As reflexões da diva Christiane Torloni no Castelo de Caras
Com 37 anos de uma carreira de sucesso na TV e nos palcos, personagens marcantes e integrando o hall das grandes estrelas da dramaturgia brasileira, Christiane Torloni (55) caminha com maestria e prudência entre dois mundos bem distintos, o da ficção e o da realidade. Seja na profissão ou na vida pessoal. “Adoro fantasiar, mas confesso que prefiro realizar os sonhos e não só ficar pensando neles. Afinal, para que eles são feitos? Para serem concretizados”, define a atriz, no Castelo de CARAS, em Tarrytown, New York. “Hoje, considero-me uma profissional realizada, pois tudo o que propus para mim ao longo dos anos aconteceu e ajudou a me tornar quem eu sou. Os sonhos me moldaram e o instrumento para isso foi meu corpo”, acrescenta ela, de férias da TV após brilhar como a vilã de Fina Estampa, Tereza Cristina, e dedicada ao espetáculo de dança Teu Corpo É Meu Texto, dirigido pelo amigo José Possi Neto (65), que a dirigiu ainda na triunfal temporada de A Loba de Ray-Ban, entre 2009 e 2010.
Com ascendências italiana e espanhola, a artista mostra personalidade forte e não recorre a eufemismos para definir uma de suas características: a ansiedade. “Com minhas origens, não tenho como ser uma pessoa calma!”, brinca. A paulistana, entretanto, afirma que as experiências de vida a fizeram ter mais controle sobre os impulsos e, hoje, conduz seus passos com mais tranquilidade. “Aprendi que, para que as coisas aconteçam na vida, é preciso respeitar o ritmo delas, é preciso estar atenta à regência das coisas. Procuro fazer isso”, explica ela, que segue solteira. “Meu coração está batendo no ritmo de vida que estou. Tranquilo e feliz...”, compara ela, mãe de Leonardo Carvalho (33), com Dennis Carvalho (66).
– Em que sentido faz do corpo um intrumento para realizar os seus sonhos?
– O corpo é o meio do ator se expressar e de a gente materializar as coisas. Não é como um pintor, que usa tintas e pincéis. O instrumento é você. É preciso manter o corpo saudável, ele é sagrado. Eu me esforço para cuidar dele.
– E como faz isso?
– O importante é você não ‘detonar’ o corpo, ganhar ou perder muito peso. Eu não engordaria 20 quilos para um trabalho. Não há metabolismo que aguente. Por isso, tento ter uma variação de peso de, no máximo, 3 quilos.
– O universo espiritual também é um meio para suas conquistas?
– Sempre tive um lado espiritual forte e ele me ajuda em tudo, na vida e na carreira. Fui criada dentro do catolicismo e, apesar das práticas da religião me emocionarem, a palavra budista é algo com que me identifico cada vez mais.
– E os seus projetos para 2013?
– Farei mais sessões do espetáculo pelo País e, em julho, vamos apresentar em Paris, que não é um lugar com as portas abertas para a dança, não é todo mundo que entra lá. Por isso, é motivo de muito orgulho poder levar esse trabalho para fora do Brasil. Vou ainda me dedicar à produção do documentário Amazônia – da Cidadania à Florestania: Um Despertar e também lançar a minha biografia.
– Abriu espaço para o amor?
– Estou aberta para o amor verdadeiro. Na vida, cometemos alguns erros, como inventar coisas que não são verdadeiras, seja no amor, na profissão... Depois dos 50 anos, não dá para perder tempo com o que não é verdadeiro, bebê! É a maturidade que chegou.
– São 37 anos de carreira. Imaginava chegar onde chegou?
– Sou estudiosa e uma coisa puxa a outra. É preciso estar pronta para tudo o que vai acontecer. Não é fácil, mas com preparação podemos dizer sim aos desafios.
– Como define seu momento?
– Estou fechando ciclos e concluindo coisas que me propus a fazer. Consegui me organizar em relação aos meus planos.