se mesclou a vatilla, plural de vatillum, e deu vasilha. Originalmente, baldeação designava o ato de transferir com o uso de baldes as mercadorias de uma embarcação a outra ou a outro meio de transporte. Depois foi aplicada também à transferência de passageiros, de um navio a outro, de um trem a outro, de um ônibus a outro. Nas longas viagens de trem, pode ter influenciado a denominação o ato de retirar os passageiros, lavar o vagão e trazê-los de volta ao recinto ou encaminhá-los a outro vagão ou trem. Algumas baldeações se tornaram famosas no Brasil, como a de Cacequi (RS). Quando o trem vinha de Santana de Livramento ou de Bagé, a baldeação consistia em que a maioria dos passageiros deixasse o trem com suas bagagens e embarcasse em outros trens para Porto Alegre ou Santa Maria. Os trens de passageiros pararam em 1996, mas as marcas do movimento e o número de desvios no seu pátio permanecem como testemunhas daquele que foi um dos mais importantes pátios ferroviários do País.
Ficha: do francês fiche, tento e também pauzinho usado para marcar pontos no jogo. No século XV, o francês fiche designava instrumento de ferro, de ponta aumentada, utilizado para plantar a vinha. Quatro séculos depois, fiche já era também cartão ou folha solta para ordenar informações, e ficher, fixar em locais visíveis. Neste caso, a origem mais remota ainda é o latim figere, furar, transpassar, que ganhou o significado adicional de afixar, pelo latim vulgar figicare e depois ficcare, fincar. A expressão “caiu a ficha” remete aos primeiros telefones públicos em forma de orelhão: colocada a ficha, era necessário esperar que caísse para começar a falar e a ouvir.
Ianque: do inglês yankee, designando de forma pejorativa o habitante do norte dos Estados Unidos e, por extensão, o norte-americano indesejável em outras regiões ou países. Procede do apelido holandês Jan Kass, João Queijo, muito apropriado aos holandeses, que fazem bons queijos. Marinheiros norte-americanos passaram a usar o apelido para designar os piratas e o termo popularizou-se em Nova York. Holandeses que emigravam para os Estados Unidos passaram a identificar com a denominação jocosa também os norteamericanos do norte. “Yankees, go home!” foi bordão muito usado nos países invadidos ou incomodados com a presença de tropas norte-americanas.
Psoríase: do grego psoríasis, erupção sarnenta. Designa doença de etiologia desconhecida, de evolução crônica, caracterizada por manchas avermelhadas em forma de discos, com escamas prateadas. Couro cabeludo, joelhos e cotovelos são as áreas nas quais mais se manifesta e se expande. Em grego, psorós quer dizer áspero, rugoso, e psóra é sarna. A doença alastrou-se tanto no País que 29 de outubro, Dia Nacional do Livro, é também o Dia Mundial de Combate à Psoríase.
Táxi: do inglês taxi, redução de taxicab e esta de taximeter cab, cabo de taxímetro (para medir a distância percorrida). A etimologia remota é o grego táksis, classificação. Tásso, em grego, é pôr em ordem. Nossa ideia de táxi é um veículo motorizado dirigido por profissional habilitado, o taxista. Mas em diversos países esse meio de transporte é puxado por tração animal ou humana.