Raquel Brandão Publicado em 17/05/2013, às 12h50 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20
Já pensou em morar na casa dos Jetsons, onde tecnologia e meio ambiente estão totalmente integrados? Pois o que parece cenário de filme futurista já faz parte do presente da arquitetura e da construção civil. Muitas incorporadoras têm lançado empreendimentos que aproveitam a água da chuva, por exemplo, para limpeza de calçadas, ou com sistemas mais inteligentes de consumo de energia elétrica. Os dinamarqueses do escritório de arquitetura Lendager Architects e da Realdania Byg Foundation, porém, estão chamando a atenção com um projeto ousado de potencialização de matérias-primas recicladas.
A “Upcycled House”, casa feita com materiais reciclados e de baixo impacto ambiental, está prestes a ser inaugurada em Nyborg, Dinamarca. A ideia é desenvolver modelos de imóveis sustentáveis a baixo custo. Para adquirir a sua, você pagaria o correspondente a US$ 175 mil, cerca de R$ 355 mil, meta adotada pelos idealizadores do projeto. Mais do que reutilizar, o projeto agrega qualidade aos materiais. Assim, a construção considera alguns fatores: redução de CO2 (houve redução de 75% nas emissões do gás em comparação com casas tradicionais.); preços; acesso aos materiais; operação e manutenção.
Criativa, a “Upcycled House” tem paredes feitas de gesso reciclado e jornais velhos, que garantem temperaturas internas agradáveis mesmo no inverno escandinavo; janelas e tijolos antigos e até um telhado produzido a partir de latas de alumínio, que, processadas, viraram uma cobertura. A casa tem sua base em dois contêineres e madeira reciclada, estrutura que lembra o projeto da brasileira Betina Gomes.
A arquiteta gaúcha Betina Gomes esteve em 2009 na Casa Cor Rio Grande do Sul, de onde saiu premiada. Pelo destaque, foi convidada para a versão paulista do evento e depois para todos os lugares onde ele acontece. “Em 2011, diante de tantas viagens, eu pensei em como criar um projeto que fosse possível expor em vários lugares”, explica ao contar a origem de sua Casa do Futuro, nome dado à ideia.
Foi esse projeto que a fez a mais recente ganhadora do A'Design Award and Competition, na categoria Design de Arquitetura, Construção e Estrutura, na Semana de Design de Milão, na Itália. Assim como o projeto dinamarquês, a casa de Betina foi pensada nas dimensões de contêineres para garantir sua principal característica: mobilidade, já que ela pode ser levada para qualquer lugar.
Como a casa tem apenas 32 m2, os ambientes possuem cômodos multifuncionais. A cama, por exemplo, é encoberta por um painel e se torna uma pista de dança. Ou, para trabalhar, um pequeno escritório, onde uma bancada ‘surge’ para receber o notebook. Na hora de dormir, é só levantar o painel e dar lugar à cama novamente. “Hoje o perfil das famílias é diferente. As mulheres têm menos filhos, tornando as famílias menores. Além disso, o mundo está mais inseguro. Por isso, opções de lazer e trabalho dentro de casa estão cada vez mais comuns”, explica Betina que aproveitou da melhor maneira a automação. Ao apertar um botão, móveis e iluminação se modificam.
A inteligência da casa não para por aí. Por um dispositivo móvel – smartphone, computador ou tablet – o morador pode mandar ordens para o imóvel, como regular a iluminação ou abrir e fechar persianas. Além disso, o projeto reaproveita a água da chuva, distribui o ar por todos os cômodos e conta com lâmpadas de LED e eletrodomésticos de baixo consumo energético.
Versátil, a ideia pode ser adotada para outros fins além da moradia. Betina acredita que sua criação atende à demanda de grandes eventos, como a Copa do Mundo, que acontecerá daqui a um ano no país. “Já desenvolvi 24 produtos desse tipo para a hotelaria. Para o Brasil, que não conseguiu se preparar para receber eventos de grande porte, esta é uma solução interessante. O custo de deslocamento é mais baixo do que construir e a instalação é feita em 120 dias”.
Assista ao vídeo do projeto.
House Of The Future I Milan Design Week 2013 from bga betina gomes arquitetura on Vimeo.
