Marta tem um “bom” casamento, o marido a admira e aparentemente não lhe falta nada, mas, mesmo assim, ela tem uma relação extraconjugal. Fabiana está cansada da pasmaceira do marido e encontrou alguém que a completa: outra mulher. O que há de comum entre Marta e Fabiana? Elas não se sentem culpadas.
Tradicionalmente nota-se uma diferença clara nos motivos que levam homens e mulheres a trair. Enquanto a mulher, na maioria das vezes, trai por carência, envolvimento afetivo ou “vingança”, a traição masculina é mais frequentemente motivada pela atração física. Muitos homens consideram trair uma diversão e não se sentem culpados, afinal, dizem, trata-se apenas de sexo, sem envolvimento emocional, o que, acreditam, não seria suficiente para ameaçar seu casamento. Pensam: “Amo minha mulher e minha família, mas não resisti... É apenas diversão, sem compromisso!” Seguindo essa lógica masculina, que separa sexo e amor, se não há afetividade, não deve haver culpa.
Porém, se tem sido assim na maioria das vezes, a realidade começa a desenhar outros contornos, principalmente em relação à mulher. Algumas, como Marta, traem pelos mesmos motivos que os homens e, como eles, sem culpa. Agem com o que chamam de “cabeça de homem”, já que não se espera esse tipo de atitude das mulheres. Outras, como Fabiana, cultivam a ideia de ter um caso, também como os homens, e veem essa semente mental um dia “brotar” na semelhança, onde elas acham que podem encontrar uma resposta melhor de carinho, ou seja, em outra mulher. Pode não ser uma escolha definitiva, mas naquele momento o corpo de outra entende melhor a linguagem e as necessidades do seu corpo.
Com pessoas do mesmo ou de outro sexo, não importa, a traição muitas vezes tem origem na própria relação. Uma de suas causas, segundo o sexólogo norte-americano Albert Ellis (1913-2007), é a insatisfação sexual no casamento. A necessidade não preenchida fica latente ou crônica e alguns tentam saciá-la ou “enganá-la” com um relacionamento extraconjugal.
A perda da atração é outra causa comum de infidelidade. Se a mulher — ou o homem — engorda 20 quilos de uma hora para outra ou se a mulher acaba por descobrir que o marido encara o sexo como exercício abdominal, sem nenhum carinho, ou se ele nota que ela reluta em se soltar na cama, o desinteresse toma conta, reprimindo o desejo de ambos e fazendo com que as fantasias sexuais aumentem até que apareça uma terceira pessoa.
O que fazer? Não há receitas, sabemos disso, mas um fator ao qual os casais devem ficar atentos para evitar o desgaste da relação é o tédio, que acaba empobrecendo o relacionamento, fazendo com que os dois caiam na indiferença sexual e emocional. Assim, mudanças na rotina são bem-vindas. Ainda que não seja o costume do casal, vale a pena sair de vez em quando, ir a baladas, a motéis, viajar. Quer ver um exemplo simples e bobo? Quando foi a última vez que você, casado há anos, deu em sua parceira ou em seu parceiro um daqueles beijos longos e apaixonados, os dois em pé, encostados numa parede? É coisa de começo de namoro? Pois, então, talvez você esteja precisando namorar. Ou mudar.