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Regina Duarte comemora 50 anos de sucesso e revive eterna Porcina no Castelo de CARAS

Humor e coragem de Regina Duarte para avaliar 50 anos de carreira no Castelo de CARAS

Redação Publicado em 14/11/2012, às 04h47 - Atualizado em 19/03/2020, às 13h22

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Na piscina, a atriz brinca de reviver um dos seus mais marcantes personagens, a viúva Porcina, de Roque Santeiro. É com o mesmo espírito que ela faz um balanço da vitoriosa trajetória. - Selmy Yassuda / Artemisia Foto e Comunicação
Na piscina, a atriz brinca de reviver um dos seus mais marcantes personagens, a viúva Porcina, de Roque Santeiro. É com o mesmo espírito que ela faz um balanço da vitoriosa trajetória. - Selmy Yassuda / Artemisia Foto e Comunicação

A história de amor de Regina Duarte (65) com CARAS é um capítulo à parte nas páginas da revista, que está comemorando 19 anos. Este ano, a atriz celebra 50 anos de carreira e não esconde o orgulho com sua riquíssima trajetória, como revelou em depoimento marcado pelo bom humor e pela coragem no Castelo de CARAS, em New York. Rever esses momentos — e até mesmo assumir algumas culpas, em relação à criação dos filhos, por exemplo — já seria suficiente para emocionar milhares de fãs. Mas Regina vai muito além. A atriz, além de brincar durante a sessão de fotos, na qual revisita um dos seus personagems mais marcantes, a viúva Porcina, de Roque Santeiro (1985), esbanja vitalidade ao enumerar seus projetos. Em cartaz em São Paulo até 16 de dezembro com a peça Raimunda, Raimunda, ela recebe com alegria outras homenagens. A exposição Espelho da Arte – A Atriz e Seu Tempo, após temporada carioca, abre dia 22 na capital paulista. Em março, será lançada a biografia Regina Duarte 50 anos de Carreira, além do filme Gata Velha Ainda Mia, de Rafael Primot, no qual faz uma escritora decadente. A estrela, que já foi capa de CARAS nove vezes, fala ainda sobre a família: os três filhos, André (41), Gabriela (38), do casamento com o engenheiro Marcos Franco, e João (30), com o publicitário Daniel Gómez, os três netos, Manuela (6), Théo (2) e Frederico (11 meses), além do marido, o pecuarista Eduardo Lippincott (61), com quem se relaciona há 12 anos.

– Como define seu momento?

– Estou ótima, feliz. 

– No ano de 1971, você ganhou o título de ‘namoradinha do Brasil’, pelo seu talento e por sua beleza. Considera-se uma mulher ainda bonita?

– Me olho no espelho e não me enxergo. (risos) A idade traz essa coisa boa, cada vez você fica mais míope. (risos) Não sou nem louca de me olhar no espelho de óculos. Não sei bem que aparência tenho e nem me interessa. Sei que existe photoshop que evita a gente sair horrorosa... E vamos levando!

– Mas de onde vem tanta energia, além dessa pele viçosa?

– Já me aconteceu de ter fases de muita letargia, em que tudo me cansava. Observava, estava parada, não caminhava. Mas isso não combina com nossa máquina física e mental. Já mudei de manequim algumas vezes, fui até o 44. Agora oscilo entre o 38, 40. O corpo estar sempre em movimento é importante. Ao mesmo tempo, também acho que hoje a mulher pode optar por tratamentos que prolonguem o viço da pele, descobertas de novos hormônios, da cosmética avançada. Não sou contra, é uma opção que cada uma faz. O hormônio é só para a gente continuar animada com a vida!

– Acha que seu jeito low profile ajuda a manter a vitalidade?

– Você pode escolher como se posicionar conforme as coisas acontecem. Lembro que comecei a fazer terapia porque a vida estava complicada.Uma das coisas que fazia era reclamar, reclamar... E fui questionada por que tinha um cemitério nas minhas costas. Carregava culpas, olhava para trás e via coisas que não gostaria que tivessem acontecido comigo.

– Por exemplo?

– Criar filhos. Muitas vezes, tive que optar por deixá-los aos cuidados da babá quando gostaria de ter ficado com eles. Tenho culpa de ter sido negligente e permissiva demais. Quando estava com eles era tão bom, não queria me aborrecer com censura, regras... Eu brincava. Ficava meio de amiguinha. E ser mãe é mais do que isso.

– E como avó?

– Não! Sou preocupadíssima para que se alimentem bem, se agasalhem... Respeito as normas dos pais, porém, é claro que também curtimos muito juntos. Tenho um teatro em casa. Na sala de ginástica tem cortina, som, luz, cadeiras... Encenamos normalmente nas férias ou quando as bonecas fazem aniversário. Inventamos a história e fazemos os figurinos. Tudo muito lúdico. A Manu brinca de teatrinho como todas as crianças. Não fico com um olhar crítico para ela. 

– Você declarou que teve ‘falhas’ no âmbito pessoal. E profissionalmente foi diferente?

– Tem muitas coisas nos bastidores da minha vida que não foram bem-sucedidas. Projetos que quis fazer e não consegui. Tem uma minissérie O Lírio e a Quimera, de Romaric Büel, para a qual ele fez uma pesquisa profunda sobre o Brasil cafeicultor da época do Império. O título escolhido pela própria TV Globo seria A Imperatriz do Café. É uma história apaixonante que infelizmente não consegui realizar na emissora. Foi considerada uma obra cara. A proposta era que Gabi fizesse a personagem na juventude. E eu, da meia-idade para frente.

– É impressão ou tem uma afinidade maior com a Gabriela?

– O fato de a gente ter a mesma profissão sempre nos uniu mais do que em relação aos meninos. No sentido de programas. Mas isso não quer dizer que não tenha ido esquiar com o André e o João. Sempre procurei estar com eles em grande parte dos momentos.

– Quer dizer que leva vida normal mesmo com a fama?

– Sempre! Sei que o trabalho, o sucesso, às vezes tem uma tendência de ‘encastelar’ as pessoas, afastá-las de sua realidade. É meu lema lutar contra a isso. Como poderia retratar o ser humano se me afastasse dele? Se não fosse à feira? Ao mercado? Ao banco?

– Então o sucesso nunca mexeu com você?

– Não vou dizer que nunca. Na verdade, a gente quer aprovação. O contrário não é fácil. Lidamos com o jogo de sedução. Ao mesmo tempo, creio que o mais gostoso não é se apaixonarem por mim, mas, sim, pelo que faço. 

– Hoje pode se dar ao luxo de negar papel?

– Fiz isso algumas vezes. Mas, em geral, sempre considerei que todas experiências são enriquecedoras. Mesmo as malsucedidas. Não existe ‘errado’ em arte. Muitas vezes deixei de optar por certos trabalhos, mas isso ocorreu normalmente por causa da convivência com algumas pessoas que não me interessavam. Estava com a cabeça querendo comunicar outro tipo de assunto. As coisas só acontecem de forma prazerosa se você fala daquilo que considera mais importante na vida naquele momento. Todos os trabalhos que fiz, mesmo que no início não tivesse empolgada pela proposta, sempre acabei entrando em um processo de me apaixonar por eles. (risos) 

– No Brasil, as vilãs fazem um enorme sucesso. E você fez poucas. Gosta mais das mocinhas?

– Algumas vilãs que fiz, como a Clô Hayalla e a própria Porcina, que tinha um tom caricato, encantaram as pessoas, apesar de terem feito inúmeras atrocidades... 

– Em algum momento se incomodou com o ‘rótulo’ de namoradinha do Brasil?

– Isso é uma delícia! Quem não gosta de carinho e afeto? Porém, isso está na cabeça das pessoas e não na minha. Não tenho noção dessa grandiosidade.

– Diante de tantas histórias que já viveu, de dramas a comédias, qual o gênero definiria melhor a sua vida?

– Uma miscelânea de todos eles! (risos)

Veja o making of do ensaio na TV CARAS: