Jornalista, Gloria Maria morreu nesta quinta-feira, 2, após anos de luta contra um câncer
Gloria Maria emocionou os telespectadores ao falar sobre como enfrentava as dificuldades dos últimos anos, em entrevista ao programa Roda Viva. A jornalista, que morreu nesta quinta-feira, 2, após enfrentar um câncer, afirmou que se enxergava como uma fênix, "queimando e renascendo", no programa que foi ao ar em 2022.
Isis Vergílio questionou à comunicadora quem ela era após tantas dificuldades, como o tratamento contra o câncer e o fato de ter perdido a mãe na época. Gloria ressaltou ter encontrado forças em si que sempre soube que tinha, mas nunca teve a necessidade de usar. "Eu sou uma fênix, sim, porque nesses dois anos e meio, eu venho queimando e renascendo. Eu mesma não sei de onde está vindo o fogo para fazer essas cinzas renascerem", ressaltou.
O símbolo da fênix era importante para a jornalista, que afirmou ter até colocado em sua árvore de Natal, na decoração de 2021. "Achei uma amiga e falei: faz uma fênix aqui, porque não dá mais. Você sai de um negócio, aí a minha mãe morre... e vamos que vamos. Assim, eu acho que essa é a minha vida, essa é a minha história, mas que eu sou uma fênix, eu sou!".
A jornalista morreu no hospital Copa Star, no Rio de Janeiro, aos 73 anos. No ano de 2019, ela foi diagnosticada com um câncer no pulmão, que foi tratado com imunoterapia com sucesso. Ela sofreu metástase no cérebro, que também foi tratada com sucesso através de uma cirurgia.
"Em meados do ano passado, Gloria Maria começou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito nos últimos dias, e Gloria morreu esta manhã, no Hospital Copa Star, na Zona Sul do Rio", diz o comunicado, enviado pela Globo.
A jornalista foi a primeira repórter a entrar ao vivo e a cores no Jornal Nacional, da TV Globo, um dos telejornais considerados mais importantes no Brasil. Tudo aconteceu no ano de 1977, quando ela mostrou o movimento de saída de carros do Rio de Janeiro durante um final de semana. Em entrevista ao projeto Memória Globo, ela relembrou que precisou improvisar minutos antes de entrar no ar.
Ela afirmou que uma das lâmpadas queimou, e então, precisou usar a luz do carro usado pela emissora. "Quando a lâmpada queimou, faltava um minuto para a entrada ao vivo. O jeito foi acender a luz da Veraneio". Gloria e o repórter cinematográfico precisaram ficar de joelhos, com o farol no rosto para garantir uma boa iluminação.
Três décadas depois, ela voltaria a ser pioneira novamente. Em 2007, ela se tornou a primeira profissional a fazer uma transmissão em alta definição, ou HD, na televisão brasileira. A reportagem era transmitida pelo Fantástico, e falava sobre a festa do pequi, fruta de cor amarela adorada pelos índios Kamaiurás, no Alto Xingu.
Além disso, a jornalista mostrou na TV mais de 100 países e também cobriu momentos históricos. Ela cobriu a posse de Jimmy Carter em Washington e, no Brasil, durante o período da ditadura militar, entrevistou chefes de estado, como o ex-presidente João Baptista Figueiredo.
"Eu sou uma pessoa movida pela curiosidade e pelo susto. Se eu parar pra pensar racionalmente, não faço nada. Tenho que perder a racionalidade pra ir, deixar a curiosidade e o medo me levarem, que aí eu faço qualquer coisa."