Paulo Gustavo abre com exclusividade sua casa e conta bem-humorado que se acha mais atraente de dia do que à noite. Ele ainda revela uma piada mais ácida que se arrependeu de ter feito em uma peça
Tagarela e estabanado, o ator Paulo Gustavo (35) arranca gargalhadas por onde passa. Fã da cantoraBeyoncé(31), se diverte imitando-a em performances hilárias que já exibiu no programa 220 Volts, no Multishow. “Pego a minha loucura e foco ao meu favor. No palco, em cena ou no meu canto, posso ser o que quiser”, diz ele, em casa no condomínio Vale Feliz, em Niterói, Grande Rio. Apesar do humor nato, Paulo define-se ‘caxias’ no trabalho, o que pode ser comprovado por sua agenda: estreia o filme Minha Mãe É Uma Peça, inspirado em seu êxito teatral homônimo, em 21 de junho, e o programa Vai que Cola, em 8 de julho, no Multishow. “Levo meu ganha-pão a sério. Para mim, não existe objetivo impossível. Viro noites debruçado em um texto, aí fico cheio de olheiras, parecendo um urso panda”, brinca ele, que se considera um homem bonito, mas com restrições. “Gosto de mim. Só acho que sou melhor de dia porque tenho traços fortes e olho verde. À noite, sou ruim. Na boate, com aquela luz piscando, ninguém me olha”, admite.
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– Quando se deu conta do seu talento para fazer rir?
– Criança, imitava minha mãe, tias e amigos em festas. Com cinco anos já era palhaço, um encapetado. Tive dificuldade na escola, me expulsaram de duas delas. Fiz a oitava série no supletivo e o ensino médio com muita luta. Não entendia por que precisava estudar matemática para ser ator.
– Por que decidiu escrever Minha Mãe É Uma Peça inspirado em sua própria vida?
– Dona Déa Lúcia é minha melhor amiga. Sempre lutou pelos filhos. Lembro de época em que estava apertada de grana e o por teiro do nosso prédio havia sido demitido. Então, ela se candidatou à vaga e conciliou com o trabalho de professora. Tenho muito orgulho disso.
– Em Minha Mãe É Uma Peça e no filme Divã, trabalhos seus de grande visibilidade, você interpretou uma mulher e um homossexual. Não teme ficar rotulado?
– Acho que esses comentários são bobos, de pessoas que não entendem o que eu vivo e sinto em ser comediante. Ver as pessoas sorrirem, ter o retorno do público, é algo que não tem preço. Quem me tacha assim é meio amargurado...
– Você é vaidoso?
– Muito. Passo cremes e vou à academia porque sou guloso, viciado em doces. Minha glicose está estourando e vou ficar diabético daqui a meia hora senão parar de comer. Também tenho um lado bem consumista. Em minha última viagem a Londres, meu cartão bloqueou de tanto que comprei.
– Leva muitas cantadas na rua?
– Sim. De homem e de mulher.
– Está namorando?
– Solteiro!
– Tem vontade de ser pai?
– Tenho e vai rolar naturalmente. Amo crianças e crianças me amam. Acho que elas olham a minha cara, minha careca, e pensam que eu sou um boneco joão-bobo.
– Já se arrependeu de alguma piada ou comentário mais ácido?
– Certa vez uma menina fazia fotos minhas em uma peça. Parei e disse: ‘Estou aqui me apresentando só pra você, né?’ Aí senti que tinha pegado pesado e, para amenizar, falei que ela poderia ir à minha casa me fotografar pelado. Só piorei a situação. (risos)
– Muitos atores dizem que viver de teatro no Brasil é difícil...
– Não é fácil se destacar em qualquer profissão. Tem que correr muito atrás, minha vida não tem glamour nenhum. Fico noites inteiras acordado escrevendo, agitado, doente, durmo em banco de aeroporto. Não esperei ninguém me convidar para algo e nunca fiz novela, por exemplo. Estou na TV e no cinema por causa do teatro, e não o contrário. Então, posso dizer que viver de teatro é uma dádiva.
– Novelas não interessam?
– Agora não daria para fazer, mas quero experimentar, fazer tudo o que a carreira oferece.
– Alguém já disse que você não é engraçado?
– Não, mas acharia hilário. Amaria uma pessoa audaciosa assim. (risos) Brincadeira, se eu perder a graça, passo fome.