No Castelo de Caras, mineira reafirma sua paixão pela arquitetura
Com quase 30 anos de carreira, a arquiteta e designer de interiores Jóia Bergamo (53) não sabe dizer exatamente quantos projetos já assinou, tampouco elege um predileto, porém recorda, cheia de saudosismo, os primeiros passos no ofício que tanto ama. “Minha família se mudou da Itália para o Brasil, uma parte ficou em São Paulo e a outra, que incluía os meus avós, foi para Minas. Eles criaram uma marcenaria enorme e, quando eu era criança, nos fins de semana minha diversão era juntar peças, levar tudo para um outro canto e arrumar do meu jeito. Eu brincava de decoradora e às segundas-feiras eles ficavam loucos para encontrar as coisas”, conta, rindo.
Talentosa e carismática, Jóia figura entre os grandes nomes do mercado e conta com clientela extensa no Brasil e nos EUA. Mãe de Jean Carlos (36), Priscilla (35) e Cibelle (30), ela comanda escritórios em São Paulo e em Miami, emenda um projeto atrás do outro e só lembra o que é férias nos dias entre o Natal e o Réveillon. A estada com a filha do meio no Castelo de CARAS, em Tarrytown, foi providencial para recarregar as baterias, mas nem a tranquilidade do Hudson Valley desacelerou Jóia, que preencheu com rapidez o seu bloquinho de anotações.
– Qual é a sua impressão sobre o Castelo?
– É um lugar de sonhos! As proporções, a decoração, o romantismo... Tudo é perfeito. Vou guardar ótimas lembranças desta viagem, principalmente dos amigos que fiz aqui. Já admirava a Regina Duarte, mas quando a vi passar vestida de viúva Porcina para uma sessão de fotos, enlouqueci. (risos)
–Você observava com esmero cada ambiente...
– Sou muito observadora, presto atenção aos detalhes, gosto de saber a origem de tudo. Quando viajo, não desligo. Busco inspiração, referências, tiro fotos, faço anotações... Claro, aqui nada está à venda, mas se estou passeando por uma cidade e vejo alguma coisa que tenha a cara do cliente, compro e levo para o Brasil.
– Gosta de New York?
– Para mim, New York funciona como uma ‘reciclagem total’. Sempre aprendo alguma coisa nova, visito hotéis, restaurantes, galerias.
– Nunca viaja de férias?
– Só consigo descansar no fim do ano, quando sei que fornecedores, lojas, funcionários também estão de folga. Gosto de natureza e tenho loucura por praia. Tiro uns dias para viajar, curtir a família, visitar um lugar novo. Ano passado fui para Punta Cana, na República Dominicana. Este ano vou para Los Cabos, no México. Quando me perguntam do que sinto falta, digo que queria ter mais tempo para mim para fazer ginástica, correr no Ibirapuera e tomar sol.
– Com um escritório em Miami seu tempo deve estar ainda mais escasso...
–Tive sociedade com duas pessoas por 15 anos, mas desde 2000 sigo carreira solo. A oportunidade de abrir em Miami era algo incrível, mas não dá para estar em dois lugares ao mesmo tempo. Sempre fiz questão de atender pessoalmente meus clientes, reservo bom tempo para a primeira entrevista, gosto de acompanhar todo o processo de perto. Os negócios estão excelentes, consultores americanos fizeram uma pesquisa com compradores brasileiros e, acredite, estamos até mudando alguns hábitos deles, como apartamentos com dependência de empregados, coisa que eles não tinham antes. Os brasileiros estão dominando o mundo! (risos)
– Você sempre foi uma mulher empreendedora?
– A minha vida nunca foi linear. Tive altos e baixos na vida pessoal e também profissional. Os desafios enfrentados me fizeram uma pessoa forte e ao mesmo tempo sensível. Meus filhos me chamam de ‘rocha’. Tenho uma fé inabalável e vou à missa todos os domingos na Igreja São José, em SP. Não me abalo fácil, não fujo, prefiro enfrentar as adversidades de frente. Sou uma pessoa feliz, de família italiana enorme e os meus filhos são meu tudo. Tenho saúde, energia e muito amor pelo meu trabalho. Faço tantas coisas que às vezes acho que tenho 20 anos... (risos)
– Como se divide entre o trabalho e a família?
– Quando fiz a opção de me dedicar à carreira, reuni meus três filhos e falei dos meus planos. Pedi a compreensão de cada um e eles me apoiaram. Meus filhos são grandes companheiros. Nossa relação é de muito amor, respeito e compreensão. Sou do tipo mãezona.
– O arquiteto é também um pouco psicólogo?
– Sim, tem de saber ouvir, entender e interpretar. Peço para os clientes me trazerem umas cinco páginas de revista, encartes ou fotos do que eles mais gostam ou detestam. Às vezes, a gente acaba descobrindo o estilo de cada um justamente pelas coisas que não gostam. A casa, apartamento ou empreendimento comercial não está sendo feito para mim. É meu dever escutar, entender. Brinco que sou meio fada madrinha para transformar sonhos em realidade.
– Tem um estilo predileto?
– Eu transito por todos estilos, do clássico ao étnico, do contemporâneo ao romântico, mas o meu forte é o contemporâneo. Sou adepta de linhas retas, do minimalismo. Para mim, menos é sempre mais. Independentemente do estilo, aconchego é algo essencial.