No Castelo de CARAS, a atriz fala sobre as suas novas descobertas aos 71 anos e revela que tem como maior medo depender das pessoas na "velhice extrema"
Com mais de 40 anos de brilhante trajetória profissional e integrando o rol das grandes atrizes do País, Arlete Salles (71) sempre adotou como filosofia de vida o “nunca é tarde para recomeçar”. O ano de 2013 prova que a estrela estava certa. Após perder a mãe, Severina, aos 93 anos, em maio, ela se viu obrigada a mergulhar em um novo ciclo marcado pelas transformações. “Com a partida da minha mãe, o papel de filha também se foi e, no lugar, ficou alguém que eu não conhecia. Estou me redescobrindo, aprendendo a viver sem a pessoa mais importante da minha vida e isso me faz me portar diferente no dia a dia”, diz a pernambucana, no Castelo de CARAS, em New York. Antes das mudanças, ela teve que se adaptar. “Tinha muitos medos, mas percebi que eu era mais forte do que imaginava. Aos poucos, estou superando.”
Cheia de vitalidade, Arlete aprendeu com o tempo a ter cautela necessária para conduzir não só os percalços da vida, mas também os caminhos do coração. “Antes, se eu saísse e não tivesse as intenções correspondidas, ficava frustrada. Hoje, se isso acontecer, não me abalo. Há muitas maneiras de aproveitar a vida, mas claro que namorando é melhor!”, dispara ela, que evita falar de relacionamento. “Tenho meu namoro”, resume.
– Sua vida mudou com a perda da mãe. Mas em que sentido?
– Perder a mãe é muito doloroso, mas ganhei liberdades que antes não tinha. Sempre morei com ela e, por respeito, nunca levei namorado em casa. Pouco antes dela partir, me vi em uma situação inusitada: a pessoa com quem me relaciono precisou falar comigo urgente e teve que pular o muro para entrar. Me senti uma Julieta. (risos)
– Seu espírito é jovem...
– Vivo cada minuto com entusiasmo, não tenho preguiça da vida! Se me virem por aí com um namorado mais jovem, por exemplo, não pensem que estou indo atrás de um tempo perdido! Sou assim, é o meu temperamento. Busco coisas novas, sou inquieta. Meu medo é chegar à velhice extrema e depender das pessoas.
– Quais são suas descobertas?
– Perdi medos infantis, como o de ficar sozinha. Pela primeira vez me vejo fazendo tudo sozinha, é tudo novo, por isso, se aparecer alguma travessura da Arlete por aí não é para assustar! (risos)
– O trabalho ajuda a superar?
– Na época, estava em cartaz com A Partilha. Cremei minha mãe de manhã e à noite fui para o teatro, não por heroísmo, mas por precisar da energia e da vida que ele me traz. Para ajudar, veio o convite para ir à Las Vegas filmar Até Que a Sorte nos Separe 2.
– Como avalia a carreira?
– Amo meu trabalho! Carreira e família são minhas bases. Hoje, sou seletiva com os trabalhos, pois o público espera meu melhor.
– Tem um grande sonho?
– Queria rejuvenescer uns 30 anos, mas com a consciência que tenho hoje. Como é algo impossível, vamos em frente!