A judoca de ouro comemora suas vitórias
Fera no tatame, Rafaela Silva (24) mostra-se na intimidade bem diferente da judoca agressiva e destemida que conquistou o primeiro ouro do Brasil na Olimpíada do Rio. “Quando não estou lutando, sou mansinha”, diverte-se ela, que passou a semana saboreando o triunfo. Cansada do treinamento puxado, Rafaela se permitiu cinco dias de folga. Ao lado da irmã, Raquel Silva (27), tirou uma manhã para cuidar da beleza em evento ocorrido na casa da família P&G. Também curtiu a namorada, Thamara Cezar, e seus três buldogues. “Só quero descansar um pouco. Estou com saudade de jogar futebol e comer churrasco”, entregou. Apesar da relação estável, que completa três anos no fim do mês, a judoca não faz planos: “Pretendo não mudar muito a vida. Não vou pensar demais no pessoal para não atrapalhar o judô”.
A sede de vitória faz com que a volta ao pódio nos Jogos de Tóquio, em 2020, seja prioridade. “Quero sentir novamente a sensação de estar no topo”, afirmou ela, um exemplo de superação. A atleta nasceu na comunidade da Cidade de Deus, na zona oeste carioca, e, por meio do esporte, conseguiu mudar o seu destino. “Minha mãe, Zenilda, sempre falou para minhas tias que era melhor fazer judô do que ficar largada na rua”, lembrou Rafaela, que passou os últimos quatro anos superando o trauma da derrota em Londres, quando foi eliminada devido a um golpe irregular. A judoca foi vítima de ofensas racistas nas redes sociais. Com apoio psicológico e incentivo da família, levantou a cabeça e não desistiu do judô. “Treinei muito depois de tudo o que aconteceu. E o macaco que tinha que estar na jaula hoje é campeão olímpico”, emocionou-se.