Bebês que nascem de cesariana têm mais taquipnéia transitória
Joaquim Eugênio Bueno Cabral Publicado em 07/02/2008, às 13h00 - Atualizado em 10/11/2012, às 03h26
Caracteriza-se a taquipnéia transitória quando o bebê que nasceu em um tempo de gestação normal - acima de 37 semanas - apresenta um ritmo respiratório acelerado. A taquipnéia transitória do recém-nascido pode atingir meninos e meninas em geral já na primeira hora de vida. É tido como normal o bebê que respira cerca de 60 vezes por minuto. Os que respiram mais do que isso são considerados taquipnéicos.
Os sintomas são: aumento da freqüência respiratória; esforço para respirar, que é evidenciado por movimentos nas aletas nasais; gemidos durante a expiração; e respiração também abdominal, para auxiliar a musculatura torácica na expansão dos pulmões. Nos casos mais graves, pode haver até arroxeamento da pele, por baixa oxigenação.
A causa é a presença de líquido nos pulmões do recém-nascido. O mecanismo é o seguinte: na gestação, o pulmão do bebê fica cheio de líquidos. Próximo ao nascimento, começa a ocorrer a reabsorção do líquido, o que, no momento em que a criança nasce, deve ter-se completado. Mas pode ocorrer uma reabsorção incompleta e o bebê nascer ainda com um pouco de líquido nos pulmões. Isso dificulta a expansão do órgão e também a respiração. O bebê é então obrigado a acelerar o seu ritmo respiratório para suprir de ar seu organismo.
Alguns fatores predispõem à taquipnéia transitória, como a semana de gestação em que o bebê nasce, mãe diabética, trabalho de parto prolongado e complicado e utilização de remédios, como sedativos, pela mãe. Mas o fator mais importante é o tipo de parto: normal ou cesariana. Enquanto o trabalho de parto, sobretudo as contrações, favorece a reabsorção do líquido dos pulmões, a cesariana sem o trabalho de parto aumenta o risco de taquipnéia. Estatísticas de 2005 da UTI Neonatal do Hospital e Maternidade São Luiz, unidade Itaim, indicam que 13% dos bebês que nascem de cesariana e 3% dos que nascem de parto normal podem ter taquipnéia transitória.
É possível diminuir o risco de o bebê vir a ter taquipnéia com algumas medidas básicas. Grávidas devem controlar doenças como o diabetes, ingerir remédios que predispõem à taquipnéia transitória só com indicação de seu médico e evitar a opção por cesariana apenas por conveniência própria. Já os médicos precisam ter consciência de que, ao abreviar o trabalho de parto da grávida ou optar pela cesariana, quando poderia insistir em que seja parto normal, põem o bebê sob a ameaça da taquipnéia.
O diagnóstico inicial é clínico. Havendo dúvida, o médico pode recorrer a exames que comprovem o problema. Deve descartar, também por meio de exames, outras doenças, como infecções de origem materna e malformações cardíacas.
O tratamento da taquipnéia consiste em manter o bebê monitorado por aparelhos em incubadora, na UTI, sob temperatura constante e com suplementação de oxigênio. Em geral, em 90% dos casos o fenômeno é superado em até 48 horas. Nos casos restantes, às vezes o esforço da criança é tão intenso que sua saúde passa a correr perigo. Assim, é necessário aumentar a oferta de oxigênio, o que é feito com a colocação de cateteres em suas narinas. Nos estados mais graves - muito raros -, quando a oxigenação continua insatisfatória, recorrese à respiração artificial. Embora haja risco, por exemplo, de infecções, os resultados têm sido muito bons. Quase não ocorrem óbitos.
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