Erika Mader estreia na direção de teatro e revela como venceu o medo e saiu em busca de novos desafios
Estar sempre em movimento faz parte da rotina de Erika Mader (26). Mais do que a silhueta esbelta, fruto do DNA e da prática de exercícios, ela pretende com isso dar uma outra dinâmica à sua vida. E encara o desafio sem medo de ousar. Desde que se iniciou na carreira artística, há oito anos, a sobrinha da atriz Malu Mader (46) simplesmente não para de buscar novos caminhos. Atriz, apresentadora, repórter, produtora, ela agora acrescentou outras duas atividades à lista, as de tradutora e diretora teatral. Segura e firme, escolhe palavras densas para falar sobre seu envolvimento com a peça Sóbrios, em cartaz desde 7 de setembro. Erika garante que a “multidisciplinaridade” é um traço de sua geração. “Hoje, temos uma autonomia maior, uma independência profissional que permite fazer várias coisas envolvendo uma mesma área. Dizem que a gente é a Geração Barra: você é isso ‘barra’ aquilo ‘barra’ outra coisa. Não é ruim ou pejorativo. Pelo contrário, tende a enriquecer”, afirma. Carioca, ela recebeu a equipe de CARAS em um dos cartões-postais da cidade, o Jardim Botânico. É lá, no Espaço Tom Jobim, dentro do parque, que encena o texto do americano Adam Rapp (43) sobre um rapaz de 16 anos viciado em tecnologia. Ele tenta salvar a família desestruturada participando de uma competição de videogame que vale um milhão de dólares.
– Quando decidiu dirigir?
– Desde o ano passado queria voltar a fazer teatro, e não sabia ao certo que tipo de atuação teria, se dirigir, produzir, escrever. Pesquisei textos contemporâneos. Li e reli vários até chegar a esse. Fiquei um pouco receosa de me arriscar na direção, por não achar que estava pronta, conversei com diretores, sondei alguns, até que reconheci que tinha que me libertar do medo. Sou jovem, é o momento certo de arriscar. Mergulhei no projeto.
– Por que resolveu também cuidar da tradução do texto?
– Na verdade, desde que li o original, percebi meu inglês bem afiado, conseguia enxergar o que o autor queria dizer. Fui experimentar, se funcionasse, ótimo. Caso não, chamaria alguém. Deu certo.
– Ficou ansiosa com as novidades na trajetória profissional?
– Diria que tranquila na medida do possível, porque estou satisfeita com o resultado da peça. É bom começar um trabalho segura de que as escolhas foram assertivas.
– Sua tia, Malu Mader, a ajudou em algum momento?
– Foi muito engraçado, porque a Malu leu o texto, foi uma das poucos pessoas a quem mostrei, além de minha mãe e um amigo. Ela assistiu ao ensaio final e à estreia do espetáculo e ficou bem orgulhosa, feliz. Mas não ajudou em nenhuma das decisões e me disse que não imaginou que eu tomaria o caminho que tomei.
– Criam expectativas por causa do sobrenome? Ele pesa, ajuda ou já não tem importância?
– Já falei tanto sobre isso... Desde os 18 anos. É um sobrenome, todo mundo carrega um, o tio, o pai, o irmão. Por ser da mesma área, talvez tenha uma associação maior. Se eu fosse médica, garanto que não pesaria tanto.
– Para atuar em diversas frentes você buscou alguma formação especial?
– Já fiz faculdade. Estudei um ano de Desenho Industrial e também cursei História. Não consegui concluir, gosto de estudar, sou superacadêmica, adoro o ambiente universitário, mas também sou do tipo que ou faz para valer ou não faz. Pela metade, para mim, não dá muito certo. Quando percebi que não estava tendo tempo nem disposição para levar tão a sério, vi que não dava mais. Não foi uma opção minha, foi a vida que me levou a isso.
–Você já praticou futebol e pilates. Agora, com tantas atividades, como cuida da forma?
– Não estou conseguindo fazer nada, mas o exercício físico é quase que natural no Rio de Janeiro. É uma cidade aberta, você pedala, caminha, nada na praia, tem de estar sempre se movimentando. Eu ando muito de bicicleta, não sou sedentária, nem preguiçosa.
– Faz dieta?
– Cuido da minha alimentação, da minha saúde, mas não tenho nenhum segredo de boa forma.
– Mora sozinha?
– Sim, já há algum tempo.
– Gosta de cuidar da casa?
– Adoro. Os ensaios da peça foram na minha casa. Empurrei todos os móveis da sala. Não tem noção do que virou... Durante dois meses foi uma bagunça.
– Pensa em fazer novela?
– Estou me permitindo, nessa fase da vida em que sou jovem, arriscar mais. Me satisfaz trabalhar com teatro agora, ao mesmo tempo, estou na TV, em Bastidores, do Multishow. E, no fim do ano, reestreio em Mandrake, na HBO, um telefilme. Então é um momento profissional em que me sinto bem feliz. Ainda é cedo para pensar em outros projetos.