O Brasil definitivamente entrou para o mapa do design internacional de alto luxo. É crescente o interesse de arquitetos estrangeiros do chamado hiper-luxo pelo país
Nessa semana, foi o italiano Simone Micheli, notório por seus projetos com uso de até 90% de material ecológico - desembarcar no Brasil para realizar uma palestra na Casa Cor Stars. Na semana passada, foi Rene Gonzalez, cubano naturalizado americano e conhecido por projetos como a casa Indian Creek Island, na Flórida, avaliada em US$ 60 milhões, que esteve em São Paulo para dar uma palestra.
Micheli e Gonzalez realizam projetos em diversas partes do mundo há mais de uma década, mas viram crescer o interesse dos brasileiros por seus trabalhos nos últimos anos em ritmo proporcional ao aquecimento da economia do Brasil. Segundo pesquisa da consultoria GFK, o mercado de luxo no Brasil deve crescer 33% em 2011, chegando a R$ 20 bilhões de faturamento. Micheli, por exemplo, está projetando em Salvador, na Bahia, um resort de luxo. Já René tem entre os brasileiros fiéis clientes para seus projetos milionários nos Estados Unidos, principalmente Miami e estuda uma parceria com uma empresa brasileira para desenvolver uma linha de produtos.
“O Brasil é um mercado promissor e tem muita receptividade ao tipo de trabalho que desenvolvo”, diz Micheli, que afirma encontrar nos brasileiros maior facilidade para aceitar elementos de outras culturas na arquitetura. Gonzalez, por sua vez, também vê vantagens em trabalhar com os brasileiros. “São tão amáveis e simpáticos que é comum eu me tornar amigo dos meus clientes do Brasil”, diz.
E quem imagina que o mercado local esteja intimidado pela concorrência internacional, está enganado. Durante a Casa Cor Stars, arquitetos como Patricia Anastassiadis, Esther Giobbi, Jóia Bergamo, Deborah Roig e Sueli Adorni,entre outros, se reuniram com Micheli em animado almoço no Badebec Sheraton, após a palestra do italiano, na última quarta-feira.
“Com o desaquecimento das economias da Europa e Estados Unidos os arquitetos desses países começaram a se voltar mais para o Brasil, que se tornou um mercado muito mais atraente”, diz Patricia Anastassiadis, que afirma haver um crescente número de arquitetos estrangeiros buscando se associar a escritórios e profissionais brasileiros. “E isso é muito bacana, porque se antes apenas os brasileiros buscavam saber o que acontecia lá fora, agora há um caminho inverso, com grande interesse deles em nos ouvir”, afirma a arquiteta que ressalta ainda que com os arquitetos estrangeiros chegam novas técnicas e tecnologias ainda pouco aplicadas no Brasil, mas já em uso em outros países.
O conhecimento dos mercados mais maduros trazido para o Brasil ainda se espalha por toda a cadeia produtiva e não se limita aos arquitetos “Num mundo globalizado, estes intercâmbios de profissionais geram muitas informações, oferecem um conteúdo fantástico que além de aperfeiçoar e aumentar a expertise de cada profissional, trazem benefícios para o mercado”, diz Vânia Ceccotto, superintendente do D&D shopping e uma das responsáveis por trazer Micheli ao Brasil.
Ainda no segmento de arquitetura de luxo, mas comercial, outro nome de destaque que esteve recentemente no Brasil foi Denis Montel. O arquiteto que tem entre seus projetos a loja da Hermès, no shopping Cidade Jardim, em São Paulo, realizou uma palestra no Atualuxo, em São Paulo e deu uma entrevista ao Anuário CARAS Decoração.
E no início de agosto, outros nomes de peso do design internacional chegam a São Paulo. Dror Benshetrit, Chad Oppenheim, Matali Crasset e FRIENDS WITH YOU (Samuel Borkson e Arturo Sandoval) entre outros participam do BOOMSPDESIGN – Fórum Internacional de Arquitetura, Design e Arte, que acontece entre os dias 31 de agosto e 1º de setembro na Belas Artes e dia 2 de setembro no D&D Shopping.