Ator supera medo e volta a voar de helicóptero 13 anos após acidente
Um choro guardado no peito há quase treze anos. No dia 14 de setembro de 1998, um helicóptero que transportava a equipe do Globo Ecologia caiu no Monte Roraima. O ator Danton Mello (36), que na época apresentava o programa, sobreviveu, mas passou a carregar marcas da tragédia que custou a vida do operador de áudio Ricardo Cardoso (1964-1998). Desde então, Danton nunca mais conseguiu voar em um veículo do gênero. Mas, durante a temporada CARAS/Neve, ele decidiu enfrentar o medo e as recordações do terrível acidente. E fez um passeio de helicóptero por Ushuaia, conhecida como a Cidade do Fim do Mundo, no extremo sul da Argentina. Ao desembarcar, visivelmente emocionado, o ator, que é pai de Luisa (10) e Alice (7), da união com a escritora Laura Malin (36), desabafou: “Uau! Passou! Foi incrível! Estou vivo nesse lugar lindo”. A tranquilidade e a alegria realçam o momento especial de sua trajetória. Solteiro, afirma que a prioridade é a criação das meninas. Profissionalmente, após encerrar temporadas de sucesso da peça 39 Degraus no Rio e em SP, começa a ensaiar a comédia Como se Tornar uma Super Mãe em Dez Sessões, do mesmo diretor, Alexandre Reinecke (42). “A parceria deu certo; é a terceira peça que fazemos. É uma brincadeira em cima da mãe judia”, disse Danton.
– Por que decidiu voar aqui?
– Já tinha tido várias oportunidades. Houve vezes em que fui até o helicóptero, mas não consegui. Imagina, treze anos depois do acidente, quantos convites já tive. Só fiz esse voo porque Ushuaia é mágico. Se fosse outro lugar, não teria feito. Pensei: ‘vou perder o medo no fim do mundo’.
– Não estava nos seus planos?
– De jeito nenhum. Mas quando vi os helicópteros e alguém falou que eram da CARAS, bateu uma vontade enorme. Caí em um lugar inóspito, que me trouxe uma lembrança de Roraima. Pedi para voar e todos da equipe ficaram preocupados: ‘mas você tem certeza, você está bem?’ Estava. Falei: ‘agora ninguém me segura’.
– O que pensou lá em cima?
– Assim que sentei, conversei com o piloto, Osvaldo. Contei minha história, que alguém da revista já havia explicado. Ele foi querido, perguntava se eu queria continuar. Confesso que não vi muito o ambiente em si, mas pensei em várias coisas. Um filminho daquele dia passou pela minha cabeça, me lembrei de tudo. Foi emocionante reviver o acidente, minha trajetória, saber que estou bem, que tenho duas filhas. Enfim, tudo o que passei desde aquele dia e o que poderia não ter vivido se tivesse ficado lá em cima, se tivesse morrido.
– Perdeu o medo?
– O receio que tinha não era de voar. Adoro viajar de avião comercial. Meu medo era, na verdade, relembrar o acidente, descobrir qual seria minha reação. Quando levantamos voo, comecei a chorar. E chorei o tempo inteiro lágrimas que estavam guardadas há 13 anos. Extravasei. Foi uma mistura de emoções.
– O que lembra do acidente?
– Estávamos indo gravar o programa em seis pessoas: o piloto, o diretor, o operador de áudio, o repórter, o cinegrafista e eu. Infelizmente, perdemos o operador de áudio. Ele aguentou por horas, mas o resgate não chegou a tempo, não resistiu. Caímos no Monte Roraima, que tem 2700m, e ficamos esperando. Eu me machuquei bastante, tive hemorragia interna. Fui operado em Boa Vista após o resgate. Foi o momento mais difícil da minha vida, mas fiquei vivo para os dias mais felizes, os nascimentos das minhas filhas.
– Como você e Laura partilham a guarda da Luisa e da Alice?
– É dividida, mas não temos uma coisa fixa. Fazemos o melhor para as meninas. Após treze anos juntos, acabamos amigavelmente em 2005. Moro sozinho no Rio e uma parte do mês com minhas filhas. Se preciso viajar, elas passam mais tempo com a mãe. Se Laura está cheia de trabalho, as meninas ficam mais comigo. A criação é conjunta, só que em casas separadas. E está dando certo. São queridas, educadas, espertas.
– Você está namorando?
– Não, nem estou querendo alguém. Digo que não sou solteiro, e sim que estou sozinho. Solteiro é quem procura e quem procura acha; e eu não estou procurando. Estou focado na criação da minhas filhas e na vida profissional.
– Mas acredita em amor?
– Sim, mas não à primeira vista. Já paixão, sim. Acho que o amor só vem com o tempo. Mas não estou aberto a nenhum dos dois.
– Quer ter mais filhos?
– Sinceramente, não sei. Hoje, digo que não quero. Mas sei que o tempo muda a gente.
Veja o vídeo da TV Caras: