Caio Blat, Felipe Camargo e Maria Flor destacaram a urgência de atenção às comunidades indígenas na pré-estreia do filme ‘Xingu’, em São Paulo. Marcelo Serrado acompanhou a sessão e, ao final, elogiou o trabalho que tem direção de Cao Hamburger
“Andar por terras que ninguém andou, porque me parece uma ideia irresistível”. É com esta afirmação que Felipe Camargo (51) narra as primeiras cenas do filme Xingu, que teve a sua pré-estreia em São Paulo na noite desta terça-feira, 27, no Shopping Eldorado. A citação traduz o espírito aventureiro dos irmãos Villas Bôas na história que conta a saga de Orlando, Cláudio e Leonardo até a fundação do Parque Nacional do Xingu.
“Os irmãos resolveram ir para aquela região por pura aventura. Eles se envolveram com os índios, ficaram 40 anos por lá e acabaram criando o parque do Xingu. Os caras tiveram essa sacada de preservação há 50 anos”, destacou Fernando Meirelles (56), que assina a produção do filme.
Responsável pela iniciativa de levar às telonas a expedição da família que passou a lutar pela proteção dos índios em detrimento do desenvolvimento a qualquer custo, Meirelles passou a direção para Cao Hamburger, já que estava se dedicando a outros projetos. “Ainda bem que eu não dirigi. Ficou bem melhor nas mãos do Cao”, disse o cineasta ao elogiar o amigo.
Com um orçamento avaliado em15 milhões de reais, Xingu é a grande aposta de Hamburger para conquistar mais uma vez o reconhecimento da crítica internacional. O diretor já havia conseguido o feito com O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, de 2006. “Considero o meu melhor trabalho no cinema. É uma superprodução. Para os padrões brasileiros é um orçamento bom, mas para os padrões internacionais eles acham que a gente faz milagre no Brasil”, apontou Hamburger, que, além da reflexão, espera promover divertimento e emoção ao público.
Contato com as tribos indígenas
O relacionamento com os índios foi uma das principais experiências desfrutadas por Caio Blat (31), Felipe Camargo, João Miguel (42)e Maria Flor (28) durante as filmagens.
“Somos seres urbanos, andamos em chão de cimento, e de repente fomos representar homens que viveram 40 anos dentro da mata.Todo o seu corpo se modifica. Essa foi a maior dificuldade”, contou Caio, que da vida a Leonardo Villas Boas. “Ficamos bastante tempo na selva fazendo curso de sobrevivência, fizemos trilha e fomos caçar com os índios. Passamos por uma experiência necessária para representar esses personagens”, acrescentou.
“Foi um aprendizado, o índio não tem ambição, não sofre de ansiedade, depressão, essas coisas que a gente da cidade passa”, observou Felipe Camargo, que interpreta Orlando Villas Bôas.
Esposa de Felipe no filme, como a enfermeira Marina, Maria Flor falou o que mais chamou a sua atenção no contato com os nativos: “Claro que a cultura deles é muito interessante, mas eu vou levar comigo a integridade deles e a generosidade que eles possuem”.
Alerta
Embora retrate um episódio histórico, sobre a primeira reserva indígena homologada pelo governo federal em 1961, a equipe da produção cinematográfica ressaltou a mensagem contemporânea que promete ser discutida enquanto o longa estiver em cartaz.
Mesmo que não seja o pano de fundo de Xingu, Fernando Meirelles não deixou de mencionar os reflexos da implantação da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. “O filme não foi feito como protesto, mas você entende a lógica de Belo Monte. Eu acho que, sem querer, ele discute a validade dessas obras que interferem tanto na floresta quanto em uma comunidade tão harmônica”, defendeu.
“Fora a história dos irmãos, que é superinteressante, os índios são uma questão no Brasil. Eu acho que serve como um alerta, de que precisamos pensar sobre os índios e as reservas florestais”, expôs Maria Flor.
“Está na hora das autoridades, da imprensa, olharem um pouco mais para aquela região porque os índios são os verdadeiros brasileiros. Nós é que somos os invasores”, criticou Felipe Camargo.
Espectadora e amiga de Caio Blat e João Miguel, Tainá Müller (29)também destacou assuntos atuais discutidos no Brasil: “Estamos aí com a votação do Código Florestal, a usina de Belo Monte, então são várias questões importantes que o norte do Brasil está vivendo. É importante que tenhamos cada vez mais contato coma floresta Amazônica, que é uma propriedade nossa e do mundo. Quanto mais informações sobre o tema, é melhor”.
Marcelo Serrado (45), que ainda experimenta o sucesso como o personagem Crodoaldo Valério, da recém-terminada novela Fina Estampa, acompanhou a sessão. “Eu achei incrível o filme, aprendi mais um pouco da história do Brasil. Os atores estão excelentes. A história é comovente. Entendemos um pouco mais sobre como foi essa exploração e dessas pessoas que foram desbravadoras”, afirmou.
Assista ao vídeo na TV CARAS: