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Atualidades / COMBATE AO PRECONCEITO

Jose de Abreu comenta decisão da Justiça de tornar Cassia Kis ré por homofobia: ‘Esperança’

Em entrevista à CARAS Brasil, o ator Jose de Abreu fala sobre a decisão dois anos após queixa-crime em que integra resultar na ação movida pelo Ministério Público

Thaíse Ramos
por Thaíse Ramos

Publicado em 26/10/2024, às 21h39

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Jose de Abreu integra queixa-crime que resultou em ação contra Cassia Kis - Reprodução/Instagram
Jose de Abreu integra queixa-crime que resultou em ação contra Cassia Kis - Reprodução/Instagram

Cerca de dois anos após uma série de comentários preconceituosos contra pessoas transexuais, durante uma entrevista a Leda Nagle (73), a atriz Cassia Kis (66) se tornou ré por homofobia. O Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) acatou um pedido feito pelo Ministério Público Federal (MPF) em 2022. A queixa-crime foi movida pelo coletivo Antra (Articulação Nacional dos Transgêneros) e pelo ator José de Abreu (78), pai de uma mulher trans de 23 anos. Em entrevista à CARAS Brasil, ele comenta a decisão: "Esperança".

Na entrevista, em outubro de 2022, Cassia -  que estava no ar como a vilã Cidália da novela Travessia, da TV Globo - disse à jornalista que relações homoafetivas estão “destruindo a família”. “Não existe mais o homem e a mulher, mas mulher com mulher e homem com homem. Essa ideologia de gênero que já está nas escolas. Eu recebo as imagens inacreditáveis de crianças de 6, 7 anos se beijando, onde há inclusive um espaço chamado ‘beijódromo’ ou algo assim”, afirmou ela, na ocasião. 

“O que está por trás disso? Destruir a família, sem dúvida nenhuma. E não só. Destruir a vida humana, na verdade, porque que eu saiba homem com homem não dá filho, mulher com mulher também não dá filho. Como a gente vai fazer?”, questionou Cassia.

José de Abreu relembra as falas da artista e pontua: “O Brasil é o País que mais mata pessoas trans. E uma pessoa famosa como ela – na época, fazendo uma novela das nove, com destaque – fazer um pronunciamento transfóbico e homofóbico, estimula esse tipo de agressão. No momento que eu vi a entrevista, imediatamente me deu medo, tenho medo da minha filha viver no Brasil. Por sorte do destino, ela foi estudar nos Estados Unidos. O tipo de escola que ela queria não tinha aqui, e ela foi para lá, se formou, arrumou emprego antes de terminar a faculdade e mora fora”.

“Eu me deixo mais tranquilo. Quando ela está aqui no Brasil, fico apreensivo; porque é difícil, né? São muitas agressões e assassinatos de trans aqui no Brasil. Então acho que foi uma atitude extremamente irresponsável da Cássia. O mais estranho ainda é quem vive num ambiente como a gente vive – de televisão, teatro, cinema –, onde LGBTQIA+ tem um percentual imenso de pessoas. A gente é cercado por gays, lésbicas, trans no nosso trabalho. E, por outro lado, ela demonstra uma ignorância muito grande nos novos estudos sobre sexualidade. Ela ainda continua com aquele pensamento binário do século 18, que homem usa azul e mulher usa rosa”, continua o veterano.

O ator ainda ressalta a visão de mundo de Cassia, o que ele estranha. “O que também é incompreensível numa atriz – que, teoricamente, teria lido durante sua vida pelo menos Shakespeare e Brecht, os grandes clássicos do teatro – é ter uma visão de mundo um pouco menos tacanha. Já não esperava muito, porque já faz dois anos que nós entramos com três processos diferentes, e um deles, agora, o Ministério Público aceitou, mandou para o juiz, já tem o juiz determinado e ela vira ré. É o que me dá uma boa esperança de diminuir a homofobia”, salienta. “Fico satisfeito, mas vamos ver o que a justiça vai decidir. Mas é inominável o que ela fez, não se pode fazer isso”, o artista.

TRÊS SUGESTÕES DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Segundo o colunista Gabriel Vaquer, da Folha de S. Paulo, documentos do JusBrasil informam que foram três sugestões de ação civil pública, todas feitas em 2022. O processo, que segue na 2ª Vara Federal do Rio de Janeiro, teria sido aceito no Ministério Público Federal (MPF). No entanto, alega não ter recebido a denúncia.

Contudo, apenas agora, uma delas foi aceita pela Justiça Federal. O juiz Mauro Luis Rocha Lopes foi sorteado para analisar o caso. De acordo com documentos oficiais, a ação pode fazer com que a atriz precise pagar uma multa de até R$ 1 milhão.

Além desse caso, Cassia Kis também foi processada em outra ação por homofobia, em uma ação movida pelo Grupo Arco-Íris, ONG que cuida dos direitos da população LGBTQIA+. Eles pedem uma indenização coletiva no valor de R$ 250 mil, que seriam destinados a programas de combate à LGBTfobia no meio cultural.

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