Mulher com salário maior que o marido ainda é motivo de conflito
por Leniza Castello Branco* Publicado em 20/07/2010, às 16h56 - Atualizado às 16h57
A maioria das pessoas sonha com um casamento duradouro e feliz. Ao longo do tempo, o casamento foi passando por muitas transformações. Até a década de 1950, o casal tradicional tinha os papéis bem definidos: o homem trabalhava para sustentar a família e a mulher cuidava dos filhos e da casa. Nesse arranjo, a esposa seria submissa ao marido e deveria estar sempre bonita e alegre em casa para recebê-lo.
Um dia desses recebi um e-mail curioso, com algumas frases da revista feminina Jornal das Moças, famosa na época, que mostra bem como era a relação conjugal: "Sempre que o marido sair com os amigos e chegar em casa a altas horas da noite, espere-o linda, perfumada e dócil", aconselha um exemplar de 1955, por exemplo. Passados mais de 50 anos, a estrutura familiar mudou. Hoje, grande parte das mulheres trabalha e cuida dos filhos. Ainda precisa cuidar da vaidade e da saúde, claro, fazendo academia, por exemplo, e ler e estudar, para se manterem bem informada.
Quando essa mulher moderna casa com um homem do mesmo nível econômico e intelectual, em geral a admiração é mútua. Os dois se respeitam e um ajuda o outro a crescer, formando uma boa parceria, com muito maior possibilidade de dar certo.
Mas em inúmeros casamentos não ocorre tal equilíbrio. Entre os motivos está o fato de a mulher ganhar mais que o marido. Em geral, é mais difícil para ele aceitar que a esposa seja superior intelectual ou financeiramente.
Mesmo que aparentemente pareça admirála - e isso felizmente ocorre com uma parte - , nossa cultura machista faz com que, inconscientemente, passe a invejá-la. Com isso, começa a competir com a parceira e, pior, às vezes se põe a agredi-la de várias formas, seja desmerecendo seu sucesso e atacando sua feminilidade, seja rejeitando-a sexualmente.
Para complicar o embate entre os sexos, a mulher também acaba desvalorizando a sua feminilidade. Isso acontece porque, de maneira inconsciente, ela se sente mal ao ganhar mais ou ter mais sucesso que o parceiro. Em consequência, revida às agressões dele e se gaba por prover a casa, o que não contribui em nada para um entendimento.
O fato é que a situação não precisava ser assim. Bastaria ele entender que a mulher não é inferior, é apenas diferente: sensível e criativa. Mas tais virtudes femininas só são valorizadas por homens realizados na profissão ou que fazem um trabalho criativo, a exemplo dos artistas. Esses em geral conseguem respeitar e conviver com uma mulher poderosa e ainda ajudam nas tarefas domésticas.
Afinal, não se pode esquecer do real significado de um casamento feliz. Não importa quem ganha mais ou quem tem mais poder. Existem valores muito mais importantes, como cumplicidade, amizade, honestidade, ética e sinceridade. É preciso ajudar o companheiro a crescer, ser autêntico, se preocupar com a saúde física e mental de seu par e dos filhos, ter bom humor e ao mesmo tempo ser paciente. Valores superficiais como ter carros do ano, frequentar os melhores e mais caros restaurantes da cidade e fazer compras a toda hora nos melhores shoppings não são essenciais para uma relação feliz.
É melhor ser do que ter, enfim. Um homem feliz não vai se sentir desestabilizado pelo fato de a mulher ganhar mais. Ao contrário, irá aproveitar essa sorte e ajudar a cuidar com todo o carinho da família e de seu patrimônio.
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