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Caso Vera Viel: Saiba como dar suporte aos filhos durante batalha contra o câncer em família

Em entrevista à CARAS Brasil, a psicóloga Letícia de Oliveira explica como o câncer de uma mãe pode causar impacto psicológico no comportamento dos filhos e da família

Leticia de Oliveira

por Leticia de Oliveira

Publicado em 14/10/2024, às 21h01 - Atualizado às 21h02

Vera Viel com as três filhas e o marido, o apresentador Rodrigo Faro - Reprodução/Instagram

Helena Viel Faro (11), filha caçula do apresentador Rodrigo Faro (50), tem sido uma verdadeira fortaleza na vida da mãe, a ex-modelo e apresentadora Vera Viel (49). Depois que descobriu um tumor maligno na coxa, passou por cirurgia e está em tratamento, ela tem recebido o apoio de toda a família, principalmente da menina, que tem sido sua “companheirinha”, como a famosa mesmo diz.

A jovem influenciadora vem emocionando a internet com relatos sobre a mãe. No último sábado, 12, por exemplo, ela fez um lindo texto sobre a recuperação de Vera e a parabenizou pelo seu aniversário de 49 anos, por meio do Instagram. "Eh tão gratificante ver a alegria estampada no rosto de quem nós mais amamos, especialmente quando a pessoa que você mais ama nessa terra acaba de passar por uma cirurgia de oito horas e meia e ainda agradece a Deus por isso", iniciou Helena.

"Mãe eu te amo, você é a benção mais preciosa da minha vida, você é uma mulher guerreira que encarou tudo isso de uma forma leve e feliz, porque o nosso Pai Eterno estava te guiando a cada passo. Eu só quero que você saiba que você é FORTE e merece o mundo inteiro (até mais que isso). Feliz aniversário amor da minha vida, sem você eu não seria nada", continuou.

Como um menina tão jovem e demonstrando tanta maturidade pode enfrentar um momento tão delicado como este de uma forma mais leve? Será que é possível? Pensando nisso, a CARAS Brasil conversou com a psicóloga Letícia de Oliveira. Ela explica que num primeiro momento, pode ser que quem está envolvido na situação racionalize e não tenha tanta clareza do desgaste emocional.

“Mas diante de uma doença, diante do risco de perder a vida, perder a vida de uma pessoa que é a base, que é o pilar, que é a mãe de uma família, fica todo mundo ansioso, em estado de alerta. É como se estivessem todos numa guerra, em que eles precisem se manter de pé para poder lutar. Mas o desgaste vai fazer parte do processo – o desgaste, o sofrimento. E é importante olhar para esse sofrimento, olhar para esses momentos de queda de energia, procurar estrutura fora emocional e saber que tem momentos de força, de fé e tem momentos de queda, de medo, insegurança, ansiedade e que todas essas sensações vão ser vivenciadas”, destaca.

A especialista orienta sobre o que é preciso fazer, além de procurar suporte emocional de um profissional habilitado. “Ter pessoas ao lado oferecendo afeto e segurança. Não necessariamente falando sobre a doença, mas dando afeto, estando ao lado, participando das funções cotidianas. Às vezes, a gente não tem o que falar para pessoas que estão passando por uma situação difícil. E muitas vezes, não é o que a gente fala, é o que a gente representa. Então, os familiares, os amigos mais próximos podem estar ali, participando, buscando na escola, levando para o cinema, para um jantar. Tudo isso vai fazer com que deixe a rotina um pouco menos pesada”, diz.

De acordo com Letícia, o pai tem papel fundamental neste processo: “É o momento de dar esse suporte para os filhos, de trabalhar, momento dar força para a esposa, mas também é o momento dele se reenergizar. Então, ele também tem que ter o colo dele, também tem que ter as fontes de segurança, de afeto, de reestabelecer energia. É muito importante que ele também tenha esse suprimento”.

TRATAMENTO PESADO

O tratamento do câncer pode ser pesado, dependendo do tipo e dos efeitos colaterais que o paciente pode apresentar. A quimioterapia, por exemplo, é considerada a mais pesada, pois usa substâncias químicas que atacam os tecidos normais. Os efeitos colaterais mais comuns são queda de cabelo, náuseas, vômitos, anemia, fadiga e alterações renais e digestivas. Ela também pode causar perda de peso, devido aos efeitos colaterais.

Questionada se os filhos de um paciente que está tratando um câncer deve acompanhar tudo isso de perto, Letícia pontua: “Acredito que deve-se falar as coisas, mas não no detalhamento de coisas que eles não estão perguntando. Acho que a verdade é sempre muito bem-vinda, porque a gente só dá conta de estruturar as informações quando a gente lida com a verdade. Mas não dar detalhes não questionados, não forçar falar do assunto se as crianças não quiserem (...) É dar a informação à medida do que eles vão pedindo e do que eles vão dando conta”.

Ver um ente querido perder os cabelos, por exemplo, pode ser um choque. “A parte física – o cabelo, a fraqueza, a perda de peso – carimba a doença, carimba a falta de saúde. É por isso que tantas pessoas fazem de tudo para não perder o cabelo, a sobrancelha, para não configurar uma pessoa doente, para não ter o olhar de pena das outras pessoas. Então, à medida que a pessoa vai voltando a ter cabelo, ela vai se sentindo mais saudável, porque é como se ela recuperasse quem ela é”, fala.

“Então, tem um baque da informação sobre a doença e um baque quando a informação que abstrata vira concreta; que é quando todos os sintomas da quimioterapia começam a aparecer. A gente pode comparar com, por exemplo, alguém dizer que um parente faleceu e a gente vê a pessoa ali num velório. É diferente. Quando a gente visualiza, a gente tem muito mais acesso à dor, ao sofrimento. Então, acredito que vai ser muito difícil, tanto para a Vera, quanto para os familiares, quando o abstrato, que é a doença, se tornar concreto diante das consequências da quimioterapia”, completa Letícia.

Leticia de Oliveira

Leticia de Oliveira é psicóloga comportamental (CRP SP: 0695130) com referência em Análise comportamental. É fundadora do Núcleo Letícia Oliveira, ao qual presta atendimentos multidisciplinares, com foco na saúde e cuidado do corpo e mente. Atuou como psicóloga consultiva no programa “É De Casa”, da Rede Globo, e ao longo de sua carreira, já ajudou milhares de mulheres a conquistarem o controle de suas moções e terem uma leve e feliz om seus treinamentos e consultas.

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