Câncer de peritônio é mais comum no homem, após os 50 anos de idade
por <b>Fernando Medina da Cunha</b>* Publicado em 18/01/2010, às 16h28 - Atualizado em 29/09/2012, às 22h31
A mídia vêm dando destaque diariamente ao quadro de saúde da apresentadora de televisão Hebe Camargo (80), que, como se sabe, tem câncer no peritônio. Chama-se peritônio a uma membrana localizada no interior do abdome. Na verdade, são duas membranas separadas por um líquido que as lubrifica. O peritônio parietal reveste a parede abdominal e o peritônio visceral envolve os órgãos locais. O peritônio, como outros tecidos e órgãos humanos, infelizmente pode mesmo desenvolver câncer.
O câncer de peritônio é classificado em primário e secundário. Chama-se primário o câncer que se forma na própria membrana e secundário o que se forma em outro órgão na região - sobretudo intestinos, ovário, útero, estômago, pâncreas e reto - e por metástase invade o peritônio. O tumor primário é conhecido como mesotelioma, enquanto o que vem de outros órgãos é conhecido como carcinomatose peritonial.
A carcinomatose peritonial é comum, mas o tumor primário de peritônio, mais frequente em homens depois dos 50 anos, é raro. Sua incidência, porém, tem aumentado. A razão é esta: 70% a 80% dos casos de mesotelioma se devem à exposição crônica ao asbesto presente no amianto. A exposição não leva ao câncer rapidamente, apenas décadas depois. Assim, quem se expôs ao produto entre os anos 1950 e 1980, por exemplo, quando era liberado no país - foi proibido em Estados como São Paulo -, só agora vem apresentando o câncer.
Os restantes 20% a 30% da incidência de mesotelioma têm causa desconhecida. Pode ser que resultem do próprio envelhecimento humano. Sabe-se que quanto mais uma pessoa envelhece, mais fica exposta a erros na divisão celular, que marca o início do câncer.
Os sintomas básicos do mesotelioma e da carcinomatose peritonial são os seguintes: aumento do volume do abdome devido ao aumento da quantidade de líquido entre o peritônio parietal e o visceral; dificuldade para os alimentos ingeridos circularem pela região, o que leva à dificuldade de digestão; emagrecimento; fraqueza; e dor abdominal.
Pessoas cujo volume abdominal começa a crescer, causando os sintomas citados, devem consultar um médico oncologista. O diagnóstico inicial é clínico: o médico conversa com elas e analisa seu abdome. Com esse exame é possível constatar a presença de nódulos no peritônio. Para saber se são benignos ou malignos, faz-se biópsia. Constatada a malignidade, descobre-se se o câncer é primário ou metastático, e de que órgão veio a metástase, submetendo-se células do fragmento a diferentes substâncias ou submetendo os órgãos sob suspeita a exames de imagem.
A carcinomatose peritonial é combatida tratando-se do tumor no órgão de origem. As alternativas de tratamento, claro, são a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia. O tumor primário de peritônio é uma doença grave. Como ocorre sobretudo em idosos que muitas vezes já têm outras doenças, em geral não é possível submetê-los à cirurgia. Por volta de 60% dos casos, contudo, respondem bem à quimioterapia. Esse câncer ainda não tem cura. Mas, dependendo de sua agressividade, ou seja, velocidade de seu crescimento, é possível controlá-lo, proporcionando aos pacientes bom tempo de sobrevida.
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