Em entrevista à CARAS Brasil, Maria Edileuda, que levou para casa R$ 300 mil do Quem Quer Ser Um Milionário, revela como se preparou para o quadro
Publicado em 26/01/2025, às 10h00 - Atualizado em 27/01/2025, às 08h20
Professora aposentada da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e mestre e doutora em Linguística Aplicada, Maria Edileuda Rego Sarmento (69) viu sua vida tomar um novo rumo. No último domingo, 19, ela voltou para casa com R$ 300 mil após participar do quadro Quem Quer Ser Um Milionário, do Domingão com Huck, na TV Globo. A educadora, que passou mais de dois anos estudando intensamente para fazer bonito no jogo, chegou bem perto da pergunta do milhão, depois de muitas semanas tentando participar do programa. Em entrevista à CARAS Brasil, ela conta que dividiu metade do prêmio com o sobrinho, o escritor Rodolfo Rego.
Maria Edileuda lembra o quanto ficou emocionada ao conseguir participar do quadro, por uma decisão do apresentador Luciano Huck (53), que marcou o fim da temporada do desafio. “A sensação foi única, porque quando o Luciano disse: ‘Dona Edileuda, vou pedir licença poética aos colegas, e hoje quem vai sentar nessa cadeira vai ser a senhora’. Eu quase que infarto, porque isso aí era uma coisa atípica, nunca aconteceu. Jamais passou pela minha cabeça que não ia ter o Pensa Rápido. Fiquei toda me tremendo. Durante todo o percurso do programa, naquele 10 de dezembro, eu estava passando uma tranquilidade em alguns momentos, mas estava muito nervosa. Porém, foi uma sensação. Maravilhosa”, confessa.
“Eu me preocupava muito porque, você sabe, os mais jovens têm maior habilidade de digitar no tablet, e o tablet é muito sensível. Então, quando eu digitava, procurava não errar. Das minhas 13 participações, errei o Pensa Rápido duas vezes. E aí, o povo dizia: ´É burra’. As pessoas têm que entender que os jovens têm mais habilidade com o tablet do que os idosos. Eu ia ficando nervosa porque queria acertar e, paralelamente, ser rápida. Mas quando o Luciano me fez o convite para sentar naquela cadeira, para finalizar a temporada do programa, a minha adrenalina me levou às alturas. Foi uma sensação maravilhosa”, continua.
A educadora reforça que as perguntas para ela não foram fáceis, mas que seguiu com fé e coragem. “Amei sentar naquela cadeira e responder as perguntas, que não foram fáceis. Tiveram – acho que duas perguntas – que, no geral, foram fáceis, mas a maioria era difícil. Mas, graças a Deus, me saí bem. Estou muito feliz por tudo o que construí, por toda a minha caminhada na vida e no programa, pelo acolhimento que recebi (...) Na minha idade, quase 70 anos, submeter-me a todo aquele cenário, estudar como estudei por mais de dois anos, foi um resultado maravilhoso. Estou muito feliz por isso”, confessa.
DIVISÃO DO PRÊMIO
A professora aposentada errou a pergunta que daria a ela o prêmio de R$ 500 mil. A questão era a seguinte: "Quantos quilômetros de vasos sanguíneos tem o corpo humano, aproximadamente?". A resposta correta era 96 mil quilômetros, mas a aposta da participante foi 550 quilômetros. Com isso, ela faturou apenas R$ 300 mil, mas ficou bastante satisfeita com o resultado. Segundo Edileuda, metade do prêmio foi para o sobrinho Rodolfo, quem a ajudou em todo o processo para participar do programa; e a outra parte, para os seus quatro filhos: Cardoni (44), Mardoni (43), Jardoni (41) e Lardoni (40).
“Foi maravilhoso! Quando o Rodolfo fez a minha inscrição para o Quem Quer Ser Um Milionário, eu disse a ele – ele também fez a inscrição: Quem de nós dois for chamado, um vai assessorar o outro, um vai acompanhar o outro, e vamos dividir o prêmio. E eu cumpri, e faria tudo de novo, porque ele foi os meus pés e as minhas mãos, me ajudou muito no processo de aprendizagem com material selecionado e tudo. Então, a metade do prêmio eu dei para ele. E a outra metade, é para os meus filhos. Me sentei naquela cadeira não por mim. Uma das minha propostas de sentar ali, era levantar a bandeira da educação, porque o prêmio é consequência. Dinheiro é bom, mas não é tudo na nossa vida, não é mesmo”, ressalta.
“Estou podendo ajudar meus filhos, e isso, para mim, não tem preço. Estou feliz com o valor do prêmio, meu estou muito feliz também porque cada mensagem que recebo, de todos os recantos desse País, as pessoas dizendo: ‘Ai, dona Edileuda, que maravilha! Me deu vontade de voltar a estudar. Eu tenho 60 anos, 70 anos, vou voltar a estudar. A senhora é maravilhosa’. Isso, para quem tem a educação nas veias, para quem tem a profissão de professor porque gosta de ensinar, porque tem empatia com a sala de aula, gosta de administrar aula, isso não tem preço. Foi um prêmio maravilhoso”, acrescenta.
ROTINA PESADA DE ESTUDOS
Para participar do famoso quadro do Domingão com Huck e tentar conquistar o prêmio máximo de R$ 1 milhão, Maria Edileuda focou nos estudos por mais de dois anos. Ela conta como foi sua rotina durante este período: “Não trabalho mais, sou aposentada. Faço alguns resumos em inglês para alguns alunos de mestrado e doutorado, mas coisas pontuais. Então – como sou uma pessoa que gosta de estudar –, passava o dia estudando, até às 23 horas. Passei mais de um ano comendo de marmita, pedindo comida nos restaurantes, porque não queria perder tempo fazendo comida. Como sou só eu e meu marido, a gente comprava comida e eu ficava a manhã toda estudando, à tarde também. Quando me cansava, ia para o YouTube estudar os quizzes do assunto, geralmente do assunto que eu me sentava à mesa e começava a estudar”.
“Fiz um cronograma – porque a gente não tem um edital. Quando você vai fazer um concurso, você tem um edital, mas no Quem Quer Ser Um Milionário, você estuda de tudo, transita por várias áreas. E aí, eu passava semanas estudando História, Geografia, Ciências. A área que estudei menos foi Português e Inglês, porque são as áreas que vivenciei a vida toda, ministrando aulas. Mas para as demais áreas, era estudando, escrevendo, preparei oito cadernos com anotações. Quando eu ia para a Rede Globo, para o Rio de Janeiro, levava uma mala só de cadernos, arrastando. Estudava dentro do avião. Então, eu ia para um canto e ficava estudando pelo celular. Aprendi muito, mas muito mesmo. Estudei vários assuntos que não conhecia, não tinha vivenciado, que eu não tinha revisitado, não tinha feito leitura. Então, foi maravilhoso!”, emenda.
REPERCUSSÃO NA CIDADE
Após o programa ir ao ar e Maria Edileuda fechar a temporada do quadro, ela ficou famosa. “A repercussão me surpreendeu, foi uma coisa fora da curva. Na minha cidade, todo mundo ligado, aqui em Natal, no meu condomínio, no qual sou síndica também. Todo mundo mandando mensagens. Sou de Pau dos Ferros. Na verdade, nasci no Taboleiro Grande, em um sítio pertinho de Pau dos Ferros. E nós éramos de família humilde. Meu pai era tropeiro e feirante. Ele e minha mãe tiveram nove filhos, e a gente era realmente pobre, mas meu pai era um visionário, um cara que, com o pouco que tinha, investia na nossa educação. Depois, a gente melhorou de vida. E depois, ele entrou em falência. E o horizonte que eu enxergava era o estudo”, relembra a professora.
“Dos meus nove irmãos, todos estudaram, mas a formação superior foram poucas. Eu nunca desisti de nada, porque tive muita dificuldade para estudar. Então, tinha que aproveitar aqueles momentos da minha vida para ter um lugar ao sol. E aí, me dispus, pela minha vontade, a ser professora. Uma vez, uma pessoa do meu entorno disse: ‘Você vai ser professora, não vai ganhar nada, é muito mal pago’. Eu não estou preocupada com isso, vou fazer o que tenho vontade, respondi para essa pessoa. E fiz. Ganha pouco? Ganha, mas a gente não precisa de muito para viver. Estou satisfeita com a minha profissão. Estou satisfeita por tudo o que eu construí, pela família que construí, pelos os meus filhos”, completa.
Maria Edileuda diz que lutou muito para dar oportunidades aos quatro herdeiros e dá lição: “Eles são o meu orgulho. A minha luta foi muito grande para formá-los, minha e a do meu marido, que é funcionário da Petrobras, nível médio. Terminei meu doutorado aos 62 anos de idade. E aos 60 e poucos, me aposentei. Então, tinha um salário baixo; melhorou depois que fiz o doutorado, graças a Deus. Então, a repercussão foi muito grande. Todo dia recebo mensagem dizendo: ‘Professora, a senhora é muito arretada, é uma mulher de coragem’. Sou uma mulher de luta, não tenho medo, eu só tenho medo dos castigos da vida, de Deus, se tiver de ter algum castigo. Todo dia, quando coloco o pé fora da cama, agradeço a Deus por estar viva, porque viver é um ato maravilhoso, e é um ato político. Todo dia você tem que reivindicar para você melhorar, para você ser gente nessa vida”.
LUCIANO HULK
A professora aposentada revela ainda que ficou encantada com a generosidade de Luciano Huck nos bastidores do programa. “Amei conhecê-lo. Uma pessoa maravilhosa, um comunicador nato, um contador de história. Ele tem uma empatia com o outro (...) Foi um presente muito grande que a vida me deu. Sempre o admirei, como ser humano, a maneira que ele trata o outro. E lá no palco, fui muito bem acolhida por ele. Me encontrava com ele no corredor, próximo ao camarim, e ele dizia: ‘É hoje, não é, Dona Edileuda? É hoje’. Só tenho a agradecer por tudo e orar por ele. Que Deus ilumine o caminho dele todos os dias e o da família, que ele continue sendo esse comunicador que ele é realmente. Ele mexe com as pessoas, é empático, humano, simpático, maravilhoso”, afirma.
Questionada se participaria do jogo novamente, ela não pensa duas vezes: “Com certeza, quantas vezes fosse necessário! Só que isso é muito longe, voltar a participar. Mas estou aberta para outros programas que contemplem o conhecimento, lógico. Porque vou continuar estudando. A cabeça está a mil por hora. O etarismo não vai me impedir. E eu aconselho a todas as pessoas da minha idade que estudem, a gente precisa melhorar os esquemas metais. E participar de um programa desse foi tudo na minha vida. Estou muito feliz por tudo que vivenciei. O meu sentimento é de gratidão”.
DICAS PARA QUEM SONHA PARTICIPAR DO QUADRO
Para finalizar, Maria Edileuza dá algumas dicas importantes para quem sonha participar do Quem Quer Ser Um Milionário. “A primeira coisa, que acho, é o estudo. A dica que dou é estude, amplie os conhecimentos. Precisa também ter inteligência emocional. Costumava dizer que o fator sorte é importante, desde que ele contemplasse o nicho cultural, no qual você tem domínio. Por exemplo: contemplar uma pergunta que faz parte do meu conteúdo do dia a dia. Então, para mim, isso é fundamental. Todos nós temos capacidade, principalmente quem gosta de estudar. Façam a inscrição! Contem as suas histórias! Luciano é um contador de historias, a equipe dele é uma equipe altamente preparada na contação de histórias. Eles sabem qual vai emocionar. Então, a dica é estudar e contar a sua história”, garante.
“Eu contei a minha história, desde quando nasci e vivia no Taboleiro Grande. Só para você ter uma ideia: quando nós morávamos lá, quando o rio estava cheio, minha mãe atravessava com a gente (os filhos), que não sabiam nadar, no colo, carregando até o outro lado do rio, para vestirmos a farda e irmos à escola. E foram muitos dias desse jeito. Essas marcas estão no meu livro, que eu nunca mais vou esquecer, que minha mãe me contava”, finaliza a educadora.
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