Walcyr Carrasco prepara uma novela para emocionar a família. A trama substituirá 'Salve Jorge' e promete chamar a atenção do público ao abordar temas como homossexualidade, autismo e religião
Há 24 anos escrevendo novelas, Walcyr Carrasco (61) está mais do que credenciado para assumir a faixa das nove a partir de junho na Globo. Autor de sucessos como Xica da Silva (1996), Chocolate com Pimenta (2003) e Caras & Bocas (2009), ele prepara uma trama para emocionar a família brasileira, sem deixar de fora algumas questões sociais e polêmicas – entre elas o casamento gay, um debate sobre a bissexualidade, o autismo e filosofias religiosas.
“Meu tema principal é a família com seus conflitos internos e suas relações de amor. Tanto as famílias tradicionais como as novas”, conta Walcyr, em entrevista à CARAS Online. “Não sou um autor racional, escrevo de acordo com a minha intuição. Então, um dia acordei e a história estava na minha cabeça”, diz.
Ainda sem título definido, a novela - que a princípio se chamaria Em Nome do Pai, mas teve o nome descartado por já ter sido registrado por outra pessoa - vem com a missão de substituir Salve Jorge, de Glória Perez (64). A trama atual vem recebendo críticas e não conseguiu manter o fenômeno da antecessora, Avenida Brasil, de João Emanuel Carneiro (43). Mas Walcyr não foca na expectativa criada em cima do seu trabalho.
“Sempre acho que um autor não pode se deixar envolver por nenhum tipo de expectativa, senão pira. O que eu quero é contar a história que está dentro de mim, botando meus sentimentos, minhas emoções. Se ficar pensando no que vai dar certo ou não, com certeza dará errado”, justifica.
Apesar de a novela ser considerada sua estreia no horário nobre da Globo, Walcyr tem experiência na faixa das 9. Xica da Silva foi exibida às 22h pela Rede Manchete, o remake de Gabriela (2012) conseguiu bons índices de audiência às 23h e ele também assumiu a autoria da fase final de Esperança (2002), inicialmente escrita por Benedito Ruy Barbosa (81), que ficou doente e precisou se afastar do trabalho no meio da produção. “Acho que um autor deve escrever para todos os horários”, afirma Walcyr.
Fé
Salve Jorge foi ameaçada de boicote por grupos evangélicos, por conta do título que faria uma homenagem ao orixá Ogum, correspondente a São Jorge na umbanda e no candomblé. Sem medo de polêmica, Walcyr pretende abordar diversas religiões na sua trama, que terá uma mocinha evangélica e uma personagem judia.
A fé é reincidente na obra do autor, que já abordou o espiritismo em Alma Gêmea (2005) e Sete Pecados (2007). “Sou muito ligado em religião, na fé, e como a fé conduz as pessoas aos dramas éticos e existenciais”, comenta o autor, que é católico e há 30 anos segue a Ordem Rosacruz AMORC, uma organização de caráter místico-filosófico que tem por missão despertar o potencial interior do ser humano e auxiliar no desenvolvimento espiritual.
Walcyr ainda tem o costume de acender uma vela branca cada vez que vai a uma igreja. “Acendo principalmente para a Virgem Maria, a quem dedico sempre um sentimento de respeito e amor.”
Elenco
O tom cômico, presente em quase todas as obras do autor, também não ficará de fora. Isso ficou claro quando Walcyr anunciou a contratação de Tatá Werneck (29) para viver uma piriguete na trama, filha de uma ex-Chacrete vivida por Elizabeth Savalla (58). “Sem dúvida será engraçado”, aposta ele sobre o núcleo.
Além das atrizes, estão escalados ainda Susana Vieira (70), que será uma mãe megera; Mateus Solano (31), o vilão e bissexual da história; Paolla Oliveira (30), a mocinha; Marcelo Antony (48) e Thiago Fragoso (31), um casal gay e pais de uma menina fruto de uma inseminação artificial. Além deles, nomes como Antonio Fagundes (63), Danielle Winits (39), Bruna Linzmeyer (20), Cássia Kis Magro (55), Vera Holtz (59), Maitê Proença (55), Leandra Leal (30), Fernanda Machado (32), entre outros.